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Vegetação preservada pode ser determinante na venda de unidades imobiliárias | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Vegetação preservada pode ser determinante na venda de unidades imobiliárias| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Opinião

Preservar áreas verdes dá mais qualidade de vida aos moradores

Cláudio Wojcikiewicz, diretor de licenciamento e fiscalização da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA)

As decisões tomadas pela SMMA sobre a permanência ou retirada da vegetação nativa de um lote são pautadas pelo Código Florestal de Curitiba (Lei nº 9806/2000). Além da análise do técnico, os processos passam por um grupo de avaliação de áreas verdes que decide pela liberação (ou não) ou pela readequação do projeto de determinado terreno em virtude da flora existente. Assim, podemos conduzir as solicitações da melhor forma, atendendo a legislação e preservando as áreas verdes para manter a cidade harmoniosa. Curitiba cresceu e os espaços verdes são poucos. Logo, nosso objetivo é manter um ambiente saudável e equilibrado para a população da cidade. A arborização influencia diretamente o microclima das regiões, auxilia na infiltração da água das chuvas, serve de abrigo para os animais e cria uma paisagem agradável, quebrando o cenário de construções cinzas. Seja em uma árvore isolada ou num maciço florestal, a preservação da flora interfere positivamente na qualidade de vida das pessoas

Extinção

Araucária, imbuia e peroba são as espécies de árvores mais ameaçadas de extinção.

2 araucáriase um bosque foram incluídos no projeto do Infinity Prime Offices, da Cyrela, no Cabral. Área verde abriga praça de convivência.

  • Ireni Ferreira aproveita o deck em frente ao escritório para momentos de interação com a natureza

A existência de árvores e outras plantas no jardim é sempre bem vista pelos proprietários dos imóveis. Na construção civil, entretanto, a conservação da flora nativa envolve questões que vão além do paisagismo e que podem interferir no projeto arquitetônico do imóvel. Isso porque a manutenção, corte ou replante das espécies para a melhor utilização do terreno depende de liberações expedidas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA).

Preservação

O edifício comercial Infi­­nity Prime Offices, da cons­­­­­­­trutora Cyrela, é um exem­­plo de como a manutenção da vegetação pode agregar valor ao empreendimento. Localizado no Cabral, o terreno escolhido para o prédio contava com um bosque e duas araucárias, que foram considerados na elaboração do projeto.

"Uma praça central foi construída entre as três torres, destacando uma das araucárias e fazendo dela um espaço de convivência", conta a gerente de incorporação da Cyrela, Silvia Fernandes Soares.

Proprietária de uma das salas do Infinity há um ano, a empresária Ireni Ferreira diz que a vegetação local foi decisiva na compra. Tanto que, quando mudou, ela mandou abrir as janelas – antes lacradas – para poder sentir a brisa, o cheiro da chuva e ouvir o canto dos pássaros. "Minha sala tem um deck de frente para o bosque. Nele, a equipe pode relaxar, fazer reuniões e ter contato com esses estímulos naturais que aguçam a criatividade. É como se estivéssemos num oásis urbano", avalia.

Questões técnicas

Incorporar as plantas ao dia a dia do empreendimento é apenas um dos desafios no desenvolvimento do projeto. Limites de afastamento das torres e a utilização dos espaços de subsolo, para que as raízes não sofram danos, também influenciam as decisões.

"A arquitetura nunca tem a intenção de retirar a cobertura vegetal do terreno. Mas, de acordo com a posição geográfica da árvore, ela acaba inviabilizando o lote", esclarece o arquiteto José Vicente Lopes, do escritório Dória Lopes Fiuza. Por isso, ele orienta que o futuro proprietário visite o terreno e busque informações sobre sua vegetação para que não seja surpreendido.

Quando autorizada pela SMMA, uma solução para o melhor aproveitamento do lote é a retirada da árvore por profissionais capacitados e seu replante em outro lugar. "Fizemos isso com a palmeira de um empreendimento comercial no Batel. Foi uma alternativa para explorar a árvore isolada, que humanizou o espaço", conta o arquiteto.

Butiazeiro paralisa obra para readequação de projeto na RMC

Um pé de butiá foi o motivo para a paralisação de uma grande construção que a Araruama Engenharia realiza na Região Metropolitana de Curitiba para uma empresa do ramo automotivo. Localizada no meio do terreno, a árvore gerou comoção entre os funcionários da empresa que, acostumados com a sombra e os frutos da antiga companheira, não queriam sua retirada.

A solução encontrada foi manter a árvore, mas em outro ponto do lote. "Contratamos uma empresa especializada para retirar o pé de butiás e replantá-lo em outro local. Essa foi a terceira vez que transplantamos um butiazeiro em obras. Acredito que as pessoas tenham um carinho especial por essa espécie", conta Dennis Kutassy, engenheiro civil e sócio da Araruama. Desde então, a obra segue sem atrasos e o butiazeiro frondoso em sua nova morada.

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