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Médica ajuda profissional da imprensa que foi ferida depois que a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha em protesto pela morte de George Floyd em Minneapolis, 30 de maio
Médica ajuda profissional da imprensa que foi ferida depois que a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha em protesto pela morte de George Floyd em Minneapolis, 30 de maio| Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

Durante os protestos nos Estados Unidos motivados pela morte de George Floyd, o ex-segurança que foi sufocado por policiais na semana passada, foram registrados vários casos de detenções e ataques de policiais contra jornalistas que cobriam as manifestações. O clima hostil para o trabalho da imprensa atraiu críticas e pedidos de investigação por autoridades da Austrália e da Alemanha.

Mais de 230 violações à liberdade de expressão foram registradas pelo US Press Freedom Tracker, incluindo mais de 40 detenções e 125 agressões de policiais a membros da imprensa. Em alguns dos incidentes, não é possível saber se as agressões foram deliberadas, enquanto em outros, jornalistas claramente identificados como profissionais da imprensa foram alvos diretos de forças de segurança.

O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, pediu na terça-feira (2) uma investigação sobre o caso de dois jornalistas australianos que foram atacados pela polícia enquanto cobriam os protestos na segunda-feira perto da Casa Branca, em Washington.

A correspondente Amelia Brace, da 7News US, estava ao vivo quando um policial a acertou com um cassetete e o cinegrafista Tim Myers foi derrubado por um policial. "Vocês nos ouviram gritando que somos da imprensa, mas eles não ligam. Eles não estão diferenciando no momento", explicou Brace, ao vivo.

Em Minneapolis, onde os protestos se originaram, um repórter e um cinegrafista da emissora internacional alemã Deutsche Welle foram ameaçados por policiais em dois dias consecutivos enquanto faziam a cobertura dos eventos. Os policiais atiraram projéteis e ameaçaram prender a equipe em duas ocasiões, no domingo e na segunda-feira.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, afirmou que vai acompanhar o caso da equipe alemã. Ele pediu nesta terça-feira (2) que os atos não caminhassem mais para a violência e condenou os ataques aos jornalistas. "Eu espero que os protestos nos EUA - que são pacíficos - não mais resultem em violência, e mais ainda, que esses protestos façam diferença", afirmou o ministro. "Jornalistas que estão reportando no local devem poder fazer o seu trabalho e o estado de direito deve garantir isso".

Com relação aos incidentes que envolveram a equipe da Deutsche Welle, Maas disse que "entraremos em contato com autoridades dos EUA para saber mais sobre as circunstâncias".

"Qualquer ato de violência que ocorra nesse contexto deve não apenas ser criticado, como também investigado para que os jornalistas estejam protegidos ao fazer o seu trabalho", disse Maas à DW.

Detenções e ataques

Em três dias de protestos, entre a sexta-feira e o domingo passado, pelo menos 125 violações contra a liberdade de imprensa foram relatadas por jornalistas que estão cobrindo os atos nos Estados Unidos, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Entre as violações estão pelo menos 41 detenções de jornalistas, relatadas desde o início das manifestações até esta quarta-feira, de acordo com o monitoramento do US Press Freedom Tracker. A plataforma registrou ainda 153 ataques (125 pela polícia e 27 por outros) e 39 casos de equipamentos danificados.

Um desses casos foi a prisão de uma equipe da rede de televisão americana CNN durante uma transmissão ao vivo de Minneapolis na sexta-feira (29). Um repórter, um produtor e um fotojornalista foram algemados e presos mesmo após terem se identificados como membros da imprensa. Eles ficaram detidos por uma hora em uma unidade de segurança e depois foram liberados.

No mesmo dia, a sede da CNN em Atlanta foi vandalizada por manifestantes que gritavam palavras contra a imprensa. Vidros foram quebrados e o interior do edifício foi destruído.

Em Louisville, a polícia atirou projéteis de spray de pimenta diretamente contra uma equipe do canal americano Wave 3 que estava ao vivo.

Outra vítima da violência policial contra manifestantes e jornalistas foi a fotógrafa Linda Tirado, que estava nas ruas de Minneapolis cobrindo os protestos quando foi atingida por uma bala de borracha em seu olho esquerdo. Após ser levada por manifestantes para um hospital e ter passado por uma cirurgia, ela descobriu que perdeu permanentemente a visão do olho atingido.

Os Estados Unidos ocupam a 45 posição no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras para 2020, que avaliou 180 países.

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