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O governo da China autorizou hoje que a população realizasse protestos em várias cidades contra o Japão. Os dois países estão envolvidos numa disputa territorial que insuflou os chineses. Nesta segunda-feira, a agência estatal de notícias Xinhua informou que mais de 2 mil pessoas protestaram em Chengdu, e milhares de estudantes universitários se reuniram na cidade de Xian, norte do país.

Dezenas de jovens chegaram a entrar em confronto com a polícia, que tentava conter os manifestantes na cidade de Wuhan, região central do país. Centenas de jovens - na maioria homens - marcharam com bandeiras e faixas, algumas das quais pedindo o boicote a produtos japoneses. O protesto começou de forma pacífica, mas ficou agressivo, com alguns dos participantes exibindo faixas grosseiras e racistas.

Apesar de permitir a realização dos protestos, o governo tentou se distanciar da violência e da linguagem ofensiva de alguns manifestantes, ao lançar um comunicado na noite de sábado pedindo que as pessoas expressassem seu patriotismo de modo "racional". "É compreensível que algumas pessoas expressem sua raiva contra as palavras e ações errôneas do lado japonês", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, em comunicado divulgado na internet. "O patriotismo tem de ser expressado racionalmente e de acordo com a lei."

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, qualificou os protestos desta segunda-feira como "lamentáveis". Segundo ele, Tóquio pediu a Pequim que garanta a segurança de cidadãos e companhias japonesas na China.

Pressão

Os dois países asiáticos disputam a soberania sobre as ilhas Diaoyu (na denominação chinesa) ou ilhas Senkaku (denominação japonesa). A China interrompeu os contatos em nível ministerial com o Japão no mês passado, por causa da prisão do capitão de um barco de pesca chinês por autoridades japonesas. O Japão libertou o capitão, mas Pequim exigiu um pedido de desculpas. No início deste mês, as tensões pareciam ter melhorado depois que os primeiros-ministros dos dois países realizaram uma reunião improvisada no corredor após um jantar da cúpula de países da Ásia e Europa.

Liu Shanying, analista da Academia de Ciências Sociais do Instituto de Ciência Política de Pequim, disse que os protestos deram aos chineses uma chance de mostrar sua ira em relação ao Japão antes que ela se voltasse contra o governo chinês. "O governo sabe que, se oprimir os sentimentos públicos, eles vão apenas ficar mais fortes", disse Liu. "O governo já tem uma reputação ruim internamente, tendo em vista todos os problemas com corrupção, suborno, alto custo da habitação, aposentadorias, entre outros", notou. "Ele tem de permitir que o público demonstre sua ira contra países estrangeiros, caso contrário o público pode ficar em dúvida sobre a legitimidade do governo."

As informações sobre protestos só foram divulgadas em inglês. As manifestações não foram divulgadas em chinês e muitos comentários e fotografias foram rapidamente removidos de sites locais.

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