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Modelo de Armadillosuchus arrudai, crocodilo-tatu, encontrado por pesquisadores brasileiros em São Paulo | Bruno Domingos / Reuters
Modelo de Armadillosuchus arrudai, crocodilo-tatu, encontrado por pesquisadores brasileiros em São Paulo| Foto: Bruno Domingos / Reuters

O bicho parecia uma mistura de crocodilo com tatu, media dois metros, chegava a 120 quilos e foi extinto há 90 milhões de anos, no oeste paulista. Trata-se do Armadillosuchus arrudai, apresentado nesta terça-feira (7) por Ismar de Souza Carvalho, pesquisador do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O fóssil que permitiu a descoberta da nova espécie e a reconstituição do esqueleto foi encontrado em 2005 pelo professor de ciências João Tadeu Arruda, morador do município de General Salgado (SP).

"Na ocasião, eu falei: `dessa vez botei a mão num dinossauro'. O crânio do bicho era muito feio. Coloquei logo o apelido de horroroso e liguei pro Ismar", disse Arruda, depois de contar que foi um aluno seu o primeiro a encontrar fósseis de crocodilomorfo na região, em 1990. Desde então, quando não tem pescaria programada, o professor do ensino fundamental e médio dedica os fins de semana a procurar fósseis na zona rural do município paulista.

O clima na região onde vivia o Armadillosuchus arrudai era quente, seco e árido, com chuvas torrenciais esporádicas. Com crânio largo, focinho curto e estreito, capacidade de mastigar e placas ósseas distribuídas como armadura no pescoço e no dorso, o crocodilo-tatu é uma espécie distinta de todos os crocodilos que já viveram no planeta, segundo Carvalho. Os hábitos alimentares e de locomoção são muito diferentes. As patas tinham garras fortes: eles também seriam capazes de escavar. "Os crocodilos que conhecemos só abrem e fecham a boca. Trata-se de uma espécie única e muito especial. Eles faziam movimentos como os da nossa mandíbula, o que explicaria a alimentação diversificada", disse o pesquisador da UFRJ. O bicho descoberto por Arruda tinha uma dieta variada - comia vegetais, moluscos e raízes de árvores.

Para Carvalho, a extinção tem a ver com mudanças climáticas ocorridas no período. O artigo que relata a descoberta, também assinado por Thiago Marinho, foi publicado no Journal of South American Earth Sciences, no fim de 2008. A pesquisa teve o apoio da Faperj e durou quatro anos.

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