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O presidente da Argentina e candidato à reeleição, Mauricio Macri, durante coletiva de imprensa na Casa Rosada, o palácio presidencial em Buenos Aires, em 12 de agosto de 2019, um dia após as eleições primárias no país
O presidente da Argentina e candidato à reeleição, Mauricio Macri, durante coletiva de imprensa na Casa Rosada, o palácio presidencial em Buenos Aires, em 12 de agosto de 2019, um dia após as eleições primárias no país| Foto: Juan MABROMATA / AFP

A derrota eleitoral sofrida pelo presidente da Argentina e candidato à reeleição, Mauricio Macri, nas eleições primárias do domingo (11) o obrigou a pensar em medidas para reconquistar votos. A vitória do candidato Alberto Fernández e de sua vice Cristina Kirchner, com uma vantagem de 15 pontos sobre a chapa de Macri, provocou queda nos mercados e aumento do dólar. Por isso, o governo de Macri deve anunciar em breve medidas para melhorar o cenário econômico e, ao mesmo tempo, conquistar mais votos - principalmente da classe média.

Desde a sua eleição em 2015, Macri perdeu apoio das classes média e baixa, os grupos que mais sofreram com a crise econômica. O companheiro de chapa de Macri, Miguel Ángel Pichetto, disse que a derrota nas primárias de domingo é um "castigo da classe média".

A tarefa de Macri não será fácil nessas quase dez semanas até o dia da eleição. Ignacio Labaqui, cientista político da Universidade Católica de Buenos Aires, acredita que seja "quase impossível reverter um resultado tão contundente". Labaqui disse ao jornal Estado de S. Paulo que, mesmo que aumente a participação dos eleitores na votação em outubro, dificilmente esses votos irão todos para Macri. "Ele precisa que caia o apoio a Fernández, a participação aumente e ele seja o principal beneficiado dos novos votos, além de tirar votos de Lavagna, Gómez Centurión e Espert. Essa conjunção toda é algo muito difícil de ocorrer", afirmou o cientista político.

Um dia após as primárias, Macri prometeu trabalhar para recuperar a economia do país e conquistar os votos necessários para que a eleição chegue ao segundo turno. Ao mesmo tempo, membros do governo já encaram o resultado negativo e fazem um plano para o longo prazo. "Nós temos que pensar também no longo prazo, inclusive para que nossas ideias não desapareçam por 15 anos da Argentina. Temos que conseguir manter blocos grandes na Câmara e no Senado, para que, se perdermos, o que nós pensamos tenha presença forte nos próximos anos", disse um assessor próximo a Macri, que não teve o nome divulgado, ao jornal argentino Clarín.

O governo argentino deve anunciar até a sexta-feira um pacote de medidas econômicas que pode incluir aumento do salário mínimo e novos benefícios a pequenas e médias empresas. Algumas das possíveis medidas avaliadas pelo governo argentino:

Aumento da faixa isenta de imposto de renda

Uma deputada pediu o aumento do piso sobre o qual não incide imposto de renda, o que estaria nos planos da equipe econômica. A medida seria um gesto para beneficiar a classe média, decepcionada com a gestão de Macri pela grande perda de poder aquisitivo.

As informações são de que o piso a partir do qual os trabalhadores começarão a pagar imposto de renda subiria de cerca de 38 mil pesos (cerca de R$ 2.700) para 70 mil pesos (cerca de R$ 5 mil), para os assalariados que não possuem família.

Aumento do salário mínimo

O governo anunciou semanas atrás que já estava prevista a convocação do Conselho do Salário para uma reunião após as primárias. Atualmente, o salário mínimo na Argentina é de 12,5 mil pesos (cerca de R$ 890) - isso é o que recebem 1,9 milhão de pessoas. Fontes oficiais estimam que o aumento poderia estar entre 25% e 30%, segundo o jornal argentino La Nación.

Apoio a pequenas e médias empresas

O governo argentino avalia uma linha de crédito a pequenas e médias empresas, para que elas possam ter mais folga diante das dificuldades. Essa medida está sobre a mesa de negociação, mas não há muitos detalhes sobre o seu alcance.

Aumento de impostos para as exportações

O governo pode apelar a um novo aumento de retenções de impostos a exportações para financiar o restante do pacote de medidas econômicas. O rumor circulou pela tarde desta terça-feira na Argentina, segundo a imprensa local. O plano é de aumentar de 4 a 6 pesos por dólar exportado nas vendas de soja, milho e trigo, fontes oficiais disseram ao jornal Infobae. O ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca chegou a negar pelo Twitter medidas nesse sentido, mas integrantes do setor acreditam que a proposta continua sobre a mesa de negociação.

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