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Alan Johnston acena após ser libertado | AFP PHOTO/AWAD AWAD
Alan Johnston acena após ser libertado| Foto: AFP PHOTO/AWAD AWAD

"Eu me sentia como enterrado vivo, afastado do mundo e, às vezes, verdadeiramente horrorizado." O jornalista britânico Alan Johnston começou assim, de maneira serena, a relatar seus 114 dias de cativeiro em Gaza.

Pálido e mais magro, ainda sob um forte impacto emocional, mas evidentemente aliviado e descontraído por se encontrar em liberdade, Johnston, 45 anos, descreveu as condições de sua prisão e o longo caminho que percorreu até ser libertado nesta quarta-feira.

Durante os quase quatro meses de cativeiro, quase não viu a luz do dia e viveu sob a ameaça constante de ser executado por seus seqüestrados, ligados ao clã Dogmush, apresentado como o Exército do Islã.

"Estava nas mãos de pessoas muito perigosas e imprevisíveis. Não sabia como as coisas iam acabar: acreditava ter 50% de chances de sair vivo", explicou o jornalista da BBC.

Há alguns dias seus captores ameaçaram "degolá-lo como um cordeiro" se não fosse cumprida sua reivindicação, a libertação de muçulmanos presos na Grã-Bretanha e Jordânia, e divulgaram imagens suas preso a um cinturão de explosivos.

"Eles falavam que iam me matar e me torturar. Não sabia se acreditava neles ou não. No fim das contas, amarraram minhas mãos, cobriram a cabeça e me tiraram durante a noite", relatou Johnston, que disse ter apenas sofrido, como violência física, os golpes que lhe aplicaram minutos antes de ser entregue ao Hamas.

Sempre isolado, o jornalista passou por quatro esconderijos, onde comeu queijo, ovos ou batatas, e que ao fim de duas semanas conseguiu ouvir um noticiário da BBC, quando ficou sabendo da campanha internacional para libertá-lo, o que o animou muito.

"Eles tinham uma agenda 'jihadista', mas o que lhes interessava não era nem Israel, nem a Palestina, e sim atingir a Grã-Bretanha", comentou a respeito de seus captores.

Também agradeceu ao Hamas pelos esforços para pôr fim, desde o princípio, ao seqüestro mais longo de um estrangeiro em Gaza.

"Sem a pressão do Hamas ainda ficaria naquele quarto por muito mais tempo".Ismail Haniyeh, o primeiro-ministro palestino do Hamas destituído pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, se colocou ao lado do jornalista. Ante os fotógrafos, envolveu Alan numa bandeira palestina, que o jornalista em seguida retirou, e ofereceu uma caixa gravada com a imagem da mesquita de Al-Aqsa de Jerusalém.

Johnston, recompensado com vários prêmios por seu trabalho jornalístico, lamentou não ter podido continuar informando para a BBC, como o fazia desde que se instalou em abril de 2004 em Gaza até que foi seqüestrado, em 12 de março passado, por quatro homens armados.

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