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Twitter bloqueou compartilhamento de matéria do New York Post que prejudicava a campanha de Joe Biden á presidência dos Estados Unidos| Foto: Olivier DOULIERY/AFP

Três anos atrás, o historiador Niall Ferguson escreveu sobre a determinação do Vale do Silício de não ser pego de surpresa novamente quando se trata de Donald Trump. “Não se engane: 2016 nunca mais acontecerá”, alertou. Zuckerberg havia sido pressionado pessoalmente por Barack Obama sobre essas questões. Os governos da Europa também buscavam uma forma de punição.

De repente, o Facebook e outras redes sociais ficaram mais ativas politicamente. Eles baniram os anúncios online no referendo do aborto na Irlanda, o que favoreceu o lado pró-legalização. A Alemanha aprovou uma lei efetivamente empurrando as empresas de mídia social contra os críticos de direita do governo. Enquanto as manchetes tratavam de perseguir extremistas e tramas de violência, a lista de pensamentos puníveis expressos nas redes sociais incluía "insultos ruidosos e agressivos" que causam "violência psicológica".

Alguns conservadores falam sobre a censura, restrição, desmonetização, editorialização vingativa e proibição que recebem de gigantescas empresas de mídia social como se tivessem ganhado alguma coisa. “Aha! Você está exatamente onde queremos você esteja". Talvez eles estejam esperando por outra rodada de convites para visitar o campus de San Francisco e, assim, posar para uma sessão de fotos ao lado do CEO em sinal de conciliação.

Vamos ser absolutamente claros: este é um sinal claro de fraqueza conservadora. Empresas do Vale do Silício, como Facebook e Twitter, tomaram medidas dramáticas e sem precedentes para desacelerar a circulação das histórias do New York Post sobre os e-mails de Hunter Biden porque eles os consideram de seu interesse. Bilionários geralmente se tornam bilionários por saberem o que é de seu interesse. É uma aposta, antes de mais nada, na eleição de Joe Biden e uma tentativa de apaziguar os liberais que ainda estão magoados com 2016. É uma aposta contra o senador Josh Hawley e o pequeno bando de figuras do Partido Republicano que querem regular o Vale do Silício.

O poder dos atores progressistas de coordenar as indústrias contra os conservadores aumentou rapidamente nos últimos anos. Você viu isso esta semana. Os editores de um dicionário reconhecido definiram que “preferência sexual” é algo considerado “ofensivo”, apenas poucas horas depois que um produtor da MSNBC afirmou ter ficado ofendido por uma figura política conservadora que usou essa frase. Ninguém disse ao Merriam-Webster para fazer essa mudança. Eles apenas sabem que podem e não vão permitir que qualquer dever institucional venha antes de um partidário. O que estamos vendo nesta semana, com o caso do New York Post, é a consolidação.

Em vez de abrir a discussão, a mídia social geralmente tem uma qualidade asfixiante. Os jogos de status que as pessoas jogam significam que há uma enorme segurança e poder em convergir para a opinião de status mais elevado. Isto sufocou nossa conversa política e criou um ciclo fechado. A própria campanha de Biden citou as decisões do Twitter e do Facebook de restringir a história do New York Post como evidência de que a história foi desacreditada e desmascarada. Mas esta é uma lógica circular, visto que as pessoas que decidem isso estão presumivelmente alinhadas com os objetivos da campanha de Biden.

É o mesmo com o escândalo mais amplo. Se você perguntar por que o filho do ex-vice-presidente americano conseguiu um emprego lucrativo em uma empresa de energia conectada ao governo na Ucrânia depois que os Estados Unidos ajudaram o novo governo a derrubar seu predecessor democraticamente eleito, ou por que Biden estava tão ansioso para se livrar do procurador-geral ucraniano que foi problema para aquela empresa, relembram-lhe que a UE também queria que o mesmo procurador fosse embora. Mas, é claro, a razão pela qual o governo democraticamente eleito da Ucrânia foi derrubado foi o fato de não ter assinado um acordo econômico com a União Europeia. Após a revolução, figuras da UE ligadas a esse esforço, como Aleksander Kwaśniewski da Polônia, também conseguiram cargos lucrativos em empresas conectadas ao estado.

Outra resposta sem saída que os conservadores vão lançar é exigir que o Facebook e o Twitter esclareçam suas políticas. Explique-nos como permanecer do lado certo da lei. Diga-nos como não ser Alex Jones (do Inforwars). Mas não existe uma maneira previsível de permanecer do lado direito do Facebook e do Twitter. Eles não fazem as políticas para comprometerem-se a elas. Eles não explicam as mudanças antes de decretá-las. Durante anos, ficou óbvio que as empresas de mídia social simplesmente reagem e respondem aos pânicos morais que acontecem em outras empresas de mídia. Eles têm medo de serem culpados ou, no caso do Facebook, novamente culpados por Donald Trump. Alex Jones, banido das redes sociais, foi apenas um caso de teste. Você é o verdadeiro caso.

Você acha que eles estão agindo de forma rápida, decisiva e criativa para impedir a disseminação de desinformação em filipino do presidente Rodrigo Duterte? Você acha que eles estão fazendo um grande esforço na Turquia para manter Erdogan honesto? Você acha que eles estão checando os fatos dos tuítes do ditador da Malásia, Mahathir Mohamad? Não se iludam pensando que se trata de racismo ou autoritarismo.

O que o Facebook e o Twitter descobriram para seu horror em 2016 é que as empresas de mídia social de elite são empresas de mídia de elite. E há expectativas em sua indústria. As pessoas que eles desejam empregar e as pessoas que seus funcionários desejam impressionar pertencem à mesma classe daqueles que trabalham para o New York Times e o Washington Post.

Os libertários dirão aos conservadores que isso não importa. “Construa seu próprio Facebook! Construa seu próprio Twitter!”. Mas o Facebook e o Twitter são as empresas de mídia mais poderosas do planeta e a maioria das outras empresas de mídia se tornou dependente deles. E isso não vai parar nas redes sociais. A próxima fronteira são os processadores de pagamento. Boa sorte para lançar seu próximo produto de assinatura direto ao consumidor quando seus fãs mais fervorosos não podem promovê-lo no Facebook e Twitter e você não pode aceitar PayPal, Visa ou Mastercard.

O Partido Republicano, aquele que muitas vezes imaginamos ser mais dedicado aos mercados livres, não teria tolerado enormes empresas americanas como a Ford e a IBM trabalhando abertamente contra eles. As grandes corporações costumam desenvolver convenções meticulosas para parecerem não partidárias. Mas essas regras se foram.

Este não é um conselho do desespero. Há muito trabalho a ser feito. E os conservadores devem continuar a construir o que puderem. Os seres humanos foram feitos para criar.

Mas não há vantagem em descobrir que as empresas de mídia mais poderosas podem estrangulá-lo sem aviso prévio. Há apenas uma feia e grande briga.

*Michael Brendan Dougherty é redator sênior da National Review Online.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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