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Enquanto países doadores são convidados a aumentarem suas contribuições à reconstrução do Haiti, funcionários da ONU alertam para a necessidade de atender também às necessidades humanitárias urgentes, que podem ser agravadas com a chegada da temporada de furacões no país.

Na quarta-feira, em Nova York, a ONU fará uma reunião na qual pretende angariar pelo menos 3,8 bilhões de dólares para a recuperação do Haiti. Mas o apelo da entidade por uma ajuda humanitária de 1,4 bilhão de dólares ainda está 52 por cento aquém da meta.

O representante especial das Nações Unidas no país, Edmond Mulet, pediu nesta segunda-feira (28) que a comunidade internacional se una em favor do fortalecimento das instituições públicas haitianas, destruídas depois do terremoto de 12 de janeiro.

"A comunidade internacional tem responsabilidades. Nós não podemos trabalhar com as desculpas de que um governo é corrupto, fraco, e assim por diante. Se não resolvermos essa situação agora mesmo, teremos operações de paz e intervenções no Haiti por mais 200 anos".

Segundo Mulet, o quadro de transparência e responsabilidade estabelecido no país pelo governo do presidente René Préval oferece garantias para a sociedade civil e a comunidade internacional. Para ele, as consequências causadas pelo terremoto devem servir para reforçar o Estado do Haiti.

Logo depois do terremoto de 12 de janeiro no Haiti, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU fez um apelo por doações de 575 milhões de dólares em um mês. Quando a cifra foi duplicada, as doações começaram a escassear.

"Talvez a extensão do apelo-relâmpago tenha ficado um pouco apertada pelo fato de que esta conferência -com um grande pedido para a recuperação - está chegando, então talvez os doadores tenham se segurado um pouco", disse Helen Clark, diretora do Programa de Desenvolvimento da ONU.

"Obviamente esta reconstrução de médio e longo prazo é incrivelmente importante, mas (...) se não resolvermos também o lado do auxílio humanitário você não terá os fundamentos para uma recuperação bem sucedida em um prazo mais longo", disse ela em entrevista coletiva

O terremoto do Haiti matou até 300 mil pessoas e, segundo alguns especialistas, foi o pior desastre natural do mundo em tempos modernos. O país, que já era o mais pobre das Américas, teve sua economia dizimada, e ainda há mais de 1 milhão de desabrigados.

"Não deveríamos pensar que a crise humanitária acabou. A temporada de chuva e de furacões vai começar logo", disse Edmond Mulet.

"Isso pode levar centenas de milhares de haitianos que agora vivem em tendas - algumas feitas de paus e cartolinas - a novamente perderem tudo", disse ele. "Há vidas em jogo; precisamos construir urgentemente mais abrigos duráveis."

Ele também disse que é preciso fornecer mais proteção a populações vulneráveis nos acampamentos, como mulheres e crianças. "Mas o tempo e o dinheiro estão se esgotando", acrescentou.

De acordo com ele, a violência também está aumentando, e há um aumento nos casos de ferimentos a bala relatados pelo Hospital Nacional, pelo necrotério e pela ONG Médicos Sem Fronteiras. Mulet disse ainda que há um aumento na violência sexual.

Lembrando que milhares de bandidos fugiram de cadeias destruídas pelo terremoto, ele disse: "Agora eles estão nas ruas, então (a força da ONU) tem de começar tudo do zero outra vez."

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