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Imagem de vídeo, divulgado pelo The Guardian, que mostra os maus-tratos aos iraquianos no centro britânico | Reprodução The Guardian
Imagem de vídeo, divulgado pelo The Guardian, que mostra os maus-tratos aos iraquianos no centro britânico| Foto: Reprodução The Guardian

Militares britânicos teriam torturado prisioneiros iraquianos sob seu poder, no que está sendo descrito como a "Abu Ghraib britâ­­nica" – referência à prisão co­­mandada por norte-americanos e que chocou o mundo com fotos e re­­latos de tortura física e psicológica. Segundo relata o jornal inglês The Guardian, 200 ex-presos de um centro de interrogatório secreto do Reino Unido trouxeram evidências a um tribunal superior britânico de que passaram fome, foram proi­­bidos de dormir e ameaçados de morte. Tudo teria ocorrido no centro em Basra, no Ira­­que, operado pela Joint Forces Inter­­ro­­ga­­tion Team, (JFIT) –equipe conjunta de interrogação, em tradução livre.

A corte ouviu, ainda segundo o Guardian, relatos de que os prisioneiros da JFIT apanharam, fo­­ram forçados a se ajoelhar em po­­sições desconfortáveis por mais de 30 horas seguidas e alguns até mesmo submetidos a choques. Al­­guns dos prisioneiros relatam ain­­da que sofreram hu­­milhação sexual de sol­­dados mulheres e outros que pas­­saram dias em celas de um metro quadrado.

O grupo de advogados que re­­presenta os ex-prisioneiros quer levar a denúncia a um inquérito público para buscar culpados. Na última sexta-feira, eles participaram de uma primeira audiência que vai determinar se há provas para um inquérito – o procedimento deve durar três dias. Para isso, contudo, enfrentarão a oposição do Ministério de Defesa, que já defendeu que o caso deve ser investigado internamente.

O jornal inglês destaca ainda dois vídeos apresentados como evidência e nos quais um suposto in­­surgente, preso em abril de 2007, é questionado sobre um ataque contra uma base britânica.

As imagens, feitas pelos próprios interrogadores, mostram militares gritando ofensas e ameaçando o iraquiano de morte. Eles aparentemente ignoram os relatos do prisioneiro de que está sendo proibido de dormir e forçado a jejuar há dois dias. No fim das sessões, ele é arrastado pelos dedões ao longo do corredor.

O advogado do prisioneiro alega ainda que golpes contra seu cliente, assim como seus gritos de dor, podem ser ouvidos ao fundo no fim do vídeo.

Confissão

O mesmo jornal denunciou no mês passado que os militares britânicos continuaram incluindo em seu manual de interrogatórios técnicas consideradas tortura, humilhação e ameaças.

O material diz aos interrogadores para provocar humilhação, insegurança, desorientação, exaus­­tão, ansiedade e medo nos prisioneiros. Os métodos vão contra a Convenção de Genebra, que proíbe coerção física e moral.

As orientações, segundo o jornal, foram escritas depois da morte sob tortura do iraquiano Baha Mousa, por tropas britânicas, em 2003. Há dois anos, o governo do Reino Unido admitiu ter violado os direitos humanos do iraquiano e que seus soldados torturaram outros oito iraquianos detidos.

Os nove – presos por suspeita de insurgência – foram mantidos em posições desgastantes e privados de sono por cerca de dois dias em calor extremo em uma instalação do Exército britânico perto de Basra em setembro de 2003, segundo afirmaram promotores a uma corte militar britânica.

Mousa, de 26 anos, era recepcionista de hotel, e morreu de as­­fixiado por soldados que o impediram de tentar fugir da detenção britânica.

Um soldado, Donald Payne, 35, foi condenado por tratamento desumano pelo caso, sendo o primeiro militar britânico a se de­­cla­­rar culpado de um crime de guer­­ra sob legislação internacional.

Negação

No mês passado, contudo, John Sawers, o chefe do Serviço Secre­­to Britânico, conhecido como MI6, foi a público em evento inédito para negar os recentes relatos de prática de tortura por seus agentes e ressaltar a importância de informações secretas não se­­rem vazadas pela imprensa.

Foi a primeira vez em mais de cem anos de existência do MI6 que um de seus diretores fez uma aparição pública. Ele discursou para jornalistas três dias após a denúncia do Guardian e o vazamento de documentos da Guerra do Iraque pelo site WikiLeaks.

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