A guerra do governo argentino da presidente Cristina Kirchner contra a imprensa ganhou um novo capítulo. Mas desta vez, o movimento oficial foi para "proteger" a distribuição dos jornais. O ministro chefe do Gabinete da Presidência, equivalente à Casa Civil, Aníbal Fernández, determinou o envio agentes da Polícia Federal para a segurança das unidades de distribuição dos dois maiores jornais argentinos, "Clarín" e "La Nación". Segundo Fernández, os policiais são para "prevenir eventuais bloqueios por parte do sindicato dos caminhoneiros".
Na madrugada da quarta-feira (04) e na noite de quinta-feira (05), sindicalistas ligados ao governo fizeram piquetes nos centros de distribuição dos jornais, ameaçando a não circulação dos mesmos. O "Clarín" e "La Nación" deixaram de chegar a vários pontos de venda por causa do bloqueio. Sob a ordem do líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Hugo Moyano, principal base de apoio do governo Kirchner, os caminhoneiros pressionaram os distribuidores para aderir seus motoristas ao sindicato.
Ex-caminhoneiro, Moyano controla a categoria por meio do filho dele, o presidente do sindicato, Pablo Moyano.
A CGT é alinhada com o ex-presidente Néstor Kirchner, que detém o poder de fato no governo de sua esposa. A mídia local, os analistas, a oposição e os próprios distribuidores denunciam que a manobra é mais uma etapa do conflito dos Kirchner para controlar a imprensa no País. A pressão da CGT e do sindicato para filiar os motoristas que fazem a distribuição dos jornais seria para controlar esse setor também, já que o controle sobre o conteúdo da mídia e a concessão de canais de TV e de Rádio foram garantidos com a aprovação da chamada Lei da Mídia.
O jornal "Clarín" denunciou que seus motoristas sofreram "ameaças e intimidações" por parte dos sindicalistas para que não distribuam o jornal aos seus pontos de venda. Kirchner também assinou um decreto limitando os pontos de venda dos jornais, os quais tinham sido habilitados em 1999. Pelo decreto publicado hoje, somente as bancas de jornais poderão vender os diários.
Neste mesmo dia, começou em Buenos Aires, a assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que vem alertando sobre a gravidade da situação de censura por parte do governo de Cristina Kirchner e de outros países da região, como da Venezuela, de Hugo Chávez. Com a participação de 500 editores da região, o encontro discute o delicado estado da liberdade de imprensa na América Latina.
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