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O ex-presidente boliviano Evo Morales
O ex-presidente boliviano Evo Morales fala durante uma coletiva de imprensa no Museu da Cidade do México, 13 de novembro de 2019.| Foto: PEDRO PARDO / AFP

Ex-presidente exilado da Bolívia, Evo Morales afirmou que está disposto a não participar da próxima eleição presidencial, caso tenha permissão para voltar ao país e terminar os últimos meses de seu mandato. Além disso, Morales disse que pode nomear, em trabalho conjunto com a oposição, uma nova autoridade eleitoral para monitorar uma disputa nas urnas e escolher o próximo líder.

O político falou na terça-feira (19) em entrevista ao Wall Street Journal. A Bolívia vive uma grave crise política, que começou quando a oposição e observadores internacionais acusaram Morales de tentar ficar no poder para um quarto mandato consecutivo por meio de uma disputa fraudada nas urnas em 20 de outubro. Morales de 60 anos, renunciou em 10 de novembro, em meio aos crescentes distúrbios e após o chefe das Forças Armadas, general Williams Kaliman, recomendar publicamente que o presidente deixasse o posto. Diante da perda de apoio das forças de segurança e de protestos contra ele, o presidente deixou o cargo e saiu da Bolívia, no que agora qualifica como um golpe.

Desde sua partida, o país sul-americano continua a enfrentar protestos violentos e manifestantes favoráveis a Morales entram em confronto com aqueles favoráveis ao governo da presidente interina, Jeanine Áñez, que prometeu novas eleições nos próximos meses. Desde 30 de outubro, 27 pessoas morreram, segundo o escritório da defensoria de direitos humanos estatal.

"A demanda clara do povo mobilizado é que a ditadura deve sair", afirmou Morales referindo-se ao governo interino. "Isso significa que terminemos nosso mandato e em troca nós não seremos candidatos na próxima disputa eleitoral... Se for uma questão de paz, para que não se percam mais vidas, sem problemas eu renuncio à candidatura".

Morales ficou no poder 14 anos e disse que os distúrbios continuarão a menos que se chegue a um acordo e ele possa retornar. "Meu grande desejo é voltar logo à Bolívia", afirmou, dizendo que sua presença "seria importante" para pacificar o país. Em entrevista com a CNN, ele já havia revelado estar arrependido de não ter terminado o mandato, que se encerra em janeiro de 2020.

Na entrevista, Morales negou que tenha vencido a última eleição com fraude, pedindo uma "comissão da verdade" do processo formada pelo Vaticano, a Organização das Nações Unidas e o Centro Carter, grupo pró-democracia sediado nos EUA iniciado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter.

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