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A informação de que o nigeriano suspeito de tentar explodir um avião norte-americano no dia de Natal aderiu à Al Qaeda na época em que estudava em Londres desperta preocupação sobre o radicalismo islâmico nas universidades britânicas, e desafia as autoridades a conciliar segurança e liberdade de expressão.

O temor é de que uma nova geração de militantes tenha surgido no país e seja capaz de reconstruir o papel que Londres tinha na década de 1990 como centro islâmico da Europa, mas desta vez usando redes privadas e as sociedades de debates dos campi universitários, em vez de mesquitas.

O vice-primeiro-ministro do Iêmen para a Defesa e a Segurança, Rshad Al Alimi, disse a jornalistas em Sanaa que o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, preso no dia de Natal com explosivos em um voo Amsterdã-Detroit, foi recrutado pela Al Qaeda na Grã-Bretanha, onde estudou entre 2005 e 2008 no University College de Londres, chegando a presidente da entidade estudantil Sociedade Islâmica.

O especialista na questão da radicalização e professor do King's College londrino, Peter Neumann, disse que militantes pró-Al Qaeda estão presentes em alguns campi britânicos, mas que é difícil separar as suas atividades do debate estudantil legítimo.

"As universidades são lugares onde os jovens experimentam ideias radicais como parte do seu crescimento. É normal. É parte do que a universidade é, e bastante legítimo", afirmou ele à Reuters.

"Mas extremistas de fato aderem às sociedades islâmicas de debates em alguns campi porque você encontrará jovens, às vezes um pouco vulneráveis, talvez vivendo longe de casa entre brancos não muçulmanos pela primeira vez e precisando de amizade."

O secretário (ministro) do Interior, Alan Johnson, disse nesta semana que o serviço de segurança MI5 estava ciente de Abdulmutallab quando ele estudava em Londres, embora não fosse visto como uma pessoa envolvida no extremismo violento.

O University College está investigando a passagem de Abdulmutallab por lá, e a entidade Universities UK decidiu examinar formas pelas quais todas as universidades poderão tomar "ações apropriadas" contra o extremismo sem violar a liberdade acadêmica.

"Há uma linha estreita sobre a qual temos de caminhar, entre assegurar a liberdade de expressão, por um lado, e salvaguardar contra seu exercício ilegal, por outro, como na incitação do ódio religioso ou racial", disse Malcolm Grant, presidente do University College de Londres, em artigo no Times Higher Education.

Para Anthony Glees, diretor do Centro para a Segurança e os Estudos da Inteligência da Universidade de Buckingham, e crítico contumaz das sociedades universitárias islâmicas, o relato sobre a adesão de Abdulmutallab na Grã-Bretanha deve estar correto.

"Sim, Abdulmutallab recebeu sua bomba e seu treinamento no Iêmen, mas é inconcebível que tenha ido embora do Reino Unido para o Iêmen e aí repentinamente decidido que queria ser treinado pela Al Qaeda."

Analistas dizem que o debate sobre a presença islâmica nos campi fica mais complicado por causa do acalorado clima político em relação ao Afeganistão.

O grupo islâmico Islam4UK causou indignação neste mês ao anunciar que pretendia realizar uma passeata contra as mortes de civis afegãos em uma cidade inglesa que realiza cortejos fúnebres para soldados britânicos mortos no Afeganistão.

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