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Vista da ponte mostra veículos abandonados na auto-estrada Morandi depois que uma seção desmoronou na cidade de Gênova, no noroeste da Itália | Piero CRUCIATTI/AFP
Vista da ponte mostra veículos abandonados na auto-estrada Morandi depois que uma seção desmoronou na cidade de Gênova, no noroeste da Itália| Foto: Piero CRUCIATTI/AFP

O governo italiano pediu aos gerentes da concessionária de rodovias Autostrade per l'Italia que se demitissem após o colapso de uma ponte na cidade de Gênova, no norte do país, que matou pelo menos 39 pessoas

"A diretoria da Autostrade per l'Italia deve renunciar", disse o ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, em um post no Facebook. "E considerando que houve sérias violações, anuncio que ativamos os procedimentos para a possível retirada das concessões e para as sanções de até 150 milhões de euros (R$ 657 milhões)", disse ele. 

"Se eles não conseguirem administrar nossas rodovias, o Estado fará isso", disse Toninelli. 

Segundo a agência de notícias italiana Ansa, pelo menos 39 pessoas morreram quando uma seção de aproximadamente 100 metros do viaduto, que tem 1,1 Km de comprimento, cedeu após uma forte chuva ao meio-dia de terça-feira (14). A estrada foi construída na década de 1960. Esta erguida sobre um rio, trilhos de trem e prédios no coração de Gênova. 

Apelações semelhantes sobre renúncia de gestores da Autostrade e ameaças de possível retirada de sua licença para operar as rodovias do país vieram dos vice-primeiros-ministros Luigi Di Maio e Matteo Salvini, chefes do Movimento 5 Estrelas e da Liga, respectivamente – partidos que formam a coalizão de governo. 

Falando a repórteres na região sul da Calábria na quarta-feira (15), Salvini também disse que a Itália investirá na lei orçamentária de 2019 todos os recursos necessários para melhorar a infraestrutura do país, independentemente das restrições orçamentárias da União Europeia. Na terça-feira, horas após o colapso, ele disse que não pode haver uma troca entre a segurança dos cidadãos e as regras fiscais. 

Atlantia não comentou sobre o pedido para a renúncia da alta diretoria ou sobre a possível revogação da licença de gerenciamento. 

"Não podemos deixar de examinar cuidadosa e rigorosamente as causas e responsabilidades", declarou o ministro das Finanças, Giovanni Tria, nesta quarta-feira.

Ninguém terá que se esconder atrás do álibi da falta de fundos ou restrições orçamentárias. 

O chefe de finanças acrescentou que o desastre em Gênova destaca "a necessidade absoluta de grande investimento público em um plano de infraestrutura que o governo já está trabalhando" e que "o investimento público em infraestrutura é uma prioridade do atual governo para o qual haverá não haverá restrições orçamentárias". 

Dona da Autostrade atua no Brasil

Em um comunicado divulgado na noite de terça-feira, a Autostrade disse que está "totalmente comprometida em avaliar as melhores soluções para reconstruir o viaduto no menor tempo possível de maneira segura e eficiente". A empresa expressou pesar pelas vítimas e comprometeu-se a ajudar as "instituições" a entender a causa do colapso. 

A família Benetton é a maior investidora da Atlantia, companhia à qual pertence a Autostrade e que também administra rodovias no Brasil, Chile e na Índia, e aeroportos na Itália e na França. A Atlantia controla em conjunto o operador de autoestradas espanholas Abertis Infraestructuras em parceria com a Actividades de Construccion y Servicios. 

No Brasil, a empresa italiana integra o empreendimento AB Concessões S/A, criado em 2012 e que administra mais de 1.500 km de rodovias por meio de suas concessionárias: AB Triângulo do Sol, AB Colinas e Rodovias do Tietê, no Estado de São Paulo, e AB Nascentes das Gerais, em Minas Gerais.

O presidente-executivo da Atlantia, Giovanni Castellucci, disse na terça-feira que a empresa não recebeu nenhum relatório ou alerta específico sobre a integridade estrutural da ponte. Falando à rede estatal de rádio italiana, ele também disse que não há "absolutamente nenhuma" questão relativa à manutenção da rede rodoviária em todo o país. 

As rodovias italianas geraram no ano passado 3,9 bilhões de euros em receitas para a Atlantia, cerca de 62% do total de ganhos do grupo. 

As ações da companhia caíram 5,4% em Milão na terça-feira e não estão sendo negociadas na quarta-feira, já que o mercado de ações está fechado devido a um feriado público.

Operação de resgate

O primeiro-ministro Giuseppe Conte e os principais membros de seu gabinete estão em Gênova para realizar reuniões e monitorar as operações de resgate. 

"Temos o dever de planejar uma medida extraordinária para monitorar o estado da infraestrutura em todo o país", disse Conte a repórteres em Gênova na terça-feira.

Equipes de resgate italianas sobem nos escombros da ponte da autoestrada Morandi para procurar vítimas e sobreviventes na cidade portuária de Gênova, no norte, em 14 de agosto de 2018VALERY HACHE/AFP

Enquanto isso, as buscas por sobreviventes continuam. Entre as 39 pessoas mortas, três eram crianças, de acordo com o governo local. Dezesseis pessoas estão feridas, 12 delas em estado grave.

“Não vamos perder a esperança, já salvamos uma dúzia de pessoas que estavam sob os escombros", disse à AFP Emanuele Giffi, funcionário do Corpo de Bombeiros. "Vamos trabalhar o tempo todo até que a última vítima esteja segura".

Mais de 200 bombeiros estão envolvidos na operação de resgate.

Ainda não se sabe o que provocou o colapso parcial da ponte, que fica no noroeste do país. Por ela, passa a rodovia A10, que liga cidades no Norte da Itália ao Sul da França.

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