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Empatia como solução para os problemas da comunidade
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Empatia. A palavra “está na moda”, principalmente após a aprovação da nova diretriz da Educação Básica no Brasil, a Base Nacional Comum Curricular, que traz entre as dez Competências Gerais, um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, a importância de se trabalhar com esse sentimento dentro da escola, da Educação Infantil até o final do Ensino Médio.

Derivada da palavra grega empátheia, segundo o Dicio, dicionário online, empatia é a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Ou ainda, sob a perspectiva psicológica, é a “Identificação de um sujeito com outro; quando alguém, através de suas próprias especulações ou sensações, se coloca no lugar de outra pessoa, tentando entendê-la”. Ou seja, empatia é buscar entender o outro, permitindo-se sentir o que ele sente, para então conseguir verdadeiramente colocar-se na mesma situação.

Problemas x Soluções

Na Escola Municipal Paulo Freire, em Curitiba, os alunos matriculados na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), tiveram a oportunidade de trabalhar a empatia como solução para problemas que afetam a população. A professora Delair Calixto dos Santos iniciou os trabalhos promovendo uma discussão, em que os alunos deveriam elencar quais eram os principais desafios enfrentados na região onde viviam, dentre os assuntos levantados, dois provocaram o interesse da maioria: saúde e desemprego.

Buscando aprofundar o assunto, a professora levou para discussão da turma a matéria intitulada "Curitiba aprova gestão terceirizada para mais 3 Unidades de Pronto Atendimento (UPA)", publicada na Gazeta do Povo em junho deste ano. A turma leu e discutiu o assunto, buscando entender melhor os impactos da ação e então elencou alguns dos problemas encontrados ao frequentar as UPA’s. A falta de estrutura foi citada, mas a maior reclamação foi com relação ao atendimento, pois segundo os alunos, as horas de espera se tornam piores quando são tratados com falta de empatia pelos funcionários.

A professora instigou os estudantes a ir além. Depois de identificar os problemas, eles deveriam também propor soluções. As primeiras ações estavam relacionadas à prevenção, pois tomando os cuidados necessários muitos problemas comuns, como infecções intestinais ou resfriados, poderiam ser evitados, diminuindo a frequência com que frequentam as Unidades de Saúde, porém, segundo a professora, em determinado momento outra abordagem foi levantada. “Tentamos pensar do lado das profissionais que atendem tantas pessoas em seu local de trabalho, e como muitas vezes também são tratados com grosseria pela população”, explicou Delair.

A partir dessa nova perspectiva, a professora entrou em contato com a organização Médicos de Rua, que atua na capital paranaense, com o objetivo de atender as pessoas em situação de rua, oferecendo atendimento de excelência na promoção da saúde integral.  Uma representante da organização, acompanhada de uma enfermeira, que atua na Unidade de Saúde foram até a escola, com o objetivo de conversar com os estudantes sobre o trabalho desenvolvido pela organização e a rotina de um funcionário da saúde e como eles são desrespeitados pela população, respondendo por erros que não são deles.

Durante a palestra, mais um fator chamou a atenção da turma toda: a necessidade da doação de roupas masculinas para serem oferecidas aos moradores atendidos pela Organização da Sociedade Civil (OSC). A partir disso, os estudantes traçaram duas ações, como solução para esses problemas: a arrecadação de roupas e calçados masculinos para serem doados à OSC e a organização de uma homenagem aos funcionários da Unidade de Saúde do bairro, em parceria com outros professores e estudantes da escola.

As duas propostas foram um sucesso! Segundo Delair, foram arrecadas mais de 200 peças de roupas masculinas, e buscando agregar ainda mais à ação, os estudantes escreveram bilhetes com frases de carinho e motivação para serem colocadas dentro dos bolsos das peças. Quanto à homenagem, ela aconteceu dentro da Unidade de Saúde, no primeiro dia de novembro, e emocionou todos os funcionários, que chegaram a relatar que mesmo com muitos anos dedicados e a esse trabalho, nunca haviam participado de um momento tão lindo.

Depois de tantas ações envolvendo um aprendizado significativo e desenvolvendo a empatia dentro e fora da escola, a professora Delair ficou entre as 10 melhores professoras do ano e conseguiu o 2º lugar na votação popular promovida pelo Ler e Pensar, mas para ela, o maior aprendizado foi de que o mundo pode ser melhor. “Podemos melhorar a sociedade. Torná-la mais humana.”, afirmou orgulhosa a docente.

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