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Presidente eleito dos EUA, Joe Biden; e Ditador Nicolás Maduro| Foto: AFP

A equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, está se preparando para negociar com o ditador Nicolás Maduro, informou a Bloomberg em reportagem publicada nesta sexta-feira (18). Três fontes com conhecimento do assunto revelaram a jornalistas da publicação que o objetivo é pressionar por eleições livres e justas na Venezuela em troca do alívio das sanções.

A equipe de transição de Biden não comentou. Mas se esta realmente for a política adotada pelo novo governo democrata, haverá uma grande mudança em relação ao que a administração de Donald Trump vinha fazendo em relação à Venezuela nos últimos quatro anos.

Ao contrário do republicano, Biden não planeja impor a saída de Maduro do poder como uma pré-condição e está disposto a abrir um canal de comunicação direto com o ditador. Trump reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente da Venezuela desde janeiro de 2019 e nunca conversou diretamente com o ditador, embora tenha aventado a possibilidade em algumas ocasiões.

De acordo com a Bloomberg, a equipe de relações exteriores de Biden vai revisar as sanções americanas que estão em vigor contra o regime e setores econômicos da Venezuela, a fim de analisar se é possível expandi-las com a colaboração de parceiros internacionais e quais poderiam ser afrouxadas se Maduro cooperar. A publicação americana informou que aliados internacionais de Maduro, como Rússia, Cuba, China e Irã, devem ajudar na negociação.

Em ocasiões anteriores, Maduro usou negociações para ganhar tempo e se fortalecer no poder. É por isso que a oposição venezuelana vê com desconfiança qualquer tentativa de conversa com o ditador. A última ocorreu em meados de 2019, quando um diálogo entre a equipe de Guaidó e a de Maduro foi intermediado pela Noruega. O ditador se recusou a aceitar as demandas da oposição e ganhou tempo para consolidar sua posição, enfraquecendo a liderança de Guaidó e buscando negociações com pequenos partidos da oposição mais favoráveis à liderança de Maduro – que no começo de 2020 assumiram a presidência da Assembleia Nacional venezuelana em uma sessão sem quórum e não reconhecida internacionalmente.

A situação da oposição venezuelana pode ficar ainda mais difícil se Biden seguir por esse caminho. Embora o governo Trump tenha rechaçado as eleições parlamentares de 6 de dezembro na Venezuela e mantido o apoio a Guaidó, não se sabe se a administração Biden continuará adotando este posicionamento. Em 4 de janeiro termina o mandado de Guaidó como deputado da Venezuela e, por isso, alguns analistas afirmam que o mandato de presidente interino que ele assumiu em janeiro em 2019 também perde a validade.

De acordo com a Bloomberg, a equipe de Guaidó está tentando estabelecer um contato telefônico com Biden desde o fim de novembro, mas até agora não teve sucesso. A assessoria do presidente interino da Venezuela não comentou a reportagem da Bloomberg.

É importante lembrar que em março deste ano Maduro foi indiciado por narcoterrorismo nos EUA, após uma investigação de procuradores americanos. O governo americano está oferecendo recompensas de até US$ 15 milhões por informações levem à captura ou condenação do ditador, que deve começar a ser investigado por crimes contra a humanidade, no âmbito do Tribunal Penal Internacional, a partir do ano que vem.

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