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A moradia instantânea, de 30 metros quadrados, foi mobiliada com produtos de bambu, feitos pelo artesão Luís Ninato | Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A moradia instantânea, de 30 metros quadrados, foi mobiliada com produtos de bambu, feitos pelo artesão Luís Ninato| Foto: Fotos: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
  • Terraço dos Quartos: projetado como um jardim suspenso pelos paisagistas Andréia Meneses, Eder Mattiolli e Roger Claudino

Uma casa erguida com ma­­téria-prima oferecida pelo meio ambiente, ecologicamente correta, é um dos principais destaques da Mostra Morar Mais por Menos – O chique que cabe no bolso, aberta a visitação em Curitiba. Exposta na área externa do terreno, foi batizada de Projeto Bossa Nova – Moradia Instantânea por seus criadores, a arquiteta Rebeca Paciornik, o relações públicas Itamar Paciornik e o engenheiro florestal Renato Bueno Netto. O objetivo dos profissionais é atender a demanda imediata dos desabrigados do Haiti, após o forte terremoto ocorrido em janeiro deste ano, no qual 1,5 milhão de habitantes perderam suas casas.

Rebeca explica que a estrutura da moradia, construída em quatro ou seis horas, é de bambu – um material perene, resistente, flexível e que não necessita de ferramentas complexas, tecnologias ou consumo de energia para seu manuseio. As telhas são de raspas de borracha. Lonas plásticas com respiros permitem a saída do calor interno e uma melhor ventilação.

A arquiteta ressalta que, mais que um abrigo, a casa serve como moradia por pelo menos 15 anos. "Da forma como se faz hoje é desgastante. A pessoa, que está traumatizada porque perdeu família e amigos, é levada primeiro a um abrigo. Depois é transferida de novo, quando está começando a refazer a vida."

Proposta

O projeto começou a ser elaborado no dia seguinte ao da devastação e foi apresentado durante o Fórum Mundial Urbano, em março, no Rio de Janeiro. A convite de um ministro haitiano presente no evento, a equipe de Rebeca foi a uma missão oficial no Haiti, rea­­lizada dois meses depois. "Houve muito interesse por parte deles. Estamos na expectativa com as eleições presidenciais e legislativas que ocorrem em 28 de novembro."

Nesta viagem, a arquiteta conta que esteve em um centro agrícola que fica a 250 quilômetros ao norte do país, e encontrou bambu suficiente para construir pelo menos duas mil moradias instantâneas. "Uma outra parte poderia sair do Brasil. A primeira premissa é de que se privilegie as indústrias paranaenses e depois as brasileiras". A equipe de profissionais continua a realizar experimentos para avaliar mais matérias-primas, agilidade e custos cada vez menores.

Novas ideias de aplicação do projeto também surgem no Brasil. "Uma professora de Santa Catarina cogitou a possibilidade de o projeto ser uma sala de aula, para estudantes que ainda não têm onde estudar, depois das fortes chuvas de 2008 no estado."

Funcionalidade ao ar livre

As áreas externas da mostra Morar Mais por Menos convidam seus moradores a aproveitar esses ambientes como espaços para relaxamento e lazer. Os profissionais envolvidos nos projetos tiveram a preocupação de aproximar a natureza do cotidiano, com a finalidade de proporcionar conforto e bem-estar, além da beleza e foco em soluções sustentáveis.

Um desses espaços é o da Sacada, elaborado pela designer de interiores Karla Obeid. Ela reuniu o estilo moderno, com pisos de porcelanato e pastilhas de vidro, e o rústico, com madeiras brasileiras. "Os móveis, como mesa e cadeira, são de eucalipto. A iluminação é de led, pelo baixo custo de energia, e utilizei juta na almofada e na manta", destaca a designer.

Para dar sensação de relaxamento, Karla explorou o verde em contraste com o concreto. "Mesmo se for um ambiente muito pequeno, é possível fazer um jardim de vasos, que pode ser vertical. O custo inicial pode ser um pouco alto por causa dos vasos, mas para manter é muito baixo."

O Terraço dos Quartos foi projetado como um jardim suspenso pelos paisagistas Andréia Meneses, Eder Mattiolli e Roger Claudino, para momentos de lazer e contemplação. No deque, foram utilizadas madeiras de pinus. Na pérgula, eucalipto. "Ambas são autoclavadas. Ou seja, como não são madeiras nobres, passaram por um tratamento especial para não apodrecerem", explica Andréia.

O verde das plantas quebra a rigidez da construção e o colorido das flores dá um toque de romantismo. Vasos de PVC nas paredes formam o jardim vertical. Os cerâmicos contrastam com as paredes brancas da casa e o piso de granilhas cria um clima de jardim.

Serviço:

Para mais informações sobre a mostra Morar Mais por Menos e o concurso cultural em parceria com a Gazeta do Povo acesse www.gazetadopovo.com.br/guiacasa/

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