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A decisão do movimento Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente (Pegida) de se apoiar no atentado de Paris para convocar sua nova marcha em Dresden e o apoio dos eurocéticos da Alternativa pela Alemanha (AfD) ativou nesta quinta-feira o alarme no país diante da islamofobia.

O Pegida pediu através da rede social Facebook que se participe na segunda-feira de sua 12ª manifestação islamofóbica com cartazes negros em sinal de luto pelas 12 vítimas do atentado contra a revista francesa "Charlie Hebdo".

"Embora pareça que o atentado em Paris, um ataque à liberdade de expressão, à democracia, à Europa e a todos nós, alimente nossa causa, não vamos nos aproveitar para presumir que sabíamos dele", ressalta o Pegida, que pediu a seus seguidores para realizar uma passeata silenciosa para não dar argumentos a seus críticos.

Suas advertências tinham sido apoiadas na véspera pelo vice-presidente da AfD, Alexander Gauland. Ele considerou que o atentado de Paris demonstrou que "aqueles que ignoravam ou riam da preocupação das pessoas que alertavam sobre um perigo islamita iminente estavam errados".

Em entrevista coletiva, a chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu hoje a existência de elementos "isolados" vinculados ao jihadismo e defendeu a necessidade de manter as medidas de segurança, embora também tenha deixado claro a boa relação com "a imensa maioria" dos muçulmanos na Alemanha.

Mais direto, o ministro de Justiça alemão, Heiko Maas, tachou de "repugnante" que haja movimentos islamofóbicos ou partidos políticos que tentem "instrumentalizar" o atentado de Paris, ressaltando a necessidade de se distinguir com clareza entre terrorismo e Islã.

Neste contexto, foram divulgados nesta quinta-feira (8/01) dois estudos da Fundação Bertelsmann mostrando que, embora a maioria dos quatro milhões de muçulmanos residentes na Alemanha se sinta integrada na sociedade local, mais da metade dos alemães (57%) vê o Islã como uma "ameaça".

Segundo estas pesquisas, 61% dos alemães pensam que o Islã não se encaixa no mundo ocidental e 40% se sentem inclusive "estrangeiros em seu próprio país", por causa da presença de muçulmanos na Alemanha.

Cerca de 24% consideram que a Alemanha deveria negar de agora em diante a entrada ao país para os muçulmanos.

Segundo explicou ao jornal "Die Welt" o comunicólogo da Universidade de Erfurt e coautor do estudo, Kai Hafez, apesar dessas porcentagens, "a grande maioria" dos participantes da pesquisa "não se considera xenófoba".

O medo do Islã, segundo o estudo, é muito maior naqueles lugares onde vive um número menor de muçulmanos.

No estado federado da Renânia do Norte-Wesfália (oeste), onde vivem 33% dos muçulmanos residentes na Alemanha, 46% dos entrevistados diz se sentirem ameaçados.

Enquanto isso, nos estados com uma porcentagem mínima de muçulmanos como Turíngia e também Saxônia (leste) - em cuja capital, Dresden, nasceu e se tornou forte o Pegida - 70% acreditam que o Islã seja uma ameaça.

Na primeira reunião oficial entre responsáveis do Pegida e do grupo parlamentar da AfD na câmara regional da Saxônia, nesta quarta-feira, não se chegou a nenhum acordo formal e ambas as partes optaram por manter sua independência.

No entanto, reconheceram coincidências em vários pontos, como sua rejeição à atual política migratória.

Após esse encontro, e com a classe política alemã unida em bloco contra o partido eurocético, o líder federal dessa legenda, Bern Lucke, escolheu hoje fazer um apelo à "prudência" e pedia para se distinguir "dois extremistas violentos" de toda uma comunidade religiosa pacífica.

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