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O telhado invertido da Casa Acqua possibilita o acúmulo da água da chuva que pode ser reaproveitada para lavar calçadas, por exemplo | Divulgação
O telhado invertido da Casa Acqua possibilita o acúmulo da água da chuva que pode ser reaproveitada para lavar calçadas, por exemplo| Foto: Divulgação

Importados: França se destaca

Entre os 21 países que estiveram presentes na Feicon, China e França tiveram espaços reservados especialmente para eles que, em um momento de crise mundial, viram no Brasil uma perspectiva de bons negócios. Só a França, segundo a Ubifrance, agência francesa semelhante à nossa Agência Brasileira de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex), trouxe 14 empresas (quatro a mais que no ano passado) com novidades em tecnologia construtiva e decoração, boa parte voltada para a sustentabilidade.

Um revestimento de placas cerâmicas externo para paredes e telhados, de rápida instalação e durabilidade (não é preciso trocar nunca), foi um dos destaques franceses. Vendidas pela Terreal, as placas têm vários formatos e tons naturais, obtidos com a mistura de mais de uma tonalidade de argila e podem ser instaladas, segundo o representante da empresa no Brasil Yannick Laporte, por qualquer empresa já acostumada com processos como o das fachadas inteiras de vidro. "O sistema não exige nenhuma preparação especial da alvenaria ou estrutura metálica antes da aplicação, não precisa de manutenção (a não ser limpeza por causa do pó) e é 100% reciclável." O custo do produto importado é de R$ 130 a R$ 500 o metro quadrado, fora os valores de instalação.

Painéis de madeira made in Ponta Grossa

Entre as 23 empresas paranaenses na Feicon Batimat 2009, a LP Building Products Brasil, com fábrica em Ponta Grossa e escritório em Curitiba, foi destaque, com uma "simulação" de uma casa de 100 metros quadrados construída com o método "framing" ou de "molduras" de metal, em que painéis de madeira tipo OSB (Oriented Strand Board, em inglês) são encaixados e parafusados. A empresa comprou a divisão de OSB da Masisa no ano passado.

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São Paulo - A 17ª edição da maior feira da construção civil da América Latina, a Feira Internacional da Indústria da Construção Civil (Feicon Batimat), que movimentou o Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, ao longo dessa semana, centrou seus esforços em produtos que barateiam obras e fazem economia de recursos naturais, como água e luz, ajudando também o bolso do consumidor final.

A Feicon 2009 trouxe cerca de dois mil lançamentos em produtos de todos os tipos, de fios elétricos a metais sanitários – grande parte com foco na sustentabilidade, palavra que tem significado complexo, mas pode ser resumida em um conjunto de ações que minimizam o impacto ambiental e o uso de recursos naturais. Produtos de alto desempenho e com recursos inovadores, como uma ducha que, além de cromoterapia, tem sistema de som e aromatização, também fizeram sucesso.

Ao todo, foram 650 expositores de 21 países – 23 empresas do Paraná. O volume de negócios ainda não foi estimado, mas a julgar pelos números do ano passado (mais de R$ 400 milhões) serão altos.

No primeiro dia do evento, na última terça-feira, o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, abriu a feira falando da "importância do setor para a economia do país, como locomotiva do desenvolvimento brasileiro, principalmente em tempos de crise". O prefeito parabenizou os organizadores e participantes da feira pela preocupação com o bolso do brasileiro. Esse pensamento esteve presente em muitos produtos e, em especial, em uma casa que foi a sensação da Feicon e foi motivo de interesse do secretário estadual de Habitação de São Paulo, Lair Krähenbühl, durante uma visita monitorada, para um estudo mais apurado para a construção de residências populares: a Casa Acqua.

Ecologicamente correta

A Casa Acqua é uma edificação conceito com 100 metros quadrados, sete cômodos e dois andares e foi construída no pavilhão da Feicon em 15 dias com uma série de produtos e técnicas sustentáveis que consideraram as condições climáticas da capital paulista como base. O projeto, uma ação conjunta da Missão Econômica da França no Brasil, da Fundação Vanzolini e da Reed Exhibitions Alcântara Machado (organizadora da Feicon), é do arquiteto Rodrigo Mindlin Loeb e a execução da obra da Inovatech Engenharia. A construção da obra seguiu os critérios do Referencial Técnico de Certificação da Construção Sustentável – Processo Acqua (Alta Qualidade Ambiental), programa de certificação inspirado no sistema francês HQE (Haute Qualité Environnementale) e adaptado pela Fundação Vanzolini à realidade climática e econômica brasileira.

O sistema foi desenvolvido por professores do departamento de Engenharia de Construção Civil da USP, pela Inovatech Engenharia e outros pesquisadores a partir da cooperação do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) – instituto francês que é referência mundial em pesquisas da construção civil.

Construída com a frente voltada para a face norte, a Casa Acqua recebe a luz do sol o dia todo, porém com um anteparo (uma pequena parede atravessada na janela) que, embora deixe passar a claridade, não permite a incidência direta dos raios solares no interior do imóvel, o que colabora para o conforto térmico. Tijolos de solo cimento (mistura de argila e cimento que não exige queima), placas de OSB (aglomerado) de reflorestamento e madeira certificada cobertas por embalagens longa vida recicladas completam o visual "natureba" da casa, que ainda tem outro detalhe chamativo: um telhado invertido.

"A inclinação para dentro do telhado (feito com fibra de celulose reciclada impermeabilizada com betume e protegida com resina) permite um acúmulo maior de água da chuva para o sistema de reaproveitamento (para tarefas que não exigem água potável, como lavar a calçada). Além de colaborar com o conforto térmico da edificação, já que não fica em contato direto com o forro, criando um "bolsão de ar" que diminui a influência climática externa na ambientação interna da casa, deixando a temperatura agradável", explica o coordenador da Casa Acqua pela Inovatech Engenharia, Luiz Henrique Ferreira.

O piso da casa é elevado alguns centímetros do chão para facilitar a manutenção da residência. "Quando preciso basta levantar algumas das placas de madeira e trocar qualquer encanamento ou rede elétrica danificada. O piso elevado facilita a obra como um todo e a manutenção da casa depois. Em caso de qualquer defeito basta levantar algumas placas de madeira do piso, sem a necessidade daquela quebradeira de alvenaria e desperdício de material de construção", exemplifica Ferreira.

Outros produtos como torneiras e válvulas de descarga econômicas, divisórias de dry-wall (gesso acartonado) para deixar os ambientes acusticamente agradáveis e iluminação planejada e automatizada, que evita desperdício de energia elétrica, são algumas das várias características que fazem da Casa Acqua um modelo prático e com bom custo-benefício (entre R$ 1.200 e R$ 1.600 o metro quadrado) de moradia brasileira.

Entre os fornecedores que ajudaram a construir a edificação conceito está a Leroy Merlin, a Mobix (medidores individuais de água e gás), a HP Pisos Elevados e Onduline do Brasil (telhado de celulose) e os grupos Lafarge (dry-wall) e Legrand (iluminação automatizada).

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