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Primeiros socorros para todos
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Imagine que você está andando na rua e se depara com uma mãe desesperada por que sua bebê se afogou com leite materno. Você está preparado para intervir? Foi o que aconteceu com o soldado Walter Dudek Filho durante o seu plantão na 1ª Cia. do 13º Batalhão da PM, na Vila Guaíra, em Curitiba. Graças aos treinamentos em primeiros socorros, o policial conseguiu ajudar a criança, de apenas 45 dias, a respirar novamente.

O árbitro, e também salva-vidas, Yael Falcón Perez também precisou pensar rápido depois que o jogador Isaías teve um colapso em campo, depois de sofrer uma cabeçada no jogo entre San Miguel e Defensores Unidos. “Quando se está virado para cima, a principal causa de morte é o sufocamento pela língua. O que eu fiz, foi colocado em uma posição de segurança e a língua na lateral para permitir a respiração”, esclareceu o Yael, em entrevista ao jornal “Clarin”.

Situações como essas podem parecer inusitadas, mas são muito mais frequentes do que imaginamos e, por serem imprevisíveis, saber o que fazer no momento do ocorrido, pode reduzir significativamente o risco de mortes ou as sequelas do acidente, como garante o médico Jorge José Faro, auditor do Instituto de Assistência dos Servidores do Pará (Iasep).

Aluno bem informado = cidadão preparado
Se em meio aos grandes centros urbanos a ajuda profissional já pode demorar, nas regiões mais afastadas, a espera pode durar ainda mais. Foi pensando nisso que o professor de Educação Física, Jackson Vieira Machado, resolveu preparar os alunos do 1º ano do Ensino Médio para lidarem com situações de primeiros socorros, caso necessário.

Como a escola fica no Distrito de Socavão, a 40 km da sede do município de Castro e a região conta com poucos postos de atendimento, a necessidade pareceu ainda maior para o professor. “Sabendo que o local não conta com atendimento do posto de saúde nos finais de semana, além disso, vários de nossos alunos são de comunidades aos arredores do Distrito onde nem existem postos de saúde e sinal de comunicação, em casos de acidentes é essencial que os alunos saibam o que fazer e o que não fazer para prestar os primeiros socorros à vítima”, relata Jackson.

Gamificando o cuidado

O professor aproveitou a relevância do tema para também experimentar um novo jeito de ensinar, utilizando os preceitos da Gamificação e o uso de tecnologias. Para engajar os alunos, ele promoveu uma competição entre as turmas de 1º ano, em que a turma acumulava pontos ao participar das atividades. Buscando incluir a tecnologia, o professor criou com os alunos um código de conduta para o uso do celular nas aulas (que até então era proibido) e ainda incentivou os alunos a experimentarem recursos digitais na realização das atividades, promovendo a inclusão digital dos estudantes.

As atividades iniciaram com a apresentação do conceito de primeiros socorros, levado pelo professor. Em seguida, os alunos deveriam realizar pesquisas na internet para descobrir o que era o o “PAS” dos primeiros socorros. Com os resultados em mãos, o professor levou a matéria "Árbitro salva vida de jogador que sofreu convulsão em campo na Argentina", para problematizar o assunto. Os alunos, que adoram futebol, ficaram curiosos e participaram ativamente da discussão, relatando várias situações vivenciadas por eles.

Nas aulas posteriores, Jackson apresentou mais uma matéria da Gazeta do Povo relatando outra situação onde utilizar as técnicas de primeiros socorros foram essenciais ("Bebê de dois meses é salva duas vezes por PMs da mesma companhia"). Percebendo a vontade dos alunos em aprender as técnicas, dividiu as turmas em equipes e solicitou que cada equipe realizasse pesquisas sobre como agir em diferentes situações de emergência, como no caso de afogamentos, choques elétricos, picadas de animais venenosos, queimaduras, entre outras situações de risco.

Para dar circulação social a tudo que foi aprendido, os estudantes criaram folders digitais sobre como agir em cada uma das situações estudadas e postaram em diversas redes sociais, além de deixarem disponíveis no mural da escola. Cada turma também elaborou um ofício para encaminhar ao Corpo de Bombeiros do município, solicitando uma visita para mais orientações.

Segundo o professor, a prática foi além da relevância social e colaborou com a formação da criticidade dos adolescentes. “Após todas as pesquisas os alunos fizeram outra análise da matéria inicial utilizada e criticaram alguns pontos que estavam errados no atendimento ao jogador, como por exemplo, o excesso de jogadores ao redor da vítima e os companheiros do time segurando o corpo da vítima, sendo que o socorro e proteção deveria ter acontecido apenas na região da cabeça”, disse.

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