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Quando um casal muçulmano se sentou para uma reunião com uma comissão municipal na cidade suíça de Lausanne, os entrevistadores avaliaram que "eles mostraram grande dificuldade em responder a perguntas feitas por pessoas do sexo oposto", disse o prefeito. O casal teve negado o pedido de cidadania suíça.

O prefeito Gregoire Junod disse à AFP, na sexta-feira, que o homem e a mulher se recusaram a apertar as mãos de pessoas do sexo oposto e que o comportamento deles durante a entrevista sinalizou para a comissão de três pessoas que eles não haviam se integrado adequadamente à Suíça. Apesar das leis que garantem a liberdade religiosa, "a prática religiosa não está fora da lei", disse Gregoire à AFP. 

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O aperto de mãos deu início a um debate sobre o papel da religião na Suíça, já que alguns muçulmanos, com exceção de certos parentes, não tocam fisicamente membros do sexo oposto. 

Professores suíços, frequentemente, esperam que seus alunos apertem as mãos em um movimento que é considerado como sinal de respeito por sua autoridade. Mas em 2016, dois estudantes masculinos da Síria se recusaram a cumprimentar sua professora desta maneira. Os pais dos adolescentes, em seguida, receberam multas de cerca de US$ 5.000, depois que as autoridades educacionais da região disseram que "um professor tem o direito de exigir um aperto de mão". 

A escola inicialmente disse aos dois alunos que não precisavam apertar as mãos de nenhum professor. Mas as autoridades decidiram, mais tarde, que "o interesse público em relação à igualdade de gênero, bem como a integração de estrangeiros, supera em muito o que diz respeito à liberdade de crença dos estudantes". 

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O pai dos estudantes era supostamente um imã (líder religioso islâmico) sírio que ganhou asilo na Suíça depois de se mudar para lá em 2001. Mas, a família aparentemente temia que a disputa pública pela recusa dos meninos em apertar a mão das mulheres pudesse afetar suas tentativas de se naturalizar cidadãos suíços. 

Esta semana, uma mulher sueca ganhou uma compensação por discriminação depois que uma empresa interrompeu uma entrevista de emprego porque ela não apertou a mão de um homem. O New York Times relatou que a mulher, Farah Alhajeh, colocou a mão sobre o coração e sorriu quando foi apresentada a um homem no escritório. Ela explicou que não podia apertar a mão dele por motivos religiosos. A entrevista terminou ali mesmo. Um tribunal trabalhista sueco determinou que era devido US$ 4.350 a ela. 

Ela disse ao Times que quando ela está em um ambiente de gênero misto, ela cumprimenta homens e mulheres colocando suas mãos em seu coração para não parecer discriminar um sexo. "Vivemos em uma sociedade onde você tem que tratar mulheres e homens da mesma forma", disse ela. 

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 A corte trabalhista que decidiu a seu favor disse que "a recusa da mulher em apertar a mão de pessoas do sexo oposto é uma manifestação religiosa pela Convenção Europeia de Direitos Humanos", informou o Times. Mas a empresa viu isso como uma violação da igualdade de gênero. 

O casal em Lausanne pode recorrer da decisão que lhes negou a cidadania, mas as autoridades insistem que estão certas. "A constituição e a igualdade entre homens e mulheres prevalecem sobre o fanatismo", disse o vice-prefeito Pierre-Antoine Hildbrand à AFP. Ele foi um dos membros da comissão que entrevistou o casal e disse estar "muito satisfeito com a decisão" de que eles não se tornaram cidadãos suíços.

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