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Presidente Nicolás maduro foi um dos primeiros a comparecer às urnas neste domingo (30) | Mira Flores/Estadão Conteúdo
Presidente Nicolás maduro foi um dos primeiros a comparecer às urnas neste domingo (30)| Foto: Mira Flores/Estadão Conteúdo

Pelo menos três pessoas morreram na manhã deste domingo (30) durante protestos contra a eleição e a criação da Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela convocada pelo presidente Nicolás Maduro. Segundo informações de jornais locais e agências internacionais, as mortes aconteceram nas regiões de Sucre e Mérida, onde grupos de oposição ao governo realizavam manifestações contra Maduro. Em seu perfil no Twitter, o deputado e líder da Ação Democrática (AD), Henry Ramos, disse que uma das vítimas fazia parte da ala jovem do partido e que teria sido morto a tiros por forças de segurança.

Se essas mortes forem mesmo confirmadas, o número de vítimas fatais em confrontos assim subirá para 112. Desde o último mês de abril, quando os protestos contra o presidente se intensificaram em todo o país, mais de cinco mil pessoas foram presas e centenas ficaram feridas. Os atos são contra a realização de uma nova Constituinte que, segundo eles, daria ainda mais poderes para Maduro.

Além do trio, o jornal venezuelano El Universal informa ainda que um dos candidatos à Assembleia Constituinte foi assassinado em sua casa na noite do último sábado (29) na Cidade de Bolivar. Jose Felix Pineda Marcano era candidato pelo setor Conselho Comunal e Comunas do Estado de Bolívar e teria sido morto após dois homens invadirem sua residência e manter sua família refém. Eles roubaram vários bens da propriedade e, em seguida, separaram Pineda do restante do grupo. De acordo com testemunhas, foram ouvidos vários disparos e, mais tarde, encontraram o candidato morto.

Equipes do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC) e do Serviço de Inteligência Bolivariana (Sebin) foram até o local e os investigadores não descartam a possibilidade de o assassinato ter motivações políticas. Ninguém foi preso.

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Clima de tensão

Contudo, mesmo com a turbulência no país, as eleições marcadas para este domingo não foram afetadas e começaram às 6h no horário local. Ainda assim, o que se viu na manhã deste domingo foi um clima de tensão pelas ruas do país. A capital Caracas amanheceu silenciosa e com muitas ruas bloqueadas por barricadas e alta presença da Guarda Nacional Bolivariana.

Na TV, a rede estatal acalmava a população e dizia que a segurança no centros de votação estava garantida. “Não tenham medo de sair de casa e exercer seu direito básico e garantido pela nossa Constituição, o de escolher os representantes dessa Constituinte histórica”, disse o líder chavista Elias Jaua.

A oposição, por sua vez, convocou uma marcha para as 10h (11h de Brasília), com o slogan “Venezuela se rebela contra a fraude”, e pedindo que as pessoas compareçam vestidas de branco ou usando as cores da bandeira nacional. Líderes oposicionistas confirmaram por meio das redes sociais que estariam presentes.

Sem oposição

Cerca de 19,4 milhões de venezuelanos poderão ir às urnas para escolher os 545 deputados que vão participar da assembleia. Sob o som de fogos de artifício, dezenas de pessoas saíram antes do amanhecer para alguns postos de votação na capital para participar da eleição — entre eles, o próprio presidente Nicolás Maduro, que foi o primeiro a comparecer a um dos locais de votação acompanhado da primeira-dama e candidata à Constituinte, Cilia Flores.

E ela não é a única pessoa próxima a Maduro a se candidatar ao posto. Na verdade, todos os cerca de 5.500 candidatos ao posto pertencem à base aliada, como o vice-presidente do partido governista Diosdado Cabello e o ex-chanceler Delcy Rodríguez. Todos os partidos de oposição decidiram boicotar as eleições e não se inscreveram para a disputa — o que deixa caminho aberto para as mudanças na Constituição pretendidas pelo governo.

Durante sua ida às urnas, Maduro aproveitou para alfinetar tanto a oposição quanto o próprio governo dos Estados Unidos, que ameaçou realizar sanções econômicas à Venezuela caso os planos de criar uma Assembleia Nacional Constituinte avançassem. “Suportamos à campanha global, à violência terrorista e criminal. Esperamos que o mundo respeite a vontade de nosso país”, destacou. “Nenhum poder na Terra pode impedir o povo da Venezuela de exercer hoje o direito democrático de escolher”. Segundo ele, a votação deste domingo vai iniciar uma nova era para o país.

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