• Carregando...
Manifestantes protestam contra o cancelamento da exposição Queermuseu - Cartografia da Diferença na Arte Brasileira, em frente ao Centro Cultural Santander, no centro de Porto Alegre (RS) | CAU GUEBO/ESTADÃO CONTEÚDO
Manifestantes protestam contra o cancelamento da exposição Queermuseu - Cartografia da Diferença na Arte Brasileira, em frente ao Centro Cultural Santander, no centro de Porto Alegre (RS)| Foto: CAU GUEBO/ESTADÃO CONTEÚDO

A Escola de Artes Visuais (EAV), do Parque Lage, no Rio, lançou uma campanha de financiamento coletivo para montar a exposição "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira". Até o momento, arrecadou pouco mais de 10% de sua meta de R$ 690 mil.

No ano passado, a mostra, que tem obras de artistas brasileiros como Candido Portinari, Alberto Guignard, Lygia Clark e Adriana Varejão, foi cancelada no Santander Cultural, em Porto Alegre, e vetada pela prefeitura do Rio no Museu de Arte do Rio (MAR), após protestos de movimentos conservadores contra a presença de crianças diante de obras retratando bestialidade, pedofilia e pornografia. 

A meta da EAV é chegar ao montante total até o fim de março e inaugurar a exposição em maio. A campanha foi lançada no site Benfeitoria na quarta-feira, 31. Até as 14 horas desta sexta-feira (2), pouco mais de 350 pessoas haviam apoiado, num total de cerca de R$ 70 mil. A contribuição mínima é de R$ 20; a máxima, R$ 50 mil.

A ajuda dá direito a recompensas como visitas particulares à exposição antes da abertura oficial, catálogos e obras de arte assinadas pelos artistas Carla Chaim, Guto Lacaz, Marcos Chaves, Matheus Rocha Pitta, Nino Cais, Paulo Bruscky e Rosângela Rennó. 

Os R$ 690 mil serão utilizados para trazer as 263 obras, de 85 artistas, ao Rio, e para montá-las na área das Cavalariças do Parque Lage. 

O valor também será investido na produção de um ciclo de debates com temas como a censura às artes, que marcou o debate cultural em 2017 na esteira das críticas à Queermuseu — a exposição foi acusada de fazer "apologia à zoofilia e à pedofilia".

O texto de apresentação da vaquinha no site faz menção ao veto do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), à exposição. Ele agiu pessoalmente para tirar a mostra da pauta do MAR, museu municipal, em outubro do ano passado. Um mês antes, o Santander havia cancelado em Porto Alegre. A Queermuseu ficou um mês em cartaz na cidade. Crivella é tachado de "moralista" no site. "Essa campanha é sobre liberdade de escolha, expressão e opinião, direitos tão duramente conquistados e que nos foram cerceados. É sobre democracia", diz a apresentação.

"A exposição Queermuseu foi criada como uma plataforma de diálogo e debate sobre a diferença na arte brasileira. E foi justamente a intolerância com a diferença que levou ao fechamento da exposição e à autoritária interrupção desse diálogo. A censura se torna ainda mais grave quando parte do prefeito de uma das cidades mais diversas do mundo. E ainda por cima baseada em mentiras e suposições falsas. O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, afirmou que a população carioca não quer a exposição. Ninguém nos perguntou nada", continua outro trecho.

O diretor da EAV, Fabio Szwarcwald, lembra que a qualidade das obras já foi atestada. "São artistas importantes, que participaram de bienais de arte. A qualidade já foi referendada. A nossa grande motivação para trazer essa exposição é dar a oportunidade para toda a população do Rio de vê-la, já que isso foi cerceado. A mostra foi muito comentada, mas não foi vista", apontou.

Segundo ele, o fórum de debates vai tocar em assuntos como a diversidade sexual, a violência contra a população LGBT e a importância das manifestações culturais afrobrasileiras. "A EAV é de vanguarda, isto está no seu DNA. Realizamos aqui a primeira aula de modelo vivo trans, no ano passado. As artes têm de ter liberdade plena. A sociedade precisa mostrar que não aceita censura."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]