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John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, afirmou nesta sexta (1º) que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, poderia ter uma "aposentadoria tranquila" em uma área de praia como a de Guantánamo, em Cuba, em referência ao local onde os EUA têm uma prisão militar.

Em entrevista a um programa de rádio, Bolton foi questionado pelo apresentador Hugh Hewitt sobre se Maduro poderia ter um destino parecido com o de ditadores como o romeno Nicolae Ceausescu ou o italiano Benito Mussolini, ambos executados. 

"Bem, eu tuitei ontem [quinta], você sabe, eu desejo a ele uma aposentadoria longa e tranquila em uma linda praia longe da Venezuela", disse. "E quanto mais cedo ele tirar vantagem disso, mais cedo ele deve ter uma aposentadoria tranquila em uma bela praia, em vez de ser em uma área de praia como Guantánamo." 

A prisão de Guantánamo ficou conhecida pelos casos de tortura contra detentos, em especial os acusados de envolvimento com os ataques de 11 de Setembro. Um relatório de 2014 do comitê de inteligência do Senado americano reconheceu o uso de tortura contra supostos terroristas. 

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Na conversa, Bolton disse que uma intervenção militar não era iminente, mas lembrou que o presidente Donald Trump colocou "todas as opções sobre a mesa" no caso venezuelano. "Mas nosso objetivo é uma transferência pacífica de poder." 

Bolton avaliou que o problema na Venezuela é agravado pelo controle exercido pelas forças de segurança cubanas, que, segundo ele, "intimidam as forças armadas venezuelanas." 

"Não é acidente que, ao redor do hemisfério, as pessoas agora chamam o país de Cubazuela, porque os cubanos fazem muita parte do regime de Maduro." 

Bolton afirmou que os EUA tentam trabalhar com Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e que se declarou líder encarregado do país. "Não queremos dar a Maduro qualquer base para um argumento de que, de alguma forma, ele é um fantoche nosso. Ele é um líder corajoso e independente." 

O conselheiro de segurança nacional disse conversar com Trump várias vezes ao dia sobre a Venezuela. 

"Nós ligamos para o presidente Juan Guaidó alguns dias atrás. Eles tiveram uma conversa excelente. O presidente está muito ativamente engajado nisso. E nós estamos olhando para uma gama completa de passos econômicos e políticos que ainda devem ser dados." 

Na última segunda (28), os EUA impuseram novas sanções econômicas à Venezuela, bloqueando US$ 7 bilhões (R$ 26 bilhões) em ativos da PDVSA. O governo americano determinou ainda que os pagamentos recebidos por petróleo comercializado pela estatal venezuelana aos EUA devem ir para uma conta bancária inacessível a Maduro. 

Diálogo descartado

Vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence afirmou nesta sexta-feira que agora "há esperança na Venezuela" e pediu que a comunidade internacional reconheça o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente legítimo da nação sul-americana, após prometer a imigrantes que os EUA os apoiarão até que eles possam voltar a salvo a seu país. 

Em um discurso ante dezenas de venezuelanos residentes no sul da Flórida, Pence garantiu que os EUA seguirão pressionando pela via diplomática e econômica a Venezuela até que retorne a liberdade e a democracia, mas reiterou que "todas as opções estão sobre a mesa". "Este não é o momento para o diálogo", disse o vice-presidente. "É o momento de terminar com o regime de Maduro." 

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O governo americano reconheceu Guaidó como presidente interino, em um quadro de aprofundamento da crise econômica e humanitária da nação sul-americana. Há pouco mais de um ano o vice-presidente havia tido encontro similar com a comunidade venezuelana. Após o reconhecimento a Guaidó pelos EUA, o presidente Nicolás Maduro denunciou que estão tramando um golpe contra ele.

Questão de “horas”

O presidente colombiano Iván Duque disse, nesta sexta-feira, que restam “poucas horas” para a queda da ditadura venezuelana. Ele pediu um maior cerco diplomático contra Maduro para facilitar o retorno da democracia ao país.

“Hoje vale a pena aplaudir o que o mundo está vendo; que restam muito poucas horas à ditadura venezuelana, porque há um novo regime institucional que está sendo criado graças ao trabalho que a Colômbia e outros países têm desempenhado”, disse Duque durante um ato de governo, segundo relatou a Reuters.

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Nesta quarta-feira (30), a Colômbia divulgou uma lista de mais de 200 pessoas ligadas ao regime de Nicolás Maduro que estão proibidas de entrar no país, segundo autoridades da migração. Alguns venezuelanos tiveram que deixar a Colômbia.

A Colômbia faz parte do chamado Grupo de Lima e é um dos países que reconheceram Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Medidas brasileiras

O Brasil também avalia medidas para dificultar o financiamento do regime do ditador venezuelano. Nesta sexta, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o governo Jair Bolsonaro (PSL) estuda o congelamento de bens de autoridades venezuelanas no Brasil como uma forma de aumentar a pressão internacional. 

A tensão política na Venezuela aumentou no início do ano, quando Maduro assumiu seu novo mandato como presidente. A eleição do ditador não foi reconhecida pela Assembleia Nacional, de maioria opositora, que o classificou como usurpador - EUA, União Europeia e Brasil também não reconhecem Maduro como presidente do país. 

Os protestos contra o ditador começaram na segunda da semana passada (21), no mesmo dia em que um grupo de 27 militares se rebelaram contra o regime e acabaram sendo detidos. As maiores manifestações, porém, ocorreram na quarta (23), quando Guaidó se declarou presidente encarregado.

Com informações da Folhapress e do Estadão Conteúdo.

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