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“É preciso olhar para a alfabetização midiática com um olhar panorâmico”
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De acordo com o estudo “O que os estudantes sabem e podem fazer”, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2018, apenas 9% dos adolescentes brasileiros de 15 anos conseguem diferenciar fatos de opiniões. E apesar do resultado ter medido apenas uma faixa etária, essa é uma realidade de grande parte da população. Segundo pesquisa do Instituto Ipsus a sociedade brasileira é a que mais acredita em Fake News (notícias falsas), considerando 27 países.

Porém, as Fake News são apenas uma parte (a mais conhecida) do fenômeno que estamos vivendo, o da Desinformação. “É algo muito maior. Inclui o mau jornalismo, o excesso de informação, a falta de habilidade digital dos mais velhos e a ingenuidade digital dos mais novos, por exemplo”, afirma o brasileiro Alexandre Sayad, que foi eleito recentemente diretor-geral (chairman) global da GAPMIL, a aliança internacional da Unesco para parcerias em Alfabetização Midiática e Informacional , sediada em Paris.

Para Sayad, apesar de a escola ter um papel fundamental na formação de um indivíduo, não é a única responsável pela queda ou elevação dos índices educacionais. Segundo ele, existe uma série de fatores que influenciam. “Os games, a mídia, nossa família, a biblioteca, os amigos. Se você olha a educação midiática só com a ponta da escola é a mesma coisa que você achar que vai formar um aluno só pela escola. A alfabetização midiática precisa abordar todo esse processo formativo”.

De acordo com Sayad, no olhar apropriado para a educação midiática, você vê sistemicamente todo o fluxo de informação e como o cidadão se insere e interage com esse fluxo. Uma forma de fazer isso é entender que as cidades e todos os seus entes são responsáveis pela educação midiática, não só a escola.

No Brasil

Iniciativas de diversos setores que trabalhem o tema de forma inter e multidisciplinar em espaços e territórios distintos, são importantes para conseguir disseminar a alfabetização midiática pelo país e pelo mundo. Para Sayad, o Canadá e a Finlândia são dois grandes exemplos de políticas públicas bem implementadas.

Já no Brasil, apesar de não haver essa escala como nos países citados, a Unesco identifica ótimos exemplos. “A gente tem experiências de qualidade, criativas e pontuais mais do que países europeus e da América do Norte”, afirmou, garantindo que as oportunidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) podem fazer com que o país ganhe essa escalabilidade necessária.

E esse ganho de escala é justamente o objetivo do Projeto Ler e Pensar, que depois de 20 anos atuando no Paraná, abriu as inscrições em 2020 para professores de todo o Brasil. “Após validarmos a metodologia digital do Projeto e percebermos o alcance da Gazeta do Povo em outros Estados, percebemos que não existia mais nenhum motivo para mantermos essa ‘barreira’ logística. E a ideia deu tão certo que em apenas duas semanas de inscrições, já temos representantes de 24 estados inscritos no Ler e Pensar”, comemora Mariane Maio, gestora do Projeto.

O Instituto GRPCOM recebeu recentemente o selo GAPMIL da Unesco, em reconhecimento ao seu trabalho na educação midiática por meio de seus projetos de Educação, que incluem o Ler e Pensar da Gazeta do Povo .

A GAPMIL

A aliança GAPMIL é a maior rede de experiências, especialistas, acadêmicos e empresas, contando hoje com mais de 700 indivíduos e entidades. Seu objetivo é dar relevância ao tema como um todo, se aproximando de experiências de qualidade, além pensar em políticas públicas.

Além de Alexandre Sayad, a gestão 20/21 da GAPMIL será conduzida também por pelo acadêmico mexicano da área de biblioteconomia, Jesús Lau, que ficará a cargo da área de Ciências da Informação, também contemplada pela MIL (Media and Information Literacy). Apesar das atividades terem acabado de iniciar, os chairmans já estão implementando as novidades da nova gestão.

Dentre as prioridades do ano estão a ampliação das ações de comunicação com os membros, incluindo mudanças no site e nas plataformas de interação. Além da busca de espaços para a GAPMIL divulgar suas ações, como no blog Educação& Mídia da Gazeta do Povo, que você pode acessar clicando aqui.

Um dos objetivos desta nova gestão também é fazer com que as produções da GAPMIL sejam mais acessíveis ao público geral e menos acadêmicas. Além disso, ao longo do ano eles têm como pauta a promoção do GAPMIL Awards, prêmio que anualmente reconhece as melhores práticas no mundo, e a Global MIL Week, semana de celebração da Educação Midiática.

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