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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o candidato democrata Joe Biden participam do primeiro debate presidencial, em Cleveland, Ohio, em 29 de setembro de 2020| Foto: SAUL LOEB / AFP

É uma pena que Joe Biden não tenha comparecido ao debate de terça-feira à noite.

Ok, Biden estava presente, mas durante os 90 minutos, parecia que ele mal conseguia terminar uma frase completa.

Não está claro se o presidente Trump necessariamente ganhou a noite, no sentido de que as pessoas que estavam se inclinando contra ele vão, a partir deste debate, começar a pensar em votar nele. Mas com interrupções constantes, implacáveis ​​e obstinadas, Trump tornou impossível que Biden apresentasse qualquer um de seus argumentos. Trump fez com Biden o que Biden fez com Paul Ryan há oito anos, no debate dos candidatos a vice-presidente em 2012.

Algumas vezes, Biden perdeu a calma: "Quer calar a boca, cara?", "Continue tagarelando, cara", "É difícil conseguir alguma coisa com este palhaço". Em outras circunstâncias, o adversário que adotasse esse tom ao falar com o presidente dos Estados Unidos sairia perdendo. Mas Trump é diferente de qualquer outro presidente, sem uso de decoro, moderação ou regras, e portanto Biden provavelmente não sofrerá muito por suas próprias explosões.

Deus o ajude se você assistiu o debate na esperança de saber mais sobre as políticas dos candidatos. Biden veio para vencer um debate e Trump veio para vencer a WrestleMania [competição de luta livre]. Como um balão gigante da Parada do Dia de Ação de Graças, Trump se expandiu para preencher toda a sala, ocupando seu tempo e uma parte do tempo de Biden, martelando o que quer que ele quisesse falar, fosse relacionado à pergunta de Chris Wallace ou não.

Muitos democratas culparão Chris Wallace pelo bate-boca protagonizado pelos candidatos, mas nenhum moderador jamais enfrentou um desafio como esse antes. Depois de cerca de uma hora, Wallace fez sua melhor imitação de um pai irado pronto para parar o carro se as crianças no banco de trás não parassem de brigar. Mas a intervenção de Wallace não mudou muito o tom do debate. Trump simplesmente não se importava com quais eram as regras; sempre que pensava em alguma provocação, contra-argumento ou insulto, ele soltava - e de maneira justa ou não (na maioria das vezes injustamente) Biden muitas vezes parecia frustrado e confuso.

Os fãs de Trump vão olhar para isso e concluir que seu homem venceu. Ele certamente tornou impossível para Biden apresentar seus pontos de vista, e Trump teve muito mais tempo para apresentar seus próprios argumentos, portanto, por esse padrão, Trump "venceu". Mas eu não tenho certeza se um desempenho como esse é o que fará os apoiadores de Biden migrarem para o lado de Trump, ou que conquiste quaisquer eleitores indecisos que estejam por aí. Talvez nas margens, simpatizantes de Biden possam ter achado que o candidato democrata ficou sobrecarregado pela postura implacável de Trump esta noite e estejam se perguntam se Biden pode lidar com as pressões da presidência. Mas eu não esperaria ver muito movimento nos números das pesquisas.

Suspeito que muitos democratas declararão que este debate foi um desastre e uma perda de tempo e encorajarão Biden a se retirar dos próximos dois debates. Quem sabe, talvez, ele faça isso. O povo americano já conhece suas opções neste momento.

Há um outro aspecto incomum nesta noite.

Nas últimas cinco décadas, tudo o que Joe Biden teve que fazer foi aparecer e ser ele mesmo.

Não há uma grande diferença entre o Biden da campanha presidencial de 1988 e a campanha de 2008 e a campanha de 2020. Ele é mais ou menos o mesmo cara das audiências de Anita Hill, do projeto de lei do crime, da Guerra do Iraque e da vice-presidência. Ele parece muito mais velho e talvez fale - ou pense? - mais lento do que antes, mas ele ainda é praticamente o mesmo cara.

Ele sempre foi tagarela, geralmente amável, um tanto fanfarrão, involuntariamente idiota com suas gafes. Quem ele era, natural e instintivamente, geralmente era bom o suficiente para o que quer que estivesse diante dele. Depois de ser eleito para o Senado pela primeira vez em 1972, nenhum republicano obteve mais de 41% contra ele. Seus instintos naturais foram bons o suficiente para torná-lo presidente do Comitê Judiciário e do Comitê de Relações Exteriores do Senado. Obama tinha muitas opções para companheiro de chapa, que eram mais jovem e de estados mais valiosos, mas escolheu Biden. Como vice-presidente, Biden gerou mais do que sua cota de gafes, mas os Obama e o restante da administração o valorizavam como membro da equipe.

Este ciclo, ser o velho e conhecido Joe Biden, foi o suficiente para que ele ultrapassasse Bernie Sanders nas primárias democratas. Ele nem mesmo precisou fazer uma campanha tão forte; Biden venceu as primárias democratas de Minnesota sem visitar o estado uma única vez. Assim que a pandemia chegou ao país, a maioria das ferramentas tradicionais de campanha não estava disponível para Biden; ele apenas tinha que fazer aparições intermitentes por meio de vídeo e participar de eventos virtuais de arrecadação de fundos.

E até esta noite, apenas ser ele mesmo era o suficiente. Mas na noite do primeiro debate, isso não foi o suficiente.

*Jim Geraghty é o correspondente político sênior da National Review.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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