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Pessquisadores buscam medicamento para combater o novo coronavírus.
Imagem em microscópio eletrônico do vírus SARS-CoV-2 (laranja), causador da covid-19.| Foto: Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (EUA)

A maioria de nós será infectada com um coronavírus pelo menos uma vez na vida. Isso pode ser um fato preocupante para muitas pessoas, especialmente aquelas que ouviram falar de apenas um coronavírus, o SARS-CoV-2, causador da COVID-19.

Mas o SARS-CoV-2 é apenas um dos coronavírus que circulam por aí. Os coronavírus são, na verdade, uma família de centenas de vírus. A maioria infecta animais como morcegos, galinhas, camelos e gatos. Ocasionalmente, os vírus que infectam uma espécie podem sofrer mutações de forma a permitir que eles comecem a infectar outra espécie. Isso é chamado de "transmissão entre espécies" ou "transbordamento".

O primeiro coronavírus foi descoberto em galinhas na década de 1930. Passaram algumas décadas até que os primeiros coronavírus humanos foram identificados na década de 1960. Até o momento, sete coronavírus têm a capacidade de causar doenças em humanos. Quatro são endêmicos (encontrados regularmente em determinadas populações ou em uma determinada região) e geralmente causam doenças leves, mas três podem causar doenças muito mais graves e até fatais.

Resfriado comum

Os coronavírus podem ser encontrados em todo o mundo e são responsáveis ​​por cerca de 10 a 15% dos resfriados comuns, principalmente durante o inverno. Os coronavírus que causam doença leve a moderada em humanos são denominados: 229E, OC43, NL63 e HKU1.

O 229E e OC43 foram os primeiros coronavírus descobertos capazes de infectar seres humanos. Ambos os vírus geralmente causam o resfriado comum e raramente causam doenças graves por conta própria. Eles são frequentemente detectados ao mesmo tempo que outras infecções respiratórias. Quando vários vírus, ou vírus e bactérias, são encontrados em pacientes, isso é chamado de coinfecção e pode resultar em doenças mais graves.

Em 2004, o NL63 foi detectado pela primeira vez em um bebê que sofria de bronquiolite (uma infecção das vias aéreas inferiores) na Holanda. Esse vírus provavelmente existe há centenas de anos, mas permaneceu "escondido" até então. Um ano depois, em Hong Kong, outro coronavírus foi encontrado - desta vez em um paciente idoso com pneumonia. Mais tarde foi nomeado HKU1 e foi encontrado em populações de todo o mundo.

Estirpes mais mortais

Mas nem todos os coronavírus causam doenças leves. A Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) causada por SARS-CoV foi detectada pela primeira vez em novembro de 2002, na China. A causa desse surto não foi confirmada até 2003, quando o genoma do vírus foi identificado pelo Laboratório Nacional de Microbiologia do Canadá. A Sars tem muitas semelhanças com a atual pandemia de COVID-19. As pessoas idosas eram muito mais propensas a ficar gravemente doentes e os sintomas incluíam febre, tosse, dores musculares e dor de garganta. Mas havia uma chance muito maior de morrer se você tivesse Sars. De 2002 até o último caso relatado em 2004, 774 pessoas morreram, em um universo de pouco mais de dois mil casos.

Uma década depois, em 2012, houve outro surto envolvendo um coronavírus recentemente identificado: o MERS-CoV. O primeiro caso de Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) ocorreu na Arábia Saudita. Houve mais dois surtos de Mers: na Coreia do Sul em 2015 e na Arábia Saudita, novamente, em 2018. Há um punhado de casos de Mers a cada ano, mas os surtos geralmente são bem contidos.

Então, por que Sars ou Mers não resultaram em pandemias? O R0 (R Zero, o número usado para indicar o grau de contágio da doença) da Sars e do SARS-CoV-2 é de cerca de dois ou três (embora algumas estimativas mais recentes do R0 para SARS-CoV-2 apontem para aproximadamente cinco), o que significa que toda pessoa infectada provavelmente infectará duas ou três outras pessoas. Os sintomas de Sars eram mais graves, por isso era muito mais fácil identificar e isolar pacientes.

O R0 de Mers está abaixo de um. Não é muito contagioso. A maioria dos casos está relacionada ao contato próximo com camelos infectados ou ao contato muito próximo com uma pessoa já infectada.

Um dos principais desafios para conter o surto de SARS-CoV-2 é que os sintomas podem ser muito leves - algumas pessoas podem até não apresentar nenhum sintoma - mas ainda podem infectar outras pessoas. O SARS-CoV-2 não é tão mortal quanto Sars ou Mers, mas como pode se espalhar sem ser detectado, o número de pessoas que ele infectará e o número de mortos será maior do que qualquer coronavírus que já encontramos.

Lindsay Broadbent é pesquisadora da Faculdade de Medicina, Odontologia e Ciências Biomédicas da Queen's University Belfast

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês
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