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Bjorn Lomborg não nega um aquecimento global como descrito pela ONU, mas crê que mitigação e adaptação são as abordagens corretas para lidar com isso.
Bjorn Lomborg não nega um aquecimento global como descrito pela ONU, mas crê que mitigação e adaptação são as abordagens corretas para lidar com isso.| Foto: Pixabay

Em seu livro False Alarm [Alarme Falso], o escritor Bjorn Lomborg não nega a possibilidade de um aquecimento global como descrito no relatório da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Lomborg expressa sua crença na estimativa da ONU de um aumento de temperatura de até 4 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais para o ano de 2100.

Ele argumenta, no entanto, que após mais de 80 anos de crescimento econômico, tal aumento não imporá custos particularmente pesados. Mitigação e adaptação são as abordagens corretas para lidar com as temperaturas em elevação, em vez de tentativas ultracaras de atacar o problema de frente. Independentemente de Lomborg estar correto ao levar o aquecimento global muito a sério, sua abordagem é sem dúvidas a ideal quando se tenta definir uma política para combatê-lo.

Lomborg, ex-diretor do Centro de Avaliação Ambiental do governo da Dinamarca, ficou conhecido por seu best-seller de 2001 The Skeptical Enviromentalist [O Ambientalista Cético], no qual mostrou pela primeira vez que muitas das ações dispendiosas que tomamos para combater as mudanças climáticas são na verdade uma má alocação de recursos.

Seu novo livro discute as perspectivas do aquecimento global e então se propõe a demonstrar que, mesmo que seja aceito da forma como é amplamente alardeado, esse aquecimento pode ser abordado de forma muito mais fácil do que virando nossa economia baseada em carbono de cabeça para baixo. A forma mais efetiva de fazer isso é mitigando os efeitos das altas temperaturas, o que se mostra muito mais barato do que tentar conter a subida dos termômetros por meio da redução dos níveis de CO2 na atmosfera.

Acordos globais como o assinado em Paris em 2015, mesmo se fossem totalmente implementados e estendidos até 2100, reduziriam as temperaturas neste ano futuro em apenas décimos de um grau Celsius, segundo Lomborg – e esse resultado ínfimo seria obtido a um custo enorme. Com os Estados Unidos se retirando do acordo de Paris e a China acionando usinas termoelétricas a carvão em um ritmo acelerado, a chance de uma redução global nas temperaturas por meio de tratados internacionais é ínfima.

Embora os gastos para “combater as mudanças climáticas” sejam politicamente populares entre a esquerda, eles são altamente prejudiciais do ponto de vista econômico, geralmente muito mais custosos do que a mudança climática em si. Uma promessa feita pelo governo da Nova Zelândia em 2007, citada por Lomborg, de que seria um país livre de carbono até 2050 teria um custo estimado de 16% do PIB daquele país por ano, todos os anos, até 2050.

Por outro lado, Lomborg cita também uma estimativa do professor William Nordhaus, o único ganhador do Prêmio Nobel em economia climática, de que o aumento em cerca de 4 graus na temperatura até 2100 reduziria o PIB global em 2,9%. Espera-se que em 2100 o mundo seja cerca de duas vezes mais rico do que agora, o que torna esse custo bastante gerenciável. Sem mencionar que os efeitos positivos do aquecimento global compensarão em parte os negativos; por exemplo, frio em excesso geralmente mata mais pessoas do que calor em excesso, e em um mundo em aquecimento a produção rural tende a crescer neste equilíbrio.

Lomborg dá muitos exemplos de como a mitigação pode reduzir os custos do aquecimento global. Por exemplo, os custos crescentes das inundações e dos incêndios podem estar menos relacionados às mudanças climáticas do que a um crescente “efeito alvo” no qual o crescimento populacional em áreas impróprias acaba favorecendo a destruição de bens causada por incêndios e inundações. A solução é aumentar os custos de seguro para construções em áreas sujeitas a inundações ou próximas a florestas sujeitas a incêndios, em vez de subsidiar o custo destes seguros como faz o estado da Flórida, por exemplo.

A ONU projeta que até 2100 o derretimento das calotas polares vai elevar o nível das águas em um metro. Esse aumento causará imensos danos se não fizermos nada para nos adaptar. Mas estes danos podem ser facilmente mitigados por meio de um controle crescente sobre as inundações. Assim também com outros efeitos nocivos da mudança climática, como a potencial extinção dos ursos polares, resultado do aumento do contato com seres humanos. Apesar do aumento das temperaturas, a população de ursos polares está na verdade aumentando, e a espécie agora foi transferida de categoria, de “ameaçada” para “sob risco” de extinção.

Lomborg também dá bons exemplos de como projetos para as “mudanças climáticas” geralmente não funcionam; um caso é a instalação de painéis de energia solar em um bairro pobre na Índia, que se mostrou ao mesmo tempo ineficiente e inútil para os habitantes daquele local.

Se você for comprar apenas um livro sobre mudanças climáticas – e eu não vejo motivo para você comprar dois – este deveria ser o livro. A análise cuidadosa e aberta às reivindicações dos defensores das mudanças climáticas leva à desconstrução de medidas especialmente devastadoras tomadas por quem defende o ataque à essas mudanças. Se nossa civilização moderadamente livre quer sobreviver, precisa vencer esse debate sobre o clima oferecendo soluções práticas no lugar de praticar discursos histéricos. O livro de Lomborg pode lhe dar a munição necessária para vencer esse debate.

Martin Hutchinson é co-autor de “Alchemists of Loss”, sobre a crise financeira de 2008, e autor do ainda inédito “Greatest First Minister”, uma biografia de Lord Liverpool.

©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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