Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
mercado

Custos da construção sobem menos que inflação

Queda na renda reduz demanda e custos da construção civil descolam do índice de correção de preços oficial

Mercado morno segura alta de preços e reajustes de custos  nos negócios imobiliários. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Mercado morno segura alta de preços e reajustes de custos nos negócios imobiliários. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Os custos da construção civil vêm subindo menos que a inflação geral neste ano. Em outubro, enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 9,93% nos últimos 12 meses, o Índice Nacional da Construção Civil medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) alcançou 7,57% e o índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chegou a 6,03% no mesmo período.

“A inflação das famílias está em alta, então a renda está em queda, o que cria um ambiente de insegurança que faz diminuir a demanda por imóveis”, explica a coordenadora de projetos da construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), Ana Castelo.

INFOGRÁFICO: Acompanhe a variação da inflação do segmento

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), José Eugênio Gizzi, a baixa demanda provoca uma retração no setor, que se reflete em todos os fatores que compõem os índices de inflação da construção civil: mão de obra, serviços, materiais e equipamentos.

Materiais e equipamentos foram os mais afetados. “Há itens cujos preços tiveram reajustes maiores, como esquadrias de alumínio e tubos de PVC. Mas os itens que mais pesam no custo de uma construção tiveram índices menores e até negativos”, explica Ana. Entre eles estão o aço, cujo preço baixou 0,28% nos últimos 12 meses, e o cimento, que está custando 2,37% menos do que no mesmo período do ano passado.

Mão de obra

Item com maior peso na composição dos índices, a mão de obra também acaba puxando a inflação para cima, principalmente devido as correções anuais de salários. Ainda assim, com o mercado enfraquecido, os reajustes têm sido mínimos e há demissões no setor. “Durante seis anos, até 2013, demos mais de 50% de aumento real nos salários da construção civil, porque naquela época havia grande competição entre setores pela mão de obra. Hoje ela não existe mais e as reposições salariais têm sido equivalentes à inflação”, diz o Gizzi.

Segundo ele, os serviços, que incluem taxas de licenciamento e gastos com projetos, também estão em baixa, contribuindo para a inflação menor. O que pesa no índice da construção civil são os tributos e os chamados custos administrados –água, energia elétrica, combustíveis –, além da depreciação do real.

Alívio pontual

Apesar de proporcionar um alívio para o setor, a redução de custos com mão de obra, serviços, materiais e equipamentos não vai ajudar a mudar o comportamento do mercado. “Ela não é suficiente para induzir um crescimento, porque a questão é a demanda”, resume a pesquisadora da FGV.

A melhora depende de um cenário macroeconômico de maior estabilidade, o que, segundo o presidente do Sinduscon, depende da redução da pressão inflacionária por meio do ajuste fiscal, do “bom encaminhamento” da crise política e da diminuição da taxa de juros. “O investidor precisa de uma melhora no humor da economia para tirar o pé do freio”, diz Gizzi, que se mantém otimista. “Sabemos que existe um crescimento demográfico e que o déficit habitacional ainda é muito grande. Isso precisa ser resolvido e vai estar em qualquer agenda de governo. Precisamos olhar para frente”, diz.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.