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Michael Rotondo, de 30 anos, se recusa a sair da casa dos pais | Reprodução/YouTube
Michael Rotondo, de 30 anos, se recusa a sair da casa dos pais| Foto: Reprodução/YouTube

Michael Rotondo, de 30 anos, se recusa a sair da casa dos pais.

Ele chegou a discutir por meia hora com um juiz no norte do estado de New York na terça-feira (22), dizendo que, embora soubesse que seus pais o queriam fora da residência, ele tinha direito – como membro da família – a seis meses de antecedência antes de um despejo.

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Donald Greenwood, juiz da Suprema Corte estadual, elogiou Rotondo por sua pesquisa jurídica, mas ordenou que ele fosse despejado mesmo assim.

O processo começou quando os pais, Mark e Christina Rotondo, de Camillus, Nova York, perto de Syracuse, levaram à Justiça o pedido de despejo do filho. Antes de apelar aos tribunais, os pais teriam feito várias tentativas para que ele fosse embora, inclusive por escrito e com oferta de dinheiro.

“Michael, aqui está US$ 1,1 mil para você encontrar outro lugar para ficar”, diz uma carta de 18 de fevereiro.

As cartas, apresentadas nos autos, não explicam por que os pais querem a saída do filho, mas dão alguma pista. Os textos sugerem que o filho consiga um emprego, “mova o seu velho carro” e venda alguns de seus pertences – como seu aparelho de som e armas – para ganhar dinheiro.

“Há empregos disponíveis mesmo para pessoas como você, com um currículo ruim”, diz uma carta. “Pegue um, você precisa trabalhar!”

De acordo com as autoridades nos Estados Unidos, em 2017, quase um em cada cinco homens entre 25 e 34 anos morava na casa dos pais.

O processo

Durante o julgamento, Rotondo respondeu aos advogados e ao juiz resistindo-se duramente a sair da casa dos pais. Ele também se recusou a falar diretamente com eles no tribunal.

O juiz Greenwood o ouviu em voz baixa e depois corrigiu a afirmação de Rotondo de que ele tinha direito a morar na casa por mais seis meses. O magistrado explicou que os membros da família recebem tratamento especial apenas em raras circunstâncias e disse considerar o pedido de permanecer por mais seis meses “ultrajante”.

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Rotondo reagiu chamando a ordem de despejo do juiz de “ultrajante”. Greenwood disse que as alegações de Rotondo foram baseadas em uma busca na Internet e mostrou a ele uma cópia da decisão do tribunal de apelação que anulou o argumento de Rotondo.

Ainda assim, Rotondo insistiu que o juiz estava errado.

Depois, Rotondo disse a repórteres não estar pronto para sair da casa de seus pais.

Segundo ele, não havia brigas em casa, simplesmente ele não falava com os pais. Com seu próprio quarto, ele disse que se sustenta através de negócios, mas não explicou mais. “Meus negócios são da minha conta”, afirmou.

Seus pais se recusaram a discutir o caso com repórteres no tribunal e não foram encontrados para comentar o assunto.

Outros casos

De acordo com as autoridades nos Estados Unidos, em 2017, quase um em cada cinco homens entre 25 e 34 anos morava na casa dos pais. Essa é uma parcela significativamente maior do que os 12,5% das mulheres que vivem em casa. Ambos os números aumentaram dramaticamente nas últimas décadas, praticamente duplicando desde 1960.

Em números brutos, há 4,3 milhões de homens e 2,8 milhões de mulheres entre 25 e 34 anos que vivem com os pais, totalizando 7,1 milhões que ainda vivem em casa. Essa população é aproximadamente do tamanho de toda a população adulta e infantil do Arizona.

Em 2016, o Pew Research Center observou que havia mais jovens adultos entre 18 e 34 anos morando com os pais do que com um cônjuge ou parceiro, a primeira vez que isso aconteceu nos Estados Unidos em pelo menos 130 anos. “Essa reviravolta é alimentada principalmente pela queda no número de jovens que optam por formar uma família antes dos 35 anos”, observaram os pesquisadores do Pew.

A situação de emprego é outro fator importante. “A proporção de homens jovens com empregos atingiu o pico em torno de 1960, com 84%”, segundo o Pew. “Em 2014, apenas 71% dos homens de 18 a 34 anos estavam empregados”. Em parte como resultado, os salários médios anuais para os jovens despencaram ao longo desse período, de US $ 27.300 (medidos em dólares de 2013) em 1970 para cerca de US$ 15.000 em 2014.

Como os salários dos rapazes diminuíram, o aluguel subiu em termos reais. O resultado é que ficar com a mãe e o pai faz mais sentido financeiro do que nunca para muitos jovens – mesmo apesar do considerável estigma social associado.

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