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| Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Rua Riachuelo e seus casarões antigos.| Foto: Gazeta do Povo

A publicação do edital de licitação para as obras do Cine Passeio, na última semana, marcou mais um capítulo importante no processo de transformação da Rua Riachuelo. Aguardado desde 2012, o complexo cultural, que deverá resgatar a tradição dos cinemas de rua na capital, integra o projeto realizado pela prefeitura com o objetivo de dar vida nova a esta região do Centro e à própria Riachuelo, conhecida pelos seus comércios de segunda mão e pela má fama que carrega como espaço abandonado ou decadente.

Riachuelo abre série sobre Ruas
de Curitiba

A Rua Riachuelo inaugura uma série de reportagens que a Gazeta do Povo apresenta sobre algumas das vias mais tradicionais de Curitiba. No caderno de Imóveis dos próximos domingos, o leitor poderá conhecer a história, curiosidades e a vocação imobiliária de 10 ruas que fazem parte do dia a dia da população e integram o cenário urbano da capital paranaense.

A proposta se soma a outras medidas já executadas –relacionadas a incentivos fiscais, à substituição das calçadas e à nova iluminação pública – que mudaram o cenário e tornaram a via mais convidativa aos pedestres e comerciantes, potencializando a preservação e a ocupação deste endereço, que tem o desafio de se reinventar.

Além da comunidade e do comércio, a requalificação da Rua Riachuelo também chamou a atenção do mercado imobiliário, que apostou no potencial de valorização do da via e do entorno. Hoje, pelo menos dois grandes empreendimentos estão em obras ao longo da rua.

Vários nomes em quase dois séculos de história

A história da Rua Riachuelo tem início entre os anos de 1820 e 1830, décadas nas quais o endereço passa a figurar nas atas da Câmara Municipal de Curitiba, sob a denominação de Rua Lisboa ou Rua dos Lisboas. No livro “As Muitas Vistas de uma Rua - histórias e políticas de uma paisagem”, os autores lembram que o endereço também já foi chamado de Rua.

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“As Muitas Vistas de
uma Rua”

Resultado de dois anos de pesquisa e conversas, o livro “As muitas vistas de uma rua: histórias e políticas de uma paisagem - Curitiba e a Rua Riachuelo” narra a história e as transformações pela qual a via passou ao longo das décadas até os acontecimentos mais recentes, como as obras de revitalização. De autoria das antropólogas Dayana Zdebsky de Cordova e Aline Fonseca Iubel e do historiador Fabiano Stoiev, com fotografias de Leco de Souza, o livro está disponível para download no site da editora Máquina de Escrever .

O Edifício Primus, da Valor Real Planejamento Imobiliário, trará studios e apartamentos de dois dormitórios distribuídos em 16 pavimentos, além de duas lojas. O projeto moderno promete contrastar com a fachada histórica do empreendimento, garantida pela presença de uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP), que será mantida. “A Riachuelo tem uma localização estratégica, próxima à universidade e com comércio consolidado. Estes fatores, aliados à mudança que a região vem sofrendo, nos motivaram a desenvolver o projeto”, conta Gerson Gonçalves Perelló, gerente comercial da empresa.

O Grupo Thá também está presente na via com o residencial Arts, em fase de construção no n° 110. O prédio terá 24 pavimentos e 247 unidades compactas em um imóvel que já serviu de endereço para lojas de calçados, joias e até um hotel. O casarão antigo, construído na década de 1930 e também cadastrado como UIP, será mantido e totalmente restaurado, aliando o avanço do mercado à preservação da história da Rua Riachuelo.

Para Daniela Mizuta, coordenadora de projetos urbanos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), a chegada dos novos empreendimentos representa uma resposta aos investimentos na requalificação da via e deve potencializar a circulação de pessoas na Riachuelo, fazendo com que o apoderamento do espaço público pela população contribua para inibir a marginalidade, um estigma adquirido pelo endereço ao longo dos anos.

A coordenadora lembra, ainda, que a legislação vigente permite um maior adensamento da região, mas que esta situação poderá mudar com a revisão do Plano Diretor, com previsão de aprovação para até outubro deste ano. “Faz parte do escopo do Ippuc estudar se os resultados de hoje estão a contento, se o caminho para o Centro é este e se ele será mantido”, explica.

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