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Flores em frente ao túnel onde aconteceu o acidente, na Suíça | Denis Balibouse/Reuters
Flores em frente ao túnel onde aconteceu o acidente, na Suíça| Foto: Denis Balibouse/Reuters
  • Cerimônia em homenagem às vítimas do acidente, na Igreja de São Pedro, na cidade belga de Leuven, nesta quarta-feira (14)

A dor e a impotência tingiram de preto o montanhoso Cantão do Valais, na Suíça, acostumado às avalanches e aos acidentes de esqui, mas surpreendido nesta quarta-feira (14) pela morte, no acidente de um ônibus, de 22 estudantes e seis adultos que estavam de férias nas neves alpinas.

O dia começou no Valais, refúgio de esquiadores e de amantes da montanha, com um sol radiante e temperaturas primaveris que contrastavam com os calafrios que perturbavam autoridades políticas, policiais e médicas, e os cidadãos comuns, que assumiam o trágico balanço do acidente.

As vítimas morreram quando o ônibus no qual viajavam pela estrada A9, na altura da localidade de Sierre, se chocou às 17h15 de terça-feira, 13 (no horário de Brasília) contra a parede de um túnel por razões que ainda são desconhecidas.

Outras 24 crianças, todas elas com aproximadamente 12 anos, ficaram feridas com diferentes gravidades e foram internadas em vários hospitais, onde receberão suas famílias que viajaram para a Suíça em aviões militares.

"A morte de um adulto é dramática, mas a perda de uma criança não há palavras para defini-la", resumiu em entrevista coletiva na capital do Valais, Sion, o primeiro-ministro belga, Elio di Rupo, comovido pela magnitude do acidente.

"Estamos acostumados aos acidentes e à perda de vidas, mas a um caso como este, não. Quando há crianças envolvidas, se transforma em uma tragédia", completou o diretor médico da organização suíça de socorro, Jean-Pierre Deslarzes.

"Quando as equipes de emergência entraram no ônibus encontraram menores feridos, alguns mutilados e muitos mortos. Isto, no aspecto emocional, é muito duro, extremamente duro, muitos ficaram fortemente traumatizados", acrescentou.

Tamanho foi o golpe para as mais de 200 pessoas que participaram dos trabalhos de resgate que foi preciso estabelecer uma equipe de ajuda psicológica dedicada especialmente a eles.

"Eu não posso descrever o apocalipse que tivemos que enfrentar. Ao chegar, escutamos os gritos das crianças. Os socorristas são fortes, mas isso foi além do imaginável", comentou Alain Rittiner, motorista de ambulância, que participou da coordenação dos trabalhos de resgate.

A pormenorizada descrição do trabalho dos socorristas contrastou com o total pudor e mutismo das autoridades suíças e belgas na hora de repassar informações às famílias das vítimas.

Até o momento não se sabe onde foi instalado o centro de crise para acolhê-los, em uma tentativa clara de evitar o assédio midiático a pessoas já muito traumatizadas.

Desde cedo foi criado um cordão policial na entrada do centro funerário de Sion onde estão os corpos dos 28 mortos: sete crianças holandesas, 15 menores e seis adultos belgas, os dois motoristas e os quatro acompanhantes dos estudantes.

Os agentes postados na porta nem confirmavam nem desmentiam a chegada dos familiares, apesar de o porta-voz da polícia, Vincent Fabre, ter informado à Agência Efe que para a identificação formal dos cadáveres, era necessária a participação dos pais dos menores.

A mesma dúvida se impôs durante horas sobre o destino do avião que transportava desde Bruxelas os 116 parentes dos menores, que viajaram acompanhados de psicólogos.

A lógica indicava que deviam aterrissar no pequeno aeroporto misto (civil e militar) de Sion, mais acostumado aos aviões de combate e aos jatos particulares dos ricos esquiadores, que a um avião militar repleto de pais devastados pela dor.

A outra opção era aterrissar no aeroporto internacional de Genebra, a mais de 160 quilômetros de Sion, porém mais apto para poder transferi-los sem ser filmados pelas dezenas de câmeras de televisão que espreitavam desde cedo o aeroporto alpino.

Genebra foi finalmente a opção escolhida, e os parentes foram transportados em um ônibus com vidros escuros até o Valais.

Fabre assumiu horas depois que a desinformação era parte da estratégia para evitar que a imprensa pudesse se aproximar dos familiares das vítimas.

Dos 24 menores feridos - 17 belgas, três holandeses, um polonês, um alemão, e dois ainda não identificados -, três ainda correm risco de morte.

A autoridade judicial, com a ajuda de psicólogos, tentará na medida do possível reconstituir os fatos com a ajuda dos menores sobreviventes, enquanto espera que a autópsia do motorista e a análise das imagens feitas no interior do túnel joguem luz sobre as causas do acidente.

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