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Pesquisas de boca-de-urna realizadas na Venezuela por uma companhia petrolífera ligada ao governo confirmaram sondagens pré-eleitorais que indicavam a vitória do presidente Hugo Chávez no pleito presidencial deste domingo. De acordo com a Evans/McDonough, Chávez venceria com 58% dos votos, contra 40% de Manuel Rosales. Em um levantamento da mesma companhia divulgado em 29 de novembro, Chávez tinha 57 por cento das intenções de voto, contra 38 por cento de seu oponente. A pesquisa foi paga por uma filial da petrolífera estatal PDVSA.

"A tendência (boca-de-urna) confirma o cenário eleitoral que havia sido apresentado pela consultoria Evans/McDonough'', disse à Reuters Germán Campos, diretor da empresa de pesquisas Consultores 30.11, ligada à firma norte-americana.

Os candidatos Hugo Chávez e Manuel Rosales votaram em Caracas e Maracaibo, respectivamente, e mostraram-se satisfeitos com a participação do eleitorado e o clima de paz na eleição. Chávez, que busca sua reeleição por outros seis anos para aprofundar sua "revolução socialista" contra os Estados Unidos, votou às 11h45m (13h45m de Brasília). Vestido com uma camisa vermelha, marca do "chavismo", ele afirmou que este é "um grande dia para a democracia". Já o governador do estado petrolífero de Zulia, Manuel Rosales, votou às 10h (14h) e pediu aos seus eleitores que prestem atenção na hora de votar, para que não haja confusão na escolha do novo presidente.

Os venezuelanos começaram a votar neste domingo às 6h (8h em Brasília). O voto não é obrigatório no país. Os eleitores fizeram longas filas desde a madrugada nos centros de votação, após serem despertados por carros de som. As urnas fecham às 16h do horário local. Alguns centros de votação não puderam abrir no horário previsto devido à falta de mesários. Rosales mostrou-se desconfiado com esses atrasos e com o sistema de informatização das urnas. Perguntado sobre as suspeitas do adversário, Chávez afirmou que o sistema é "rápido e transparente". As autoridades também já haviam assegurado que a votação seria transparente, com observadores da União Européia e da Organização dos Estados Americanos (OEA) espalhados pelo país. Mas segundo um estudo realizado por um centro de estudos independente dos Estados Unidos, os registros oficiais de eleitores da Venezuela trazem aberrações como um eleitor que tem 175 anos e ainda trabalha.

Chávez aproveitou os abundantes recursos do petróleo para conquistar o apoio dos setores mais pobres da população com planos sociais considerados ineficientes pela oposição. O ex-pára-quedista de 52 anos, que já sobreviveu a crises políticas e até a uma tentativa de golpe, arrebanhou aliados na América Latina, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente argentino, Néstor Kirchner, mesmo eles não compartilhando a mesma fúria de Chávez com relação às políticas do americano George W. Bush. Chávez afirmou que, se vencer, estudará uma reforma constitucional que permita a reeleição ilimitada para cargos públicos.

Seguro da vitória, Chávez dedicou no sábado sua reeleição a Fidel Castro .

Rosales, por sua vez, conseguiu reunir a fragmentada oposição venezuelana com um discurso populista que se concentrou principalmente em ataques à insegurança, ao desemprego e à política de vender petróleo a preços diferenciados para aliados como Cuba.

Derrota para os EUA

Uma vitória de Chávez, que se propõe a libertar a América Latina do jugo norte-americano, tal como Simón Bolívar ajudou a tornar a região independente da Espanha no século XIX, seria uma má notícia para Washington.

Os contatos de Chávez com o Irã e a Síria também desagradam à Casa Branca, que no último ano já teve que engolir as vitórias eleitorais do esquerdista Evo Morales, na Bolívia, do sandinista Daniel Ortega, na Nicarágua, e do nacionalista Rafael Correa, no Equador.

Além disso, o presidente venezuelano considera o cubano Fidel Castro seu pai político, e a assistência econômica de Caracas a Havana permitiu à ilha sair da crise em que mergulhara após a queda da União Soviética.

Na sexta-feira, Chávez negou que transformará o país em outra Cuba, rebatendo as acusações de seus rivais. Ele ressaltou que seu objetivo não é levar a Venezuela para um regime ditatorial de partido único, defendendo seu próprio estilo de revolução socialista.

- O modelo cubano é cubano e o modelo venezuelano é venezuelano - disse o presidente, em entrevista na televisão. - O próprio Fidel Castro seria a primeira pessoa a lhe recomendar a não copiar o modelo cubano - acrescentou ele, afirmando que as acusações de comunista têm o objetivo de tentar demonizá-lo.

Uma pesquisa divulgada esta semana pela consultoria americana Evans/McDonough, encomendada por uma filial da estatal do petróleo PDVSA, deu a Chávez 57% das intenções de voto, contra 38% de Rosales.

Mesmo assim, Rosales afirma que suas próprias sondagens e o comparecimento maciço do eleitorado a seus atos políticos são a comprovação de que ele será o próximo presidente da Venezuela.

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