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Numa fala desastrosa sobre o Holocausto, Whoopi Goldberg acaba por expor o antissemitismo das teorias racialistas contemporâneas.
Numa fala desastrosa sobre o Holocausto, Whoopi Goldberg acaba por expor o antissemitismo das teorias racialistas contemporâneas.| Foto: EFE

Whoopi Goldberg, atriz ganhadora do Oscar e famosa por suas fanfarronices, passou vergonha nesta semana. O que não surpreendeu ninguém. Goldberg passa vergonha com alguma regularidade no programa “The View”. A boa notícia, para Goldberg, é que em geral ninguém nota. Tentar adivinhar qual apresentador fez o comentário mais tolo é um cálculo complicado e, por isso, Whoopi Goldberg em geral tende a desaparecer no cenário.

Na segunda-feira (31), contudo, Goldberg realmente se destacou. Discutindo a decisão obscura do conselho educacional do Tennessee, que tirou a premiada história em quadrinhos “Maus” da seção sobre o Holocausto destinada à leitura de alunos da oitava série, Goldberg se dispôs a explicar o Holocausto e surpreendeu a todos com sua ignorância e perversidade.

Joy Behar, em geral quem ostenta a Coroa da Idiotice, disse que os membros do conselho educacional do Tennessee “não gostam quando a história faz com que os brancos pareçam maus”. Aí Goldberg continuou: “Talvez. Isso é branco contra branco. Eles que se matem”.

Esse comentário, por si só, seria um insulto. Afinal, Whoopi Goldberg, ao se referir aos nazistas e judeus, diz que “isso é branco contra branco”. Mas esse foi só o começo. “Se é para falar alguma coisa”, disse Goldberg, “sejamos honestas, porque o Holocausto não tem a ver com raça. Não. Não tem a ver com raça”.

Behar corrigiu a colega, dizendo que “eles [os nazistas] consideravam os judeus uma raça diferente”. Mas Goldberg não aceitou a discordância. “Não tem a ver com raça. Não tem a ver com raça. (...) Tem a ver com a maldade dos homens. Tem a ver com isso”.

Neste instante, Ana Navarro tentou intervir e deter o trem descarrilhado. “Mas tem a ver com o supremacismo branco”, disse ela. “Tem a ver com a perseguição a judeus e ciganos”. Goldberg discordou. “São dois grupos de pessoas brancas. (...) Você não está entendendo. Assim que você transforma isso [o Holocausto] numa questão de raça, tudo perde o sentido. Vamos falar a verdade. É sobre como as pessoas se tratam. É um problema. Não importa se você é branco ou negro, porque negros, brancos, judeus e italianos, todos se canibalizam”.

A estupidez não pode ser ignorada aqui. É absolutamente certo que os nazistas perseguiam os judeus enquanto raça. Adolf Hitler não estava escondendo nada quando escreveu em “Minha Luta” que “será que a própria existência deles [judeus] não se baseia na grande mentira de que são uma comunidade religiosa, quando na verdade são uma raça?” Hitler se referiu repetidas vezes aos judeus como “raça de parasitas”, e os perseguiu com base na etnia, e não com base na religião.

Uma questão, pois, tem de ser feita: o que exatamente Whoopi Goldberg achava que estava fazendo? Respondo: ela acreditava estar defendendo a teoria interseccional de raça. Essa teoria diz que a sociedade é estruturada numa hierarquia de grupos opressores e oprimidos, que os grupos de pessoas desproporcionalmente bem-sucedidas são opressores e que os grupos de pessoas desproporcionalmente mal-sucedidas são oprimidos.

Os judeus são desproporcionalmente bem-sucedidos; desta forma, são brancos. A teoria interseccional propõe ainda que o racismo não seja definido pela crença de que uma raça é superior ou inferior a outra. Para esses teóricos, como os da Liga Antidifamação, o racismo é “a marginalização e/ou opressão de pessoas de cor com base numa hierarquia racial socialmente construída que privilegia os brancos”.

Esses dois conceitos significam que os judeus não podem ser considerados vítimas de antissemitismo. Afinal, eles são bem-sucedidos e são brancos. Por isso não podem ser considerados membros de uma minoria oprimida.

Por isso a esquerda reluta tanto em reconhecer o antissemitismo do Hamas. O deputado democrata Jamaal Bowman, por exemplo, condenou Israel por se defendem dos ataques do Hamas dizendo que “corpos negro e pardos estão sendo brutalizados e assassinados”.

Por isso a esquerda é cúmplice na mentira de que a única forma de antissemitismo é aquela manifestada por supremacistas brancos, ignorando atos de ódio contra judeus por parte de outras minorias. A teoria da conspiração da esquerda interseccional – a de que um grupo de opressores brancos (entre eles judeus e, agora, até asiáticos) controla a sociedade para dela se aproveitar – está intimamente ligada ao antissemitismo.

Os comentários de Whoopi Goldberg não são uma aberração. Elas são apenas a mais recente manifestação de uma teoria perniciosa e perversa – uma teoria da conspiração sobre grupos bem-sucedidos e sobre os sistemas nos quais eles prosperaram.

Nota do editor: a rede ABC News suspendeu Whoopi Goldberg por duas semanas.

Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor emérito do “Daily Wire”.

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês 
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