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Bill Clinton falava com um pequeno grupo de pessoas, numa reunião particular na terça-feira, e disse algumas coisas que causaram um grande impacto em mim.

A primeira foi: "Quando as pessoas têm medo, as explicações sempre falarão mais alto que a eloquência".

Ele tem razão. Os americanos têm medo agora – medo de não conseguirem manter seus empregos, pagar o próximo vencimento da hipoteca, pagar pelos estudos e, bem, medo do futuro. Eles querem respostas.

Mitt Romney não deu nenhuma resposta em seu discurso na Convenção Nacional Republicana. Se teve pouca eloquência de sua parte, teve menos ainda no que diz respeito a explicações. Ele disse que mudaria as coisas, mas não conseguiu dizer como.

Até o Wall Street Journal criticou Romney em sua página editorial: "Nem ele, nem toda a convenção do Partido Republicano, conseguiu defender sua agenda político-econômica. Ele e Paul Ryan prometeram ajudar a classe média, mas jamais explicaram, nem brevemente, como fariam isso".

Esta se tornou a eleição das explicações. Romney, em parte através de sua esposa, Ann, em parte através de algumas provas comoventes de sua bondade, e, em parte através de uma performance esquisita e emotiva, conseguiu amenizar sua imagem, por mais que o enigma perdure. É pouco provável que o grosso dos EUA irá comprar o rótulo de capitalista impiedoso que a campanha de Obama quer colar em Romney. Não dá para mudar o fato de que a maioria dos norte-americanos admiram empresários de sucesso.

As pessoas estão decepcionadas com Obama. Ele não irá conseguir melhorar isso tentando defletir a ira do público contra o "Mittens", com seu sorriso carinhoso.

Não, a grande oportunidade que se abriu para o presidente agora na Convenção Nacional Democrata é a de fazer algo na qual ele não tem sido muito bom: explicar, em linguagem simples, como os Estados Unidos chegaram ao ponto em que estão, e como ele planeja colocar o país de volta ao rumo do crescimento e empregos. Isso, por sua vez, explicará porque um segundo mandato seria diferente do seu primeiro.

Como comentou Clinton, e foi essa segunda frase que me marcou: "Você tem que colocar a lavagem ao alcance dos porcos" [a frase sozinha já diz muito sobre as diferenças entre o seu mandato e o atual]. As pessoas precisam entender. A política é mais eficaz quando é simples.

Obama precisa, em primeiro lugar, lidar brevemente com o passado: as guerras sem fundos provocadas pelo presidente George W. Bush, numa época de cortes tributários também sem fundos, tiveram muito a ver com as preocupações fiscais atuais dos EUA; e foram os EUA bipolares de Bush (metade em guerra, metade com créditos ilimitados no shopping) que sofreram um colapso financeiro em 2008 de dimensões tão desproporcionais que demorará uma década para que se recuperem. As coisas estão melhores agora do que quatro anos atrás (até em Ohio os números estão melhores), mas não o bastante para melhorar o humor do país.

Tradução: Adriano Scandolara.

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