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Mesmo depois de atingirem a quantia necessária para a publicação de um anúncio no "New York Times" denunciando a onda de violência que atinge a Turquia nos últimos dias, os três turcos que iniciaram a campanha no último domingo (2), através de um website de financiamento, continuam recebendo doações em dinheiro. Como já atingiram US$ 30 mil a mais do que o necessário, os ativistas pretendem agora financiar um documentário sobre os protestos.

A iniciativa dos turcos Murat Aktihanoglu, Oltac Unsal e Duygu Atacan já é considerada a mais rápida mobilização política da história do site Indiegogo, uma plataforma online de financiamento, que existe desde 2007. Em apenas 36 horas, eles conseguiram o montante de US$ 85 mil, uma média de US$ 2.500 por hora, de pessoas espalhadas em mais de 50 países. Na página, os três amigos, que moram nos Estados Unidos, não se definem como ativistas, mas afirmam que sentiram a necessidade de tomar medidas em prol dos seus compatriotas diante do aumento da violência no país.

O trio também acredita que a ação é uma forma simbólica para combater a falta de cobertura jornalística na imprensa turca, por isso decidiram publicar um anúncio em página inteira no maior jornal americano. Eles escolheram o "New York Times" porque o periódico prometeu colocar a publicidade até quinta ou sexta-feira na página mais lida da publicação. "Eu estava assistindo tudo o que acontece na Turquia através das mídias sociais", disse Atacan ao site da revista Forbes. "Quando fui conversar com meus avós, descobri que eles não sabiam de nada que estava acontecendo no país. Achei isso assustador."

Fora isso, os turcos abriram uma conta no Twitter para trocar informações entre si e seus contatos no exterior. Foi também por meio da rede social que eles conseguiram os primeiros "financiadores". A rapidez com que conseguiram mobilizar os internautas chamou a atenção dos donos do site de financiamento. Aktihanoglu contou a Forbes que o co-fundador e CEO da Indiegogo, Slava Rubin, ligou para ele horas depois da campanha ter entrado no ar.

"Ele queria saber quem éramos e por que isso estava acontecendo de forma tão rápida. Rubin também me disse que era a mobilização mais rápida da história do Indiegogo", afirmou Aktihanoglu. "E tudo o que nós fizemos foi por atualizações em nossas contas no Twitter, mais nada."

O protesto na Turquia começou na segunda-feira da semana passada, depois que árvores foram derrubadas no Parque Gezi, no centro da capital do país. A ação faz parte de um plano de revitalização do local, mas se transformou numa ação mais ampla contra o primeiro-ministro turco Erdogan e seu partido, o Justiça e Desenvolvimento (AKP), que tem raízes islâmicas.

Erdogan liderou uma transformação na Turquia durante a década em que está no poder, fazendo a economia deixar seus dias de crise e se transformar na de maior crescimento na Europa. Ele é, de longe, o político mais popular do país. Mas críticos atacam seu autoritarismo e o que chamam de interferência de seu governo na vida privada. Grandes restrições à venda de bebidas alcoólicas e alertas contra manifestações amorosas públicas levaram a protestos nas últimas semanas. Muitos turcos também temem que as políticas do governo façam a Turquia entrar no conflito da Síria.

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