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O embaixador do Brasil no Suriname, José Diniz Machado e Costa, afirmou à Agência Estado que o número de brasileiros feridos por moradores locais a golpes de facões em Albina, cidade distante 150 quilômetros da capital, Paramaribo, chega a 25. Ele salientou que o número não foi confirmado pelo governo local. Inicialmente, o dado divulgado era de 14 feridos. Embora sete pessoas estejam em estado grave, o diplomata disse que não há informação oficial sobre os feridos ou se alguma vítima corre risco de perder a vida. O fato ocorreu na virada do dia 24 para o dia 25 de dezembro.

Segundo o embaixador, uma mulher grávida, cujo primeiro nome é Érica, teria perdido o bebê no ataque, de acordo com o relato de um adido consular brasileiro. Essa informação, no entanto, não foi confirmada oficialmente.

O diplomata ressaltou que os atos de extrema violência ocorreram depois que um garimpeiro brasileiro matou um morador local, que faz parte do grupo étnico marron, como são conhecidos os surinamenses descendentes de escravos - o equivalente aos quilombolas do Brasil. Em represália, cerca de 300 marrons teriam atacado um grupo de 80 brasileiros estabelecidos nas redondezas.

O embaixador brasileiro destacou que 32 pessoas do grupo atacado foram convidadas pelo governo do Suriname a prestar depoimento às autoridades em Paramaribo. Eles estão hospedados nos hotéis Confort e Esmeralda. De acordo com o diplomata, ele recebeu a orientação do ministro das Relações Exteriores interino do Brasil, Antônio Patriota, para viajar amanhã pela manhã para Albina, onde conversará com os brasileiros estabelecidos na cidade para saber qual tipo de assistência eles precisam do governo brasileiro.

Garimpo

O embaixador José Diniz Machado e Costa destacou que não há um número preciso de brasileiros que trabalham em Albina, onde a principal fonte econômica é a extração mineral. Ele disse que há 15 anos muitos garimpeiros partiram do País para o Suriname em busca de ouro, pois a atividade passou a se tornar mais restrita no Brasil. Segundo ele, os garimpeiros brasileiros normalmente são originários do Pará, Roraima, Amapá, Amazonas, Maranhão e Tocantins. "Geralmente quem busca ouro fica na região por pouco tempo, talvez alguns meses, e depois vai embora", comentou.

De acordo com o diplomata, ele foi informado sobre o ataque nesta sexta, por volta das 18 horas. Ele reconheceu que a lentidão no fluxo de notícias ocorreu por fatores estruturais e culturais do país, pois o Suriname se tornou independente da Holanda em 1975 e não desenvolveu desde então uma burocracia estatal eficiente em diversas áreas. "Ainda não sabemos se entre os 25 feridos há mulheres e crianças, pois é bem provável que ainda não foi feito um levantamento oficial sobre isso", ressaltou.

O embaixador, contudo, ressaltou que o governo do Suriname está sendo muito prestativo e solidário aos garimpeiros atacados. Para ele, uma das principais hipóteses que provocou o homicídio que motivou o ataque dos marrons teria sido uma divergência sobre o pagamento "em ouro" que os brasileiros precisam dar periodicamente aos chefes da população local para poder extrair minerais da área. "É provável que tenha sido exigido um valor abusivo em ouro do brasileiro. Teria ocorrido a briga e, em seguida, o homicídio", disse.

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