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Sinais indicam que negócio pode ser fria

Foi por muito pouco que um grupo de amigos de Curitiba não caiu no golpe dos aluguéis de imóveis falsos no litoral. Fernanda* ajudava os colegas a encontrar um local para passar o fim de ano quando depararam com o anúncio falso. O primeiro sinal que chamou a atenção do grupo foi o fato de que o imóvel se localizava no litoral de Santa Catarina, mas o telefone do anunciante tinha prefixo de Brasília. O preço também estava muito baixo em relação aos valores que eles haviam pesquisado.

Como estavam desconfiados, pediram o contrato de locação e fizeram a consulta do CPF dos dois responsáveis pelo aluguel – o cadastro da segunda pessoa não existia. "Achamos que realmente se tratava de um golpe porque joguei o nome dessa pessoa no Google e encontrei reportagens que falavam sobre um preso por estelionato em Brasília, que aplicava golpes de temporada em Búzios", diz. Depois do susto, eles optaram por fechar a negociação com uma imobiliária, que garantiu o imóvel e a tranquilidade das férias.

Moradia

Os anúncios falsos não se restringem às locações para temporada no litoral.  Amanda* conta que ela e o namorado procuravam há algum tempo um apartamento para mudar quando encontraram o anúncio online de um imóvel de 92 m², no bairro Bigorrilho, que os agradou e tinha aluguel de R$ 900 mensais.

A dúvida surgiu já nas conversas iniciais. Amanda* conta que a mulher com quem trocavam e-mails se dizia grega e afirmava que a locação seria intermediada por uma empresa de logística que administrava o apartamento para ela. "Pesquisei a empresa na internet, mas ela não tinha sede em Curitiba ou até mesmo no Brasil. Também procurei pela mulher no Facebook, mas não a localizei", conta.

Ao fazer uma busca pela foto do imóvel no Google, ela encontrou o anúncio do apartamento. A diferença é que o imóvel se localizava em Barcelona, na Espanha, e não em Curitiba. "Nas fotos não tinha a imagem da fachada do prédio e nem da vista, justamente para não desconfiarmos", lembra. A cautela na negociação e as pesquisas realizadas por Amanda* garantiram ao casal uma economia R$ 1,8 mil, já que a mulher pedia o pagamento de dois alugueis – um deles com taxa de fiança – antes da visita ao imóvel.

*Os nomes são fictícios para preservar a identidade das fontes.

A proximidade das festas de fim de ano e o início da temporada de verão aumentam a procura por imóveis na praia. O fechamento do negócio, entretanto, pede cuidados, pois muitos golpistas aproveitam a grande demanda nesta época do ano para faturar com locações falsas.

O modo de ação, em geral, é sempre o mesmo. Os golpistas roubam fotos e informações sobre os imóveis de sites de imobiliárias e os anunciam em portais como OLX e Bom Negócio, por exemplo, pedindo o depósito de um sinal para fechar o negócio. "Muitas vezes o criminoso vai até o local para fazer fotos e vídeos e chega, inclusive, a falsificar documentos", acrescenta o delegado Demetrius Gonzaga de Oliveira, da Delegacia de Crimes de Internet (Cibercrimes).

Na maioria das vezes, o locatário só vai se dar conta de que caiu no golpe quando chega ao local e percebe que a casa não existe ou, então, que não estava disponível para locação. "O melhor caminho para alugar é via imobiliária. Ela vai dar toda a infraestrutura e segurança legal para o locatário poder reclamar na Justiça, caso seja necessário", diz Fátima Galvão, vice-presidente de locação do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).

Cautela

Pesquisar bem e desconfiar de propostas que dispensem formalidades comuns a este tipo de negócio são algumas das orientações para fugir do golpe dos alugueis falsos. Segundo Fátima, valores muito abaixo dos praticados no mercado são outro indício de que a locação pode ser uma furada. "Também é recomendado que o interessado busque informações sobre o site no qual a pesquisa é feita, como reclamações junto ao Procon, e que converse com outras pessoas que já realizaram locações pelo portal", acrescenta.

Outra dica é colocar o endereço do imóvel na ferramenta Google Street View, do buscador Google, para verificar se confere e procurar o anúncio no site de buscas para ver se há outras pessoas divulgando o mesmo imóvel. Pedir comprovantes de posse da residência também ajuda a intimidar os golpistas. "Se a pessoa estiver de boa-fé não terá motivos para negar a apresentação dos documentos. Diante do risco, a clientela tem de assumir uma postura investigativa para checar com maior profundidade as informações", diz Oliveira.

Visitar o imóvel antes de fechar o negócio é mais uma forma de garantir o sucesso da locação, inclusive das realizadas diretamente com a imobiliária. Caso a pessoa não tenha esta disponibilidade, pode pedir ajuda a um parente ou amigo que more perto ou vá passar pela cidade onde o imóvel está localizado.

O delegado Oliveira lembra que todos esses cuidados são válidos para todas as negociações online, seja com pessoas físicas ou com imobiliárias que atuam apenas internet. Neste caso, vale checar se a empresa tem sede física e se é tradicional no mercado. "Os golpistas se valem do final do ano para criar empresas novas que agem por 15, 30 dias e depois somem", alerta.

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