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Pré-candidatos democratas à presidência: Michael Bloomberg, Elizabeth Warren e Bernie Sanders| Foto: Mark RALSTON/AFP

O presidente Donald Trump deve ter gostado do debate democrata desta quarta-feira (19), realizado em Nevada três dias antes da prévia do estado. A noite foi marcada por muitos ataques entre os seis principais pré-candidatos à nomeação do partido, um dos quais disputará com ele a eleição em 3 de novembro, e o principal alvo foi justamente o homem que se vende como a melhor alternativa para derrotar o republicano: o ex-prefeito de Nova York e bilionário Michael Bloomberg, que subiu ao palco do debate pela primeira vez nestas eleições prévias.

Já era de se imaginar que Bloomberg, o maior doador do Partido Democrata, receberia uma avalanche de críticas. Com a sua subida meteórica nas pesquisas de intenção de voto entre os democratas, vieram à tona antigas histórias sobre o seu comportamento problemático no ambiente de trabalho e a política de segurança racista que adotou em Nova York quando prefeito. A própria fortuna de Bloomberg, estimada em US$ 60 bilhões, também seria um fator que o desqualificaria para concorrer à presidência, segundo seus opositores. "Não acredito que olhamos para Donald Trump e dizemos: 'precisamos de alguém ainda mais rico na Casa Branca'", disse a candidata Amy Klobuchar.

A senadora Elizabeth Warren, da ala esquerdista do partido, foi a candidata mais incisiva nos ataques a Bloomberg e, por isso, foi considerada a "vencedora" do debate pelos principais veículos da imprensa americana. Vendo o seu nome cair nas pesquisas de intenção de voto para as prévias, a pré-candidata foi para o tudo ou nada - e o bilionário que estava ao seu lado, era o alvo perfeito. "Eu gostaria de falar sobre contra quem estamos concorrendo: um bilionário que chama as mulheres de gordas e 'lésbicas com cara de cavalo'. E não, não estou falando de Donald Trump, estou falando do prefeito Bloomberg", disse Warren.

Mas o que realmente surpreendeu neste debate foi o despreparo de Bloomberg. Ele não se parecia em nada com o Mike das campanhas publicitárias milionárias que circulam na internet e na TV. Sua performance foi "um desastre", segundo a comentarista política da Fox News Mary Anne Marsh. "Ele estava hesitante em sua defesa, mesmo quanto à política do 'parar e revistar', apesar de ter plena certeza de que o assunto seria abordado" durante o debate, observou o colunista Niall Stanage, do site The Hill.

A performance do candidato não passou despercebida por Trump, que tuitou: "O desempenho do debate de Mini Mike Bloomberg hoje à noite foi talvez o pior da história dos debates, e já houve alguns realmente ruins. Ele foi desastrado, desajeitado e grosseiramente incompetente. Se isso não o tirar da corrida [democrata], nada irá. Não é tão fácil fazer o que eu fiz!". Trump adotou o apelido Mini Mike para debochar da altura do candidato, 17 centímetros mais baixo que ele.

Bernie Sanders

Estava tão fácil criticar Bloomberg, que os candidatos pouco falaram sobre o atual líder da corrida democrata: o senador Bernie Sanders, o socialista democrata. Seu desempenho não recebeu tantos elogios quanto o da senadora Warren, porém, também foi considerado um dos vencedores da noite por não ter feito nada que prejudicasse a sua liderança nas pesquisas de opinião. Alguns oponentes levantaram questões sobre seu histórico médico, que Sanders insiste em manter em segredo após ter sofrido um infarto em outubro, mas isso não parece ter causado danos à imagem do candidato esquerdista.

"Ame-o ou odeie-o, não há razão para supor que a trajetória de Sanders em direção à indicação esteja prestes a mudar tão cedo", escreveu Stanage.

Moderados

Klobuchar e Pete Buttigieg, que venceu as prévias em Iowa, protagonizaram um debate acalorado sobre políticas de imigração na fronteira sul dos Estados Unidos e as experiências políticas de cada um - com Buttigieg dizendo que a senadora, como membro do comitê de segurança de fronteira no Senado, não fez nada a respeito das política de tolerância zero da administração Trump; e Klobuchar afirmando que a falta de experiência do ex-prefeito não o qualifica para a presidência. Ambos estão disputando os votos dos moderados.

O ex-vice-presidente Joe Biden, que também está na briga por este eleitorado, parecia abatido pelo acentuado declínio de sua posição nas pesquisas eleitorais. Uma vez em primeiro e a uma distância segura do segundo candidato, Biden viu Sanders passar e abrir uma ampla vantagem como o preferido do eleitorado democrata. Sua performance no palco não foi ruim, mas também não o ajudou a recuperar popularidade, mesmo que todas as críticas direcionadas a ele em debates anteriores tenham sido canalizadas em Bloomberg.

Para piorar, quando Biden estava fazendo seus argumentos finais no debate, manifestantes o interromperam gritando "você deportou três milhões de pessoas", referindo-se à política de imigração adotada durante o governo de Barack Obama, quando Biden era vice-presidente. Uma péssima maneira de concluir o debate em um momento tão ruim de sua campanha.

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