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Militante encapuzado faz a guarda de prédio do governo regional de Donetsk, ocupada por manifestantes na última semana | Marko Djurica/Reuters
Militante encapuzado faz a guarda de prédio do governo regional de Donetsk, ocupada por manifestantes na última semana| Foto: Marko Djurica/Reuters

Mudanças

Governo ucraniano planeja ampla reforma constitucional e anistia

O premiê interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, e o presidente Oleksandr Turchinov divulgaram ontem um comunicado afirmando que o governo planeja uma "ampla" reforma constitucional, que concederá maior autonomia fiscal às regiões e anistia aos manifestantes pró-Rússia que tomaram prédios estatais no leste do país.

Prefeitos e governadores passarão a ser eleitos, e não mais nomeados pela administração central, e a língua russa terá um status especial, podendo ser declarada idioma oficial em algumas regiões.

Para o analista político Vadim Karasyov, o governo interino não tem condições de resolver as revoltas por meio militar, então procura negociar com os manifestantes. "Kiev deveria ouvir as demandas dessas pessoas. Eles [o governo] nem sabem quais são essas demandas, talvez elas sejam razoáveis", comentou.

Timoshenko

A ex-premiê e provável candidata à presidência da Ucrânia Yulia Timoshenko chegou ontem a Donetsk, no leste do país, em uma tentativa de amenizar as tensões na região. "Eu gostaria de ouvir as demandas e descobrir quão sérias elas são, para que se possa encontrar o compromisso necessário entre o leste e o oeste, que nos permita unir o país", afirmou. Ela conversou com manifestantes que ocupam prédios públicos.

Desarmamento

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que "é óbvio que quando se fala em desarmamento, nós temos em mente primeiro de tudo a remoção das armas do membros do Setor de Direita e outros grupos pró-fascistas que participaram do golpe em Kiev em fevereiro". O Setor de Direita é um grupo ultranacionalista que está ocupando o prédio da prefeitura de Kiev e um centro cultural na cidade.

  • No interior do prédio público, manifestante lê jornal

O acordo para a paz no leste da Ucrânia negociado por lideranças internacionais em Genebra (Suíça) já deu sinais de fragilidade um dia depois de seu anúncio. Ativistas pró-Rússia na região informaram ontem que não o reconhecem e, por isso, vão continuar nos prédios públicos ocupados desde a semana passada.

A desocupação foi uma das condições do acerto selado na quinta-feira por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Ucrânia após sete horas de reunião na Suíça. As lideranças disseram que era medida consensual entre todas as partes envolvidas desarmar esses grupos e tirá-los dos espaços invadidos.

A interferência da Rússia para convencer esses militantes a recuar seria fundamental para o sucesso do acordo de Genebra, mas o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem dito que não tem relação com esses grupos e que cabe somente à Ucrânia solucionar o impasse interno – até porque intermediar, para Moscou, seria admitir elo com o movimento.

Como os separatistas, que não se identificam, resistem a negociar, as promessas feitas na Suíça se enfraquecem. A situação mais crítica continua sendo em Donetsk, onde um grupo declarou uma "república independente".

Um porta-voz dos separatistas disse que não só eles, mas a cúpula do governo da Ucrânia também deve deixar os prédios públicos, inclusive o presidente interino, Oleksander Turchinov, e o premiê, Arseni Yatseniuk. Eles assumiram o país após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, pró-Rússia, em fevereiro.

"Entendemos que todos devem desocupar os prédios e Yatseniuk e o presidente Turchinov deveriam fazê-lo primeiro", disse o porta-voz. O grupo avisou que ninguém negociou em seu nome em Genebra, incluindo a própria Rússia.

Kiev restringe a entrada de cidadãos russos

A Ucrânia restringiu a entrada de cidadãos russos em seu território para supostamente evitar a infiltração de militantes no leste do país, onde a população pró-Rússia se revoltou contra o governo.

Segundo informou ontem o portal russo Gazeta.ru, que cita serviços de fronteira da cidade ucraniana de Jarkov, cerca de 70 pessoas procedentes da Rússia foram proibidas nas últimas 24 horas de cruzar a fronteira entre os dois países, e por isso tiveram que descer do trem em que viajavam.

A informação foi confirmada por patrulhas fronteiriças russas da estação Kazachia Lopan, a 40 quilômetros de Jarkov. Mulheres e crianças também não puderam entrar na Ucrânia, o que não corresponde com as informações divulgadas pela maior companhia russa, Aeroflot, que anunciou que Kiev tinha apenas proibido a entrada de homens russos entre 16 e 60 anos.

A chancelaria russa, por sua vez, exigiu explicações da Ucrânia e prometeu "estudar medidas de resposta". O governo ucraniano acusa os russos de articularem a invasão aos prédios públicos.

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