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Garantias

Ainda que a madeira consumida não seja certificada, é preciso atestar que foi extraída de forma legal. Confira os caminhos para verificação:

- Para comprar madeira com origem legal o consumidor deve exigir que o lojista apresente o Cadastro Técnico Federal e emita um DOF – Documento de Origem Florestal, além da nota fiscal.

- Para o caso de certificação, o consumidor pode consultar a base de dados do FSC Internacional, que é atualizado diariamente. No site www.info.fsc.org é possível fazer buscas por nome, ramo de atuação ou número do processo junto ao FSC.

Fonte: Ibama e FSC.

Área

O Brasil é o sexto país em áreas certificadas. Na análise do FSC, deveria estar entre os três primeiros, por conta da extensão de floresta tropical. "O Brasil tem cerca de 5 milhões de hectares de área certificada, no Canadá são 30 milhões", compara Fabíola Zerbini, do FSC. Confira o panorâma nacional e mundial.

Mundo

- Área certificada: 135.695.131 hectares.

- Cadeia de custódia (certificação de todo o elo produtivo) : 18.458 empresas/empreendimentos.

Brasil

- Área certificada: 5.554.594 hectares.

- Cadeia de custódia: 462 empresas/empreendimentos.

Fonte: FSC e Imaflora.

  • Operação da Polícia Federal, Ibama e outras entidades de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia em abril de 2010. No Pará, foram confiscados 5 mil metros cúbicos de madeira

Ainda não é uma regra, mas o mercado brasileiro começa a despertar para a preferência por móveis e pisos que tenham como matéria-prima a madeira certificada. A análise é do gerente-executivo da Associação Nacional dos Pro­­du­­tores de Pisos de Madeira (ANPM), Ariel de Andrade, entidade que vê dia a dia crescer o número de associados interessados em obter a certificação. "Buscamos dar suporte na preparação das indústrias que buscam o selo. São muitos detalhes e quesitos a cumprir", diz.

Em todo o mundo, há organizações responsáveis por vários tipos de certificação, o reconhecimento para determinada empresa por ter cumprido uma série de regras com uma finalidade específica, geralmente é ligada à boas práticas de serviço.

No caso da madeira, a organização reconhecida internacionalmente é o Forest Stewardship Council (FSC), representado no Brasil pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, ou FSC Brasil. O conselho é apoiado por entidades como o Greenpeace e a WWF.

Fabíola Zerbini, secretária-executiva do FSC Brasil, explica que a certificação é feita por entidades independentes e autorizadas, que analisam o manejo sustentável e questões legais, como impostos, leis trabalhistas, condições de trabalho, segurança e bem-estar de todos os envolvidos. "No Brasil, são sete as entidades encarregadas, tanto para empresas que administram as florestas, quanto àquelas que transformam a madeira em produtos", comenta.

Dificuldade

Entre os órgãos responsáveis pela certificação no país está o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). O engenheiro florestal e coordenador de certificação do Imaflora Leonardo Sobral reconhece as dificuldades em ampliar o número de áreas certificadas, especialmente nas florestas nativas. "Quando pensamos em florestas plantadas, a certificação está presente em mais de 50% das áreas", contabiliza.

As principais espécies dessas florestas são o eucalipto e o pinus, nas regiões sudeste e sul, além do sul da Bahia. "O mercado de chapas de MDF para móveis é um dos principais consumidores dessa madeira", afirma Sobral.

O principal problema está na certificação de madeira sólida, proveniente da Amazônia. "A questão fundiária de regularização da terra é o principal entrave e faz com que se tenha menos de 10% de áreas certificadas no manejo legal da floresta", aponta.

Diante desse cenário, alguns fabricantes brasileiros de móveis buscam madeira certificada dos Estados Unidos. É o que mostra um estudo da Organização Inter­nacional das Madeiras Tropicais (ITTO, na sigla em inglês), feito em outubro. De acordo com o levantamento houve aumento de 12% nas importações.

Entre as espécies importadas estão nogueira, freixo e carvalho, usadas principalmente quando o produto final tem como destino o mercado internacional, onde o uso de madeira certificada é exigido, informa a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).

"Há os dois lados. É claro que quando se pensa em madeira sólida tropical, há falta de produto certificado, porém, muitos produtores também reclamam da pouca demanda do mercado interno e chegam a vender madeira certificada, sem o selo, por preço mais baixo", afirma Sobral.

Pequenos produtores

Para ampliar as áreas certificadas, o FSC e as certificadoras buscam soluções para os pequenos produtores, que encontram mais dificuldade para atender as exigências do Conselho e pagar os custos da certificação. "Para esse perfil foi criado, em 2003, o padrão Slimf (Padrão de Certificação do FSC para o Manejo Florestal em Pe­­quena Escala e de Baixa Inten­­sidade em Florestas Nativas da Amazônia Brasileira), que tem processos simplificados para atender comunidades e pequenos produtores (até mil hectares de área e com limite de exploração de três mil metros cúbicos por ano da área de produção florestal total)", conta Fabíola.

Outra alternativa são as parcerias com o Sebrae e outros órgãos que apóiam a certificação. "No caso das florestas plantadas, temos bons exemplos de apoio das empresas que precisam da madeira e acabam fo­­mentando a certificação de áreas menores", explica Leonardo Sobral, do Imaflora.

Do começo ao fim da cadeia

O documento de certificação florestal é importante, mas para o consumidor final somente ele não basta. As empresas envolvidas na transformação da matéria-prima precisam ter a certificação de Cadeia de Custódia, modelo em que são certificados todos os elos da cadeia produtiva. "É a garantia de que a empresa tem um controle para saber se a madeira é certificada, se segue padrões de baixo impacto ambiental no transporte, entre outros processos", diz Fabíola Zerbini, do FSC.

Leonardo Sobral, do Imaflora, explica que esse tipo de certificação teve um grande impulso nos últimos anos. "Das mais de 400 empresas ou empreendimentos certificados, quase a metade corresponde ao período", diz. Grande parte das empresas que aderiu é ligada ao setor moveleiro e gráfico.

Para Sobral, falta conscientização do consumidor final, que precisa passar a se preocupar com a origem da madeira. "Precisamos acabar com o uso de madeira ilegal, de desmatamento. É preciso questionar e investigar a origem do produto que se consome", defende.

Um levantamento feito pela WWF-Brasil mostra que a madeira certificada custa 8,5% a mais do que a não certificada. "É preciso estar atento às comparações. A madeira de desmatamento é mais barata, mas ilegal. Esse comparativo tem por base a madeira extraída de forma legal, mas sem certificação", alerta Sobral. Já o impacto no produto final tem outras variáveis. A gerente de meio ambiente da Cikel (indústria de pisos de madeira) Wandreia Baitz afirma que um piso certificado custa cerca de 10% a mais. "Nos anos 1990, essa diferença passava de 20%", diz.

Para viabilizar a venda de produtos certificados, a Meu Móvel de Madeira, que tem de 50% dos produtos certificados, provenientes de madeiras de florestas plantadas, investe na venda pela internet. "Se o consumidor ainda não despertou totalmente, é preciso estimulá-lo, oferecendo produtos de qualidade e com preços competitivos", argumenta o diretor da empresa, Ronald Heinrichs.

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