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Soldados leais ao governo do ditador Bashar Assad fazem guarda em posto de controle na capital síria, Damasco | Alaa Al-Marjani/Reuters
Soldados leais ao governo do ditador Bashar Assad fazem guarda em posto de controle na capital síria, Damasco| Foto: Alaa Al-Marjani/Reuters

Oposição

Coalizão rebelde rejeita participar de negociações de paz

A Coalizão Nacional Síria, principal grupo de oposição apoiado pelos países ocidentais, disse ontem que não vai participar das negociações de paz lideradas por Rússia e Estados Unidos enquanto massacres estiverem ocorrendo no país. A declaração enfraquece os esforços internacionais para colocar fim à devastadora guerra civil.

O porta-voz do grupo, Khalid Saleh, afirmou ainda que a oposição não apoiará qualquer esforço internacional de paz enquanto houver interferências do Irã e do grupo libanês Hezbollah na Síria, que apoiam as forças do governo de Bashar Assad. O anúncio dos opositores veio apenas um dia após o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al-Moallem, declarar que o governo vai participar da conferência de paz prevista para acontecer em Genebra no mês de junho.

Al-Moallem, no entanto, definiu termos para as negociações de paz que contrariaram a oposição. Segundo o ministro, Assad permaneceria no cargo de presidente pelo menos até as eleições de 2014 e poderia se candidatar a um novo mandato. A Coalizão Nacional Síria insiste para que Assad deixe o cargo e a carreira política. Além dessa exigência, o ministro sírio disse ainda que qualquer acordo alcançado seria submetido a um referendo.

Ajuda

Os rebeldes pediram ontem ajuda militar e médica na cidade fronteiriça de Qusair. Eles disseram que não foram capazes de evacuar centenas de feridos em um ataque de forças do governo apoiadas por combatentes do Hezbollah libanês.

"Nós temos 700 pessoas feridas e 100 delas estão recebendo oxigênio", disse Malek Ammar, um ativista da oposição na cidade sitiada.

Agência Estado

O ditador sírio, Bashar Assad, assegurou ontem que não renunciará a seus poderes, como exige a oposição, e que, "se o povo desejar", se apresentará à reeleição em 2014. A declaração foi feita durante entrevista transmitida pela rede de televisão libanesa Al-Manar, quando também revelou que seu governo já recebeu um primeiro carregamento de armas russas, mas foi vago ao dizer se a entrega inclui o avançado sistema de defesa de mísseis S-300.

"Se eu sentir que há uma necessidade de me candidatar, e isso será decidido depois de consultar o povo, não hesitarei em fazê-lo", declarou o ditador, que enfrenta uma rebelião desde março de 2011.

Assad rejeitou a abordagem da oposição de "um governo interino com um presidente que não desempenhe nenhum papel", um dos assuntos que serão tratados na Conferência de Genebra, que, segundo o presidente, tem "uma grande probabilidade de fracassar".

Assad afirmou também que existe na Síria "uma verdadeira pressão popular" para a abertura de uma frente nas Colinas de Golã contra Israel, que ocupa a região desde 1967.

"Há vários fatores, incluindo as repetidas agressões israelenses", disse o ditador na entrevista.

A repressão às manifestações desencadeadas em meio à Primavera Árabe transformou a onda de contestação na Síria em um conflito armado que já deixou mais de 94 mil mortos, segundo uma ONG do país.

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O presidente sírio não deixou claro se o carregamento de armas que diz ter recebido da Rússia inclui os mísseis S-300. Ao ser questionado, Assad declarou que "tudo o que combinamos com a Rússia será cumprido e parte foi implementado recentemente".

Na segunda-feira, a União Europeia (UE) eliminou um embargo de armas à Síria, abrindo caminho para que os países europeus enviem armas aos opositores do regime de Assad. A Rússia, aliada declarada do governo sírio, criticou duramente a decisão do bloco, argumentando que a medida enfraquece os esforços internacionais para o fim das tensões no país.

Armas químicas

O Reino Unido enviou uma carta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, com informações sobre três novos supostos ataques do governo sírio com o uso de armas químicas. Os atentados teriam acontecido entre março e abril deste ano. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, a carta pretende chamar a atenção da ONU para o uso de armas químicas no país.

Em resposta, o próprio go­verno da Síria pediu às Nações Unidas uma investigação sobre um suposto ataque de armas químicas por um grupo de rebeldes no dia 19 de março, na aldeia de Khan al-Allsal, na cidade de Allepo.

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