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A  filha de João Gilberto, Bebel, conseguiu a interdição do músico na Justiça | va/mm/ARI VERSIANI
A filha de João Gilberto, Bebel, conseguiu a interdição do músico na Justiça| Foto: va/mm/ARI VERSIANI

Com um texto publicado em rede social na tarde desta quinta (5), João Marcelo Gilberto, filho de João Gilberto, evidenciou um racha entre ele e a irmã Bebel no que diz respeito à interdição judicial do pai, conseguida pela filha após ação na Justiça.

Leia a íntegra do post publicado nas mídias sociais.

Os irmãos vinham buscando em conjunto assumir judicialmente controle sobre o pai, como João Marcelo disse à Folha de S.Paulo em junho passado. Opunham-se a Claudia Faissol, mãe da filha mais nova de João Gilberto, a quem acusavam de lesar financeiramente o cantor.

Quando João Marcelo pediu para participar do controle financeiro, no entanto, Bebel teria desistido de contar com o irmão e entrado com a ação sozinha.

Em novembro passado, ela conseguiu a curatela provisória do pai, argumentando que o artista apresenta “um quadro confusional que não o permite compreender com clareza os atos jurídicos que lhe são solicitados por terceiros”.

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“Fomos a inúmeras reuniões com a Bebel e advogados. Veio uma carta para o Marcelo assinar, concordando com a ação de interdição, mas, quando pedimos para participar do controle financeiro também, vendo tudo às claras junto com a Bebel, ela não concordou e sumiu. Depois vimos que deu entrada sozinha na ação”, disse Adriana Magalhães Oliveira, mulher de João Marcelo.

Segundo ela, o casal -que vive com a filha em Nova York- não tem contato com Bebel desde meados do ano passado e tem ficado preocupado com a falta de informações sobre João Gilberto. “Não estamos conseguindo, ele está tentando falar com ela, eu escrevi para a Bebel, ligamos para o celular do João, e nada.

No texto publicado em sua conta no Facebook, João Marcelo afirma que não foi “informado, aconselhado, consultado nem sequer comunicado sobre quais maquinações legais ou físicas minha irmã tomou/está tomando em relação ao meu pai, salvo o que eu li no noticiário”.

Ele afirma que, por respeito ao pai, notoriamente cioso de sua privacidade, tentou “uma abordagem legal bem menos pública e mais respeitosa”, enquanto sua irmã “decidiu adotar uma abordagem marcadamente menos privada e mais imediata para esse assunto”.

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Segundo Adriana, o marido está tentando entrar com uma ação judicial para garantir que tenha notícias do pai. “Para conseguirmos ter transparência sobre tudo, nosso advogado recomendou que entrássemos [na Justiça] de um outro jeito, que não posso mencionar. Nem gostaríamos de fazer isso, mas precisamos ter transparência sobre o que acontece. Estamos tentando, mas a Justiça é lenta, os advogados dela são ótimos. O que a gente torce verdadeiramente é para que ela esteja cuidando dele e da saúde dele, que é o que importa”, disse a nora de João Gilberto.

Procurada pela reportagem, Bebel Gilberto não se pronunciou. Sua advogada no caso, Simone Kamenetz, afirmou haver “muita fofoca nessa questão” e que não comentaria “disse-me-disse”.

“É natural que tudo que envolva uma figura pública como João Gilberto atraia bastante curiosidade, mas esse processo é muito delicado e privado. Desconheço essa postura do irmão de Bebel. Não sei de que controle financeiro você está falando, já que João está, como já foi dito, na penúria”, afirma a advogada.

Kamenetz diz não ter conhecimento dos comentários de João Marcelo e afirma que o foco de Bebel Gilberto é o bem-estar do pai.

 *** Leia abaixo a íntegra do texto publicado por João Marcelo em seu Facebook:

“Recentemente, passei um tempo considerável no Brasil, onde tentei convencer meu pai a me deixar ajudá-lo a controlar sua situação financeira. Tentei inclusive gravá-lo profissionalmente em casa, já que sabia que seria cada vez mais improvável que isso acontecesse novamente de qualquer outra forma.

Infelizmente, não consegui. Não pude salvá-lo de si mesmo, e tive de retornar para tratar de assuntos em casa. Não tenho contato com meu pai atualmente e só posso contar com o que leio online sobre sua condição.

Meu pai foi efetivamente sequestrado e alienado de mim e da minha família imediata. Ele viu minha filha Sofia Gilberto (2 anos) apenas uma vez (!) e mesmo assim apenas porque tivemos de reagir à invasão de sua casa por Claudia Faissol, para prestar queixa na polícia (a seu pedido)... Mesmo então, ele foi quase proibido de ver a Sofia, porque Maria do Céu Harris tentou (como já havia feito antes) impedir fisicamente que minha mulher e filha entrassem comigo.

Não fui informado, aconselhado, consultado nem sequer comunicado sobre quais maquinações legais ou físicas minha irmã tomou/está tomando em relação ao meu pai, salvo o que eu li no noticiário.

Por respeito ao João, tentei uma abordagem legal bem menos pública e mais respeitosa, expondo as possíveis perdas financeiras de meu pai, mas as moções judiciais aparentemente foram adiadas por minha irmã, que também aparentemente decidiu adotar uma abordagem marcadamente menos privada e mais imediata para esse assunto.

Obviamente, estou gravemente preocupado com as condições de meu pai, mas devo dizer que, no tempo que passei lá, achei as autoridades e leis brasileiras, em geral descritas como sendo protetoras dos mais velhos, morosas, conflitantes e lamentavelmente inúteis para o dilema de meu pai.

Às vezes as pessoas podem se isolar da ajuda por causa dos facilitadores que as cercam, todos com seus interesses. Michael Jackson, Prince, George Michael. Eu entendo o que aconteceu com esses homens.

Desculpe-me, pai, não consegui manter os abutres afastados de você.”

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