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Policiais vigiam área próxima ao ataque, horas depois do incidente | KENA BETANCUR/AFP
Policiais vigiam área próxima ao ataque, horas depois do incidente| Foto: KENA BETANCUR/AFP

Sayfullo Habibullaevic Saipov, de 29 anos, natural do Uzbequistão, invadiu uma ciclovia dirigindo uma caminhonete e deixou pelo menos oito mortos na tarde desta terça (31) em Nova York, na região sul de Manhattan, conhecida por abrigar a prefeitura, o distrito financeiro e o World Trade Center. 

Segundo o Departamento de Polícia da cidade, o autor do atentado planejou o crime durante semanas e o cometeu "em nome" do Estado Islâmico. "Ele seguiu à risca instruções do ISIS a seus seguidores sobre como conduzir atentados”, disse John Miller, vice-comissário da polícia.

O atropelamento aconteceu em uma ciclovia na rua West, que corre de forma paralela ao parque na margem do rio Hudson, nas proximidades da rua Chambers.

Você vai ver nesta reportagem:

O FBI e a prefeitura tratam o caso como um ato terrorista.

Cinco das vítimas eram cidadãos argentinos que tinham ido a passeio para a cidade. Eles faziam parte de um grupo de dez ex-alunos de um colégio de Rosario, e tinham alugado bicicletas quando foram apanhados por Saipov, de acordo com o jornal La Nacion. Outro membro do grupo está em estado grave. Os outros quatro membros do grupo estão fora de perigo.

De acordo com a polícia, Saipov alugou uma caminhote na Home Depot e invadiu a rua West, uma ciclovia também usada para pedestres, atropelando quem estava no caminho. Após bater em outro veículo, o motorista saiu segurando duas armas (uma arma de ar-comprimido que dispara chumbinho e outra de paintball) e foi atingido por um policial no estômago. Ele está sob custódia, em um hospital, afirmou a polícia. 

De acordo com o jornal "The New York Times", ele tem um Green Card e vive legalmente no país. A publicação diz que a polícia encontrou uma nota na qual Saipov teria jurado lealdade ao Estado Islâmico. Ele tem uma carteira de motorista de Tampa, na Flórida, e já morou na cidade, assim como em Paterson, Nova Jersey. Não está claro ainda onde ele vive atualmente. 

De acordo com o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD), o motorista gritou Allahu akbar (Alá é o maior), quando saiu do veículo.

Um porta-voz da Home Depot confirmou que um caminhão de aluguel da empresa estava envolvido e disse que a empresa está cooperando com as autoridades.

Reação das autoridades

“É um dia muito doloroso em nossa cidade. Com base nas informações que temos até este momento, foi um ato terrorista, um ato covarde de terror. Sabemos que esse foi um ato para abalar nosso espírito, mas nós, nova-iorquinos, somos resilientes”, disse o prefeito Bill DeBlasio, democrata, lembrando que o ataque ocorreu a poucas centenas de metros do local do 11 de Setembro.

O presidente Trump respondeu ao ataque no Twitter, dizendo que "parece outro ataque de uma pessoa muito doente e perturbada". 

A secretária de imprensa Sarah Huckabee Sanders disse que Trump foi informado sobre o ataque pelo chefe de gabinete Kelly e será continuamente atualizado à medida que mais detalhes sejam conhecidos. 

"Nossos pensamentos e orações estão com todos os afetados", disse Sanders.

Testemunhas

“Tinha visto o caminhão. Não era alguém fugindo do trânsito. Sabia que era terrorismo. Vi os dois corpos. Morreram na hora. Nem se machucaram. Estavam no chão. Eram dois ciclistas, e a picape atropelou as pessoas ali mesmo, do lado da ciclovia que vai margeando a água”, disse Eugene Duffy, chef de um restaurante próximo a onde aconteceu o atropelamento.

“Ele deve ter entrado por onde fazem entregas na rua 25. Esse lugar num dia normal é cheio de gente, ciclistas, pessoas passeando com seus cachorros. Se fosse num fim de semana, seria bem pior”, afirmou ele.

Nesta terça ocorre o Halloween nos Estados Unidos, data tradicional na qual as crianças costumam ir para a rua pedir doces.

Tawid Kabir, um estudante que estava na ponte de pedestres em cima da rua Chambers na hora que a caminhonete invadiu a via, disse ter visto o atropelador. "Ouvi cinco ou seis tiros, daí deitei no chão, com medo. Era um homem branco de barba. Ele tinha dois revólveres.”

O estudante John Williams também testemunhou o incidente. “Havia muitas pessoas ali na hora. Não vi a batida, mas sabia que eram tiros. Foram entre cinco e dez tiros.”

Greg Ahl estava dirigindo para o sul na 12ª Avenida quando passou por "bicicletas esmagadas e corpos ao longo da ciclovia". Ele disse que o suspeito devia ter acabado passar por ali, já que "ninguém ainda tinha aproximado para ajudá-los". Ahl, de Bay Ridge, Brooklyn, estimava ter visto 30 bicicletas esmagadas. 

Ele disse que um pedestre na rua disse-lhe que uma caminhonete branca tinha acabado de dirigir para o sul através da ciclovia. 

"Depois que vi mais de uma dúzia de bicicletas esmagadas, percebi o que era", disse.

Ataques motorizados

Nos últimos meses, o uso de caminhões e vans para atropelar grupos ou multidões tornou-se uma tática recorrente de terroristas inspirados pela facção Estado Islâmico, mesmo por aqueles que não têm vínculos com ela. 

Esse é o primeiro ataque com veículos nos Estados Unidos a deixar vítimas fatais. Os EUA registraram dois casos antes, em 2006 e novembro de 2016, mas eles não deixaram vítimas fatais. 

O último grande atentado com veículo ocorreu em agosto, na Espanha, quando uma van avançou sobre uma multidão em uma área turística de Barcelona, deixando 13 pessoas mortas e 100 feridas.

Embora o Estado islâmico — reivindique regularmente a responsabilidade por ataques em todo o mundo — não tenha se responsabilizado imediatamente pelo ataque de Nova York, seus partidários celebraram em publicações on-line, de acordo com o SITE Intelligence Group, que monitora atividades extremistas.

  • Investigadores inspecionam a caminhonete usada para atropelar os ciclistas em Nova York
  • A caminhonete invadiu uma ciclovia

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