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Imagem ilustrativa. | Reprodução/Pixabay
Imagem ilustrativa.| Foto: Reprodução/Pixabay

Um professor do ensino médio da Flórida que, com a ajuda de seus alunos, matou dois guaxinins e um gambá afogando-os em uma banheira cheia de água, não enfrentará acusações criminais, anunciaram os promotores do estado.

Dewie Brewton III, ex-professor de agricultura na Forest High School em Ocala, Flórida, “não tinha a intenção de torturar ou atormentar esses animais incômodos”, e os assassinatos são legais de acordo com a lei estadual, de acordo com um memorando de quatro páginas publicado por Brad King, promotor estadual do Quinto Circuito Judicial da Flórida. 

As acusações criminais contra Brewton, que se aposentou prematuramente em meio à investigação, não se sustentem no tribunal porque a lei da Flórida permite a morte de animais incômodos, e não há provas de que ele os tivesse torturado sem motivo justificável, segundo o memorando. 

“A decisão de recusar as acusações não é feita sem fundamento”, diz o memorando. O documento acrescenta que Brewton “estava simplesmente tentando proteger o projeto escolar de sua turma de maneira apropriada”. 

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Brewton disse aos investigadores que os guaxinins provavelmente matariam os animais de fazenda que seus alunos criavam como parte da disciplina que lecionava. Os estudantes se importavam com as galinhas, até mesmo dando nomes a algumas delas. Mas depois de algumas semanas, oito aves foram encontradas mortas. Brewton, em seguida, decidiu prender os prováveis culpados “para parar a matança incessante e desnecessária” das galinhas, segundo o memorando. Até mesmo os estudantes expressaram seu desejo de matar os animais incômodos. 

O memorando prosseguiu explicando como Brewton e sua turma resolveram afogar os animais. 

Alguns alunos sugeriram que atirassem neles, mas Brewton explicou que levar uma arma para a escola violaria as políticas de segurança. Bater neles até a morte era muito brutal. O modo mais humano, disse aos investigadores, era afogar os animais. 

“Quando ele decidiu por esse meio, disse aos alunos que qualquer estudante que não quisesse testemunhar ou se envolver no ato poderia ficar na sala de aula com um auxiliar”, traz o documento. “Alguns alunos ficaram na sala de aula, e outros foram ajudar”. 

Um vídeo de 14 segundos publicado pelo canal de televisão WKMG mostrou um grupo de estudantes de Brewton enchendo uma banheira com água e depois mantendo um guaxinim preso submerso. O vídeo foi supostamente gravado por um aluno que estava chateado com o que aconteceu com os animais, conforme disse a mãe da estudante à emissora. 

“Isso me deixou enjoada. É terrível. Ainda me deixa”, disse a mãe à emissora. 

De acordo com a assessoria do promotor, a Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem da Flórida iniciou uma investigação após receber uma denúncia anônima da mãe de um estudante. 

O incidente pegou mal para Brewton, que trabalhou em escolas públicas do Condado de Marion por mais de 30 anos. O distrito escolar iniciou uma investigação decidiu colocá-lo em licença administrativa remunerada. Brewton mais tarde decidiu se aposentar antecipadamente, efetivamente encerrando a investigação, afirmaram funcionários da escola. 

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Heidi Maier, superintendente do distrito que havia recomendado que Brewton fosse demitido, disse em uma declaração anterior que os funcionários da escola estão “chocados” com as ações do professor. 

“Os padrões de educação do condado de Marion – na verdade, os padrões de educação da Flórida – não incluem atividades que envolvam agressões a animais vivos, incômodo ou não”, aponta o comunicado. “Embora a lei determine se as ações desse professor são legais ou não, seus atos perante os alunos são totalmente inaceitáveis e nos causam grande preocupação.” 

As diretrizes de 102 páginas da American Veterinary Medical Associatiotion trazem que afogamento “não é um meio de eutanásia e é desumano”. Mas segundo o memorando do advogado estadual, a diretriz também não diz explicitamente se o método deve ser considerado adequado em determinadas circunstâncias. 

No caso de Brewton, ele considerou outras alternativas, mas descobriu que elas eram desumanas, o que “lança mais dúvidas” sobre a capacidade dos promotores de provar que um crime havia ocorrido além de uma dúvida razoável, segundo o memorando. 

E apesar de os vídeos do incidente terem sido divulgados, os alunos – não Brewton – são vistos em boa parte das filmagens. Para que o vídeo pudesse ser usado como prova no tribunal, os promotores exigiriam que os alunos fossem interrogados – algo ao qual a maioria dos pais se opôs. 

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A aposentadoria precoce de Brewton e o intenso repúdio da mídia ao qual ele foi submetido são uma “solução apropriada” para o caso, segundo o memorando. 

Brewton foi indicado em 2010 para o prêmio de Professor do Ano. Ele também foi conselheiro do clube da National FFA Organization da escola. 

O grupo de ex-alunos do clube expressou seu apoio a Brewton, descrevendo o professor como alguém que passava as noites e fins de semana ajudando seus alunos. 

Vários estados, incluindo a Flórida, permitem o abate de animais incômodos, desde que estejam em conformidade com as leis locais e estaduais. A American Veterinary Medical Association lista 20 métodos que considera serem formas inaceitáveis de eutanásia. Entre eles estão a queima, congelamento rápido, uso de cianeto, sufocamento, hipotermia e afogamento. 

Mas provar que um crime ocorreu às vezes pode ser difícil. Em outro caso também registrado em Ocala, por exemplo, um homem acusado de cortar a cauda de quatro gatinhos usando tesouras enferrujadas foi absolvido em maio por acusações de crueldade contra animais. 

Apesar disso, um caso semelhante na Pensilvânia teve um resultado diferente. Um homem acusado de afogar guaxinins se declarou culpado em dezembro de 2017 de duas acusações de crueldade contra animais depois que um juiz emitiu uma opinião dizendo que os guaxinins merecem proteção e que afogá-los é proibido pela lei estadual.

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