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O ditador da Venezuela Nicolás Maduro | Carlos Becerra / Bloomberg
O ditador da Venezuela Nicolás Maduro| Foto: Carlos Becerra / Bloomberg

À medida que enfrenta pressão internacional e está ficando sem dinheiro, o banco central da Venezuela se prepara para entregar ao FMI (Fundo Monetário Internacional) importantes dados econômicos. Segundo duas pessoas com conhecimento direto no assunto, mas que falam sob condição de anonimato, o objetivo do banco com a entrega das informações é evitar sanções, incluindo, por exemplo, a possível expulsão por parte do credor. 

Ao não informar dados ao FMI desde 2016, o banco central fez com que observadores da Venezuela ficassem sem respostas durante anos de colapso econômico no país, marcados pela escassez de alimentos e pela alta nos preços ao consumidor. 

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Após uma teleconferência entre o banco e autoridades do FMI, na semana passada, técnicos venezuelanos começaram a trabalhar para fornecer novos dados sobre crescimento e inflação. Segundo disseram algumas pessoas em anonimato, por não estarem autorizadas a falar publicamente sobre o assunto, o banco teria que cumprir o prazo de 30 de novembro.

O não cumprimento do tempo limite poderia resultar em várias penalidades, incluindo a perda do direito de voto ou a retirada do fundo. Asdrubal Oliveros, diretor da empresa de consultoria Econanalítica, de Caracas, disse que o risco de que o banco seja ‘chutado’ pelo FMI está pressionando o governo do ditador Nicolás Maduro a fornecer os dados, mesmo após ter passado anos se recusando a revelar informações.  

A expulsão faria com que a Venezuela perdesse o acesso aos poucos fundos restantes associados ao credor, mas, pior do que isso, poderia desencadear uma inadimplência cruzada, isso é, se quaisquer outras obrigações do banco ficarem em atraso, o credor pode considerar que o contrato do empréstimo está vencido e entrar, até mesmo, na justiça contra o devedor. "Para muitas empresas multinacionais daqui essa seria a ‘gota d’água’", disse Oliveros.  

Os funcionários do banco central estariam trabalhando em turnos prolongados para reunir os índices do país que estão em atraso, principalmente dados do produto interno bruto, que acreditam ser os mais desatualizados.  

No dia 8 de novembro, Gerry Rice, porta-voz do FMI, disse a repórteres que o órgão já estava em contato com autoridades venezuelanas em relação à falta de dados, mas a discussão estava em andamento. "Estamos esperançosos de que isso possa levar a um resultado produtivo, mas isso será apresentado ao nosso conselho executivo no tempo certo e eles discutirão e tomarão a decisão final", disse.  

Um porta-voz do banco central da Venezuela se recusou a comentar as negociações. 

De acordo com a matéria “Venezuelan Cafe Con Leche”, publicada no site Bloomberg, a taxa de inflação anual da Venezuela está agora em 187.400%. 

O produto interno bruto encolherá 18% até o fim de 2018, representando o terceiro ano consecutivo de declínio de dois dígitos no PIB, segundo estimativas do mais recente relatório do FMI, o World Economic Outlook. As reservas venezuelanas estão em apenas US $ 8,7 bilhões, abaixo dos US $ 42 bilhões que tinham em 2008.  

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Ao mesmo tempo em que a Venezuela criticou o FMI por suas recomendações políticas em relação ao governo do ex-presidente Hugo Chávez e seu sucessor, Nicolás Maduro, o banco central do país usou, repetidas vezes, direitos a saques especiais mantidos no fundo. O país ainda tem acesso a US$ 52 milhões, que o país retirou de US$ 2,5 bilhões, segundo dados do FMI.  

Em maio, o conselho executivo do fundo emitiu uma declaração de censura contra a Venezuela por não ter fornecido informações. "A entrega dos dados foi um primeiro passo essencial para entender a crise econômica da Venezuela e identificar uma possível solução", disse o conselho em um comunicado, acrescentando que se reunirá em seis meses para rever o progresso do país.

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