A grande novidade da semana da Microsoft foi o lançamento de uma nova categoria de notebooks, chamados PCs Copilot+.
Eles trazem chips ARM da Qualcomm que, as duas empresas juram de pés juntos, são capazes de fazer frente aos da Apple, que desde 2020 fazem os da Intel e AMD passarem vergonha e demolem qualquer justificativa objetiva para alguém comprar um notebook de +US$ 1 mil de outra marca ou com outro sistema operacional.
Há motivos para acreditar que desta vez, depois de algumas tentativas frustradas de levar ao Windows à arquitetura ARM (a mesma dos chips da Apple e de celulares), é pra valer.
O Snapdragon X Elite que move esta fornada de notebooks Copilot+ tem as digitais da Nuvia, startup formada por ex-engenheiros da Apple, que a Qualcomm adquiriu em 2021.
À parte a promessa de lidar com um pé nas costas com recursos de IA, como o Recall e traduções em tempo real em texto (legendas) e áudio, a migração para a arquitetura ARM, se tudo correr bem, deve trazer maior autonomia de bateria e desempenho aos notebooks com Windows.
Do seu lado, a Microsoft disse ter otimizado o sistema para os chips ARM e criado uma camada de emulação para softwares x86 chamada Prism. Se for tão boa quanto a equivalente da Apple, a Rosetta 2, a escassez de apps específicos para ARM num primeiro momento deverá ser indolor aos consumidores.
Os notebooks Copilot+ não serão baratos. O preço mínimo dos da Microsoft e de parceiros, como Asus, Dell e Lenovo, é de US$ 999, o que os coloca no território do MacBook Air, o campeão de vendas da Apple e alvo prioritário da Microsoft nessa investida — não foram poucas as comparações feitas durante a apresentação.
A notícia é boa para mais gente, incluindo quem não gosta do Windows. Em paralelo à colaboração com a Microsoft, a Qualcomm está trabalhando para fazer o seu Snapdragon X Elite rodar suave no Linux. Vários recursos já foram incorporados às versões 6.8 e 6.9 do kernel e o que falta já está mapeado para as duas próximas.
No planejamento da Qualcomm, em novembro teremos acesso a instaladores fáceis e totalmente compatíveis do Ubuntu e Debian.
A julgar pelas decisões da Microsoft em relação ao Windows — que virou um cabide de penduricalhos de IA ou vitrine para serviços “Copilot” —, é bom mesmo que haja suporte a sistemas operacionais alternativos.
O ano do Linux é sempre o próximo, mas para quem já vive no futuro, ter notebooks ARM com bom desempenho que não sejam da Apple é uma ótima notícia.