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Whipala, símbolo indígena: oposição considera uma bandeira de partido político | Creative Commons
Whipala, símbolo indígena: oposição considera uma bandeira de partido político| Foto: Creative Commons

La Paz - A multicolorida bandeira indígena, chamada wiphala, consagrada como símbolo nacional pela nova Constituição da Bolívia, é agora motivo de mais uma discórdia entre o governo do presidente Evo Morales e os oposicionistas.

O governo do departamento (Estado) de Oruro, ligado à administração de Morales, foi o primeiro a emitir uma resolução obrigando que fosse hasteada a wiphala em atos públicos junto à bandeira nacional tricolor, nas cores vermelha, amarela e verde. O símbolo indígena se assemelha a um tabuleiro de xadrez em sete cores: branco, laranja, amarelo, vermelho, azul, verde e violeta.

A resolução de Oruro afirma que em todos os atos cívicos e oficiais devem ser hasteadas as duas bandeiras, em cumprimento com a nova Constituição, em vigor há menos de um mês. A nova Carta reconhece a wiphala como símbolo do Estado plurinacional.

Os governos de Santa Cruz e Tarija, opositores de Morales, já anunciaram seu rechaço ao novo símbolo, pois o associam ao partido governista. Na semana passada, somente o edifício da vice-presidência, em La Paz, tinha em sua fachada a bandeira nacional e também a que simboliza os indígenas andinos.

No Palácio Presidencial, somente havia a tradicional, como no governo departamental de La Paz e no edifício do Congresso Nacional.

O governador de Tarija, ao sul de La Paz, o opositor Mario Cossío, disse que em seu departamento não se reconhecerá a bandeira original. "Há assuntos mais relevantes", argumentou. O prefeito de Tarija, Oscar Montes, disse que seria como obrigar a render homenagem à bandeira de um partido político. O governador de Cochabamba, Jorge Ledezma, participou de um ato no qual as duas bandeiras foram hasteadas. O delegado presidencial nessa região, Marco Carrillo, disse que "qualquer autoridade que desacate a decisão pode ir inclusive preso".

A nova Constituição dá mais direitos aos indígenas e reconhece sete símbolos do "Estado plurinacional": as duas bandeiras, o escudo de armas, a roseta, a kantuta (flor típica do altiplano) e o patujú, flor da região leste do país.

Coca

O novo texto reconhece como "patrimônio cultural" a folha de coca, da qual a Bolívia é o terceiro produtor mundial, e outorga igual importância ao castelhano e às 35 línguas dos povos originários indígenas. Obriga a se usar pelo menos duas línguas nos escritórios públicos. Historiadores asseguram que a wiphala não é originária das antigas culturas pré-hispânicas e que a insígnia surgiu no fim dos anos 1970, durante um congresso indigenista, no contexto da redemocratização da Bolívia. Morales já havia advertido que a implementação da nova Carta seria algo complicado.

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