• Carregando...
O suspeito teria atacado também uma agência do banco Société Générale e a BFMTV, como mostra esta imagem feita  pelo circuito interno da emissora | REUTERS
O suspeito teria atacado também uma agência do banco Société Générale e a BFMTV, como mostra esta imagem feita pelo circuito interno da emissora| Foto: REUTERS

A polícia da França afirma que um homem branco, entre 35 e 45 anos, foi o atirador responsável pelos ataques desta segunda-feira (18) ao prédio do jornal "Libération", que feriu gravemente um assistente de fotógrafo, e ao banco Société Générale, em Paris. O criminoso ainda está foragido.

As duas ações fizeram com que a polícia francesa colocasse nas ruas um efetivo reforçado para fazer o cerco ao atirador e garantisse a segurança de outros jornais e possíveis alvos. Os agentes afirmam que o homem também é o responsável pelo ataque à emissora BFMTV, na última sexta.

Segundo a polícia, o homem que atacou os dois prédios é de tipo branco europeu, entre 1,70m e 1,80m, forte, calvo e com barba por fazer. Ele vestia um sobretudo cáqui, uma camisa verde, um colete e tênis verde e branco.

O ataque desta segunda começou por volta das 10h15 locais (7h15 em Brasília), quando o atirador abriu fogo com uma escopeta calibre 12 no saguão do prédio do "Libération". Um ajudante de fotógrafo de 23 anos, que trabalharia em uma sessão de fotos para a revista "Next", foi gravemente ferido e levado para o hospital.

Duas horas depois, um homem com a mesma descrição disparou contra o prédio do Société Générale, no bairro parisiense de La Defense, sem deixar feridos. Após o incidente, ele fugiu. A polícia acredita que ele também foi o responsável por disparar na entrada do prédio da sede da cadeia BFM TV, na última sexta.

Na ocasião, o atirador teria dado dois tiros para o alto e teria ameaçado jornalistas. Testemunhas afirmam que, ao deixar o prédio, o homem falou que não erraria na próxima. O tipo de munição e arma usados nas três ações é o mesmo.

O diretor de redação do "Libération", Fabrice Rousselot, afirmou que o ataque ao prédio provocou uma forte comoção em todo o jornal e se disse indignado que "uns indivíduos são capazes de atacar a imprensa". Já o diretor de publicação do jornal, Nicolas Demorand, classificou a ação do atirador de "tragédia".

"Estamos horrorizados por presenciar uma tragédia. Quando alguém entra com uma espingarda dentro de um jornal em meio a uma democracia, é muito, mas muito grave, independentemente do estado mental da pessoa", disse, em entrevista à agência AFP.

"Se os jornais e os meios de comunicação precisam se transformar em bunkers, há algo de errado na nossa sociedade".

Tensão

A tentativa de homicídio acontece em meio à forte tensão política na França entre grupos de extrema-direita e o governo do presidente socialista François Hollande. Um dos maiores jornais franceses, o "Libération" é vinculado à esquerda e mostra apoio a diversas medidas promovidas pelo mandatário.

Desde junho de 2012, quando assumiu o cargo, Hollande aprovou o casamento gay, provocando a ira de setores mais conservadores, e deu apoio a medidas que favorecem os imigrantes e as minorias étnicas na França.

Dentre as principais defensoras desses princípios, está a ministra da Justiça de Hollande, Christiane Taubira, que é negra e foi uma das grandes vozes a favor do casamento gay.

Na semana passada, uma revista de extrema-direita provocou a indignação do governo ao fazer um título de capa contra a ministra, que foi interpretado como racista.

Na ocasião, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault informou que o caso será analisado pela Justiça baseado na lei francesa que proíbe racismo.

Helene Valette, porta-voz do "Minute", disse que a manchete era uma sátira e acusou o governo de, com a discussão, tentar desviar o foco dos verdadeiros problemas do país. "Foi um trocadilho".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]