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Pior ataque terrorista de 2017 ocorreu na Somália | MOHAMED ABDIWAHAB/AFP
Pior ataque terrorista de 2017 ocorreu na Somália| Foto: MOHAMED ABDIWAHAB/AFP

Em plena hora do rush de Londres, na terça-feira, um homem identificado pela imprensa local como Salih Khater, de 29 anos, bateu com um carro nas barreiras de segurança em frente ao Parlamento britânico. A polícia está tratando o incidente, que deixou três pessoas feridas, como um potencial ataque terrorista. 

Em breve comentário, ainda na manhã de terça, o presidente dos EUA, Donald Trump, seguiu seu padrão habitual: disparou um tuíte sobre "outro ataque terrorista" em Londres. 

Uma sensação de déjà vu é compreensível. Há pouco mais de um ano, um ataque similar em Londres resultou na morte de cinco pessoas e feriu mais de 50 em frente às Casas do Parlamento e da adjacente Ponte de Westminster

Apesar de tais ataques, estatísticas divulgadas este mês pela Universidade de Maryland sugerem que 2017 foi o terceiro ano consecutivo em que o número de ataques terroristas em todo o mundo - e as mortes causadas por eles - caiu. Até agora, 2018 indica que esta tendência de queda deve continuar. 

O programa de Terrorismo e Respostas ao Terrorismo (START, na sigla em inglês) da universidade concluiu que houve 10.900 ataques terroristas em todo o mundo no ano passado, que mataram um total de 26.400 pessoas, incluindo 8.075 perpetradores. O ataque terrorista mais mortal de 2017 ocorreu em outubro, na Somália quando assaltantes detonaram explosivos em um caminhão perto do Hotel Safari. Mais de 580 pessoas foram mortas e mais de 300 ficaram feridas.

Em relação a 2016, houve uma queda de 18% no número de ataques terroristas. Naquele ano foram registrados 13.400 casos que mataram 34 mil pessoas. O número de ataques e mortes por terrorismo parece ter atingido o pico em 2014, quando houve quase 17.000 ataques e mais de 45.000 vítimas. 

Análise dos dados

O que explica a tendência de queda? Na Europa Ocidental, onde o número de ataques aumentou ligeiramente em 2017 - mas o número de vítimas caiu em 65% - pode ser uma questão de policiamento e contrainteligência. A primeira-ministra britânica Theresa May disse na terça-feira (14) que o país frustrou 13 conspirações terroristas islâmicas e quatro da extrema-direita desde março de 2017, quando ocorreu o ataque próximo ao Parlamento britânico.

Em escala global a resposta é clara. Embora tenha havido um aumento nos ataques terroristas na Europa nos últimos anos, a maioria ainda ocorre no Oriente Médio e na África, e essas regiões registraram grande declínio em 2017. De acordo com o START, o número de ataques terroristas no Oriente Médio e no Norte da África caiu 38% e o número de vítimas diminuiu em 44%. 

Isso pode ser em grande parte atribuído à perda de território e às derrotas militares do Estado Islâmico ao longo de 2017. Sem uma base estável, o número de ataques que o grupo jihadista poderia perpetrar em países como Iraque e Síria caiu drasticamente, assim como o dano que poderia causar a populações civis. 

Foi em grande parte graças à ascensão do Estado Islâmico e outros grupos extremistas como o Boko Haram que 2014 se tornou um ano tão marcante para o terrorismo global. Em 2015, o Instituto de Economia e Paz divulgou um relatório que constatou que houve um aumento de 80% nas mortes por terrorismo em apenas um ano - e que o número de mortes em 2014 foi nove vezes maior do que havia sido em 2000. 

Saiba mais: Por que ninguém liga para o maior atentado terrorista desde o 11 de setembro?

Mas uma leitura mais atenta das estatísticas de 2014 mostra um cenário com nuances. Apenas três países - Iraque, Nigéria e Afeganistão - foram responsáveis por 60% das mortes por terrorismo. E mesmo que o total naquele ano tenha sido terrível (mais de 45.000, de acordo com o START), ainda foi menor do que o de mortes causadas por overdoses de drogas nos Estados Unidos.

Terrorismo em declínio?

É muito cedo para dizer se 2018 seguirá a tendência de queda dos últimos três anos. O grupo de monitoramento Jane, da fornecedora de informações e análises IHS Markit, alertou que pode haver um surto de ataques na Europa à medida que os combatentes do Estado Islâmico retornarem do Oriente Médio. Notavelmente, na terça-feira, dois relatórios sugeriram que o número de combatentes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria é consideravelmente maior do que o estimado anteriormente.

Além disso, segundo o START, é preciso lembrar que a violência terrorista permanece extraordinariamente alta em comparação com tendências históricas. Na década anterior ao 11 de setembro, a frequência e a letalidade dos ataques terroristas, por ano, era inferior a um terço do registrado em 2017.

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