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Evo Morales discursa durante uma cerimônia para comemorar o 130.º aniversário da perda do acesso boliviano ao mar em uma guerra com o Chile | Javier Mamani / AFP Photo
Evo Morales discursa durante uma cerimônia para comemorar o 130.º aniversário da perda do acesso boliviano ao mar em uma guerra com o Chile| Foto: Javier Mamani / AFP Photo

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quinta-feira (26) que seu país "jamais" renunciará a recuperar uma saída ao mar, em resposta a declarações do presidente peruano, Alan García, que segundo Morales estaria sendo afetado pela "gordura".

O assunto pode se transformar em uma crise política entre os países vizinhos, pois o governo boliviano anunciou que enviará uma nota diplomática de protesto a Lima por causa de uma declaração "pouco respeitosa" de García.

O presidente peruano afirmou na quarta-feira que a Bolívia renunciou "há algum tempo" à sua reivindicação de acesso ao oceano Pacífico, e pediu a Morales que não participe do litígio entre Peru e Chile por limites marítimos.

"Ao presidente do Peru, Alan García, talvez a muita gordura lhe esteja afetando e não esteja bem informado de que a Bolívia nunca, jamais, irá renunciar ao retorno soberano ao mar", disse Morales em discurso em Cochabamba (região central do país).

O esquerdista Morales insistiu que a reivindicação marítima apresentada pelo direitista García contra o Chile é um obstáculo para os esforços históricos da Bolívia para recuperar sua saída ao Pacífico, perdida para o Chile em uma guerra no final do século 19.

La Paz e Santiago romperam relações por causa desse assunto em 1978, mas nos últimos três anos os governos de Morales e da socialista Michelle Bachelet promoveram uma aproximação que colocou a questão marítima pela primeira vez na pauta bilateral.

"Quando diz que renunciamos ao mar, o presidente Alan García se equivoca", disse Morales, segundo quem o pleito boliviano será sempre feito "pela via do diálogo e pacificamente".

O Chile deve consultar o Peru sobre uma eventual cessão de um acesso marítimo à Bolívia, no caso de que isso inclua o território que foi peruano até a chamada Guerra do Pacífico.

O Peru levou o caso à Corte Internacional de Justiça, em Haia, por considerar que os limites marítimos não estão definidos. O Chile alega que estão definidos desde meados do século 20, depois da assinatura de dois tratados que, para Lima, só regulamentam a atividade pesqueira na zona fronteiriça.

Morales questionou García por não ter feito a reivindicação em seu primeiro mandato (1985-90). "O legítimo direito do povo peruano está sendo utilizado por um presidente para recuperar sua imagem. Aqui não precisamos disso", afirmou o presidente boliviano. "Temos uma profunda diferença com Alan García: ele é neoliberal, o que aqui na Bolívia chamamos de vende-pátria."

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